Divaldo, 96 anos!
Certa vez, Chico Xavier teria afirmado que “começar é
fácil, perseverar é difícil e concluir a tarefa é para
poucos”. Essa reflexão faz-nos lembrar do próprio
Evangelho: “Aquele que perseverar até o fim, este, sim,
será salvo”.
Ao avaliar tais sentenças, é inevitável lembrar de uma
figura ímpar na história do Espiritismo: Divaldo Pereira
Franco.
Analisar a vida e a obra de Divaldo Pereira Franco não
se trata de tarefa trivial. De fato, os números dessa
trajetória são gigantescos. Divaldo representa um
missionário polivalente, cuja riqueza de habilidades
intelecto-morais e áreas de atuação chega a sensibilizar
os indivíduos mais talentosos de nossa sociedade.
Ademais, sua determinação, consistência e produtividade
no trabalho espírita são verdadeiramente inspiradoras
para quaisquer trabalhadores espíritas, abrangendo tanto
os neófitos como os companheiros mais experientes.
Também é difícil escolher uma área central em seu
trabalho, tamanha é a relevância qualitativa e
quantitativa de suas respectivas atuações no movimento
espírita propriamente considerado e na sociedade como um
todo.
Na última sexta – 5 de maio - Divaldo Franco completou
96 anos de idade e 76 anos de oratória espírita. São
números impressionantes até mesmo em comparação com
outros grandes vultos da história do Espiritismo.
No que se refere à mediunidade, suas manifestações
ostensivas superam 90 anos de ocorrências contundentes,
as quais são profundamente persuasivas, em função da
qualidade, originalidade e coerência de suas
informações. Vale frisar que Divaldo sempre atuou na
mediunidade e no movimento espírita gratuitamente, em
perfeita concordância com as diretrizes de Jesus e
Kardec.
A ação de Divaldo também contempla um esforço de
renovação, para não dizer de renascimento, do movimento
espírita internacional. Ademais, abrangendo
integralmente a tarefa espírita, Divaldo sempre
valorizou e deu oportunidades a novas lideranças de
nosso movimento, a destacar, entre outros, seu
fundamental apoio no início das atividades mediúnicas e
doutrinárias do excepcional missionário espírita, José
Raul Teixeira, o que é, inclusive, enfatizado pelo
próprio Raul.
Detentor de um conhecimento espiritualista e espiritista
superior e de um carisma acolhedor, Divaldo tornou-se a
voz espírita mais requisitada pelos veículos de massa da
nossa imprensa, apresentando os princípios espíritas com
rara beleza para céticos, leigos e simpatizantes.
Outrossim, Divaldo foi convidado, em diversas
oportunidades, a atuar como expositor espírita em
relevantes instituições, tais como a própria Organização
das Nações Unidas (ONU) e diversas renomadas
universidades.
Generoso, Divaldo jamais deixou de valorizar importantes
nomes do Espiritismo, do presente e do passado, muitos
deles, inclusive, até relativamente esquecidos.
Juntamente com devotados colaboradores, tais como Nilson
de Souza Pereira, construiu um centro espírita que
representa uma referência de qualidade espiritista. Tal
excelência não se restringiu ao trabalho exclusivamente
evangélico-doutrinário, mas gerou uma obra social de
valor inestimável. Nesse contexto, vale frisar que
Divaldo adotou cerca de 700 crianças e auxiliou um
número incontável de famílias socioeconomicamente
carentes.
Na área mediúnica, além da orientação segura à luz dos
postulados kardequianos, que dispensou a mãos cheias em
suas mais de 20 mil palestras pelo Brasil e pelo Mundo,
publicou quase 300 livros psicografados por vários
mentores espirituais de notável e diversificada
capacidade, tais como Joanna de Ângelis, Manoel
Philomeno de Miranda, Vianna de Carvalho, Victor Hugo,
Marco Prisco, Otília Gonçalves, Carlos Juliano T.
Pastorino, R. Tagore etc.
Possuidor de uma alegria de viver contagiante e
permanente, dividiu com o Brasil e com o Mundo seu ideal
superior e suas luzes espirituais, contribuindo,
significativamente, na formação de várias gerações de
trabalhadores espíritas, os quais permanecem nas lides
espiritistas em atividades para a divulgação da mensagem
da Terceira Revelação.
Representando, indiscutivelmente, um exemplo expressivo
de longevidade e fidelidade a Jesus e a Kardec, sempre
esteve aberto ao chamado “diálogo interreligioso”,
promovendo encontros com líderes de distintas
denominações, visando ao fortalecimento da tolerância
religiosa em nosso país bem como à troca fraterna de
informações entre os diferentes representantes do
Espiritualismo como um todo.
Apoiando e sendo apoiado por instituições líderes de
nosso movimento, forneceu valiosa contribuição em
eventos de variadas abrangências, esforçando para que a
unificação do movimento ocorra, tendo por base a união
dos confrades, conforme a segura orientação do Espírito
Doutor Bezerra de Menezes, que vem agindo intensamente a
seu lado, já há muitas décadas.
Aberto às novas tecnologias e estratégias de
comunicação, sempre esteve predisposto à participação em
trabalhos através de novas ferramentas de divulgação
doutrinária.
Inspirado e prudente, soube dosar, com elegância,
informações sobre temas polêmicos, não deixando de
esclarecer sobre assuntos complexos, a fim de que nosso
movimento não ficasse estagnado no tempo. Por outro
lado, sua abordagem sempre foi efetuada com muito tato e
respeito pelos confrades que apresentavam opiniões
divergentes.
Dono de números incontestes em sua obra espírita,
permanece atuando de forma alegre e responsável, jovial
e conteudista em sua ampla agenda de compromissos
doutrinários.
Nem sempre compreendido, soube lidar de forma mui
respeitosa com todas as discussões e debates inerentes
ao processo inovador da Fé Raciocinada, através da
busca, sempre crescente, pela “Aliança entre a Ciência e
a Religião”.
Ao cogitarem um filme sobre sua vida, após muita
resistência, concordou com a respectiva elaboração,
desde que ele, Divaldo, revisasse o roteiro, a fim de
que os relatos, sobretudo aqueles referentes às
vivências mediúnicas, apresentassem a maior precisão
possível, visando ao posterior aproveitamento didático
do filme por parte dos estudiosos espíritas e dos
simpatizantes do Espiritismo.
Ao tomar conhecimento de uma campanha para submeter seu
nome para concorrer ao Prêmio Nobel da Paz, agradeceu ao
carinho e ao reconhecimento dos amigos e confrades que
apresentaram a proposta, mas solicitou, de maneira muito
delicada, que a campanha fosse interrompida. Fez lembrar
o próprio Chico Xavier, que, ao saber do resultado do
Prêmio Nobel do ano em que foi candidato, concluiu que
ele, Chico, não havia ganhado o “Prêmio da Paz”, mas que
tinha permanecido com a “Paz do Prêmio”.
Ainda em plena atividade doutrinária, Divaldo continua
sendo uma referência e um professor para todos nós que,
nos diversos setores do movimento espírita, procuramos
aprender a começar a servir.
Certamente, a atuação de Chico Xavier e Divaldo Franco
foram decisivas para que as sociedades brasileira e
mundial aceitassem e respeitassem o movimento espírita,
favorecendo um desenvolvimento mais tranquilo do
trabalho espírita por parte das novas gerações.
Realmente, o preconceito contra o Espiritismo foi
substancialmente minimizado nas últimas décadas, em
grande parte, graças à atuação desses dois baluartes de
nosso ideal.
Divaldo, que já foi chamado de “O Semeador de Estrelas”
e “O Paulo de Tarso dos tempos modernos”, recebeu um
gentil e delicado elogio de Chico Xavier: “Divaldo tem
uma estrela na boca”. Ainda assim, o singelo “Tio Di”,
enunciado pelas crianças da “Mansão do Caminho”, não
poderia ser esquecido por ser utilizado por tantos
pequeninos reencarnantes que têm em Divaldo o apoio para
o início de suas tarefas na existência física.
Ao concluir nossas despretensiosas reflexões sobre o
nobre médium, orador e dirigente espírita, só podemos
afirmar: Por tudo o que recebemos de ti, Divaldo, o
nosso muito obrigado!
Que Jesus e Kardec continuem abençoando a sua caminhada
hoje, amanhã e sempre!