Um minuto
com Chico Xavier

por Regina Stella Spagnuolo

   

Chico Xavier mudou a vida de Aparecida Conceição Ferreira, uma enfermeira do Setor de Isolamento da Santa Casa de Misericórdia. Especializada no tratamento de doença contagiosa, ela deu os primeiros passos em direção ao desconhecido antes mesmo de conhecer o fenômeno de Pedro Leopoldo.

No dia 8 de outubro de 1958, Aparecida abandonou o emprego para acompanhar doze vítimas de pênfigo foliáceo, o fogo-selvagem. Com os corpos cobertos de bolhas, muitas delas transformadas em crostas, elas receberam alta do hospital sem qualquer perspectiva de cura. A direção considerou o tratamento longo e caro demais.

A enfermeira, inconformada, pediu demissão e saiu pelas ruas da cidade em busca de abrigo para as vítimas da doença inexplicável. Febris, algumas com os pés descalços, elas deixaram um rastro de sangue pelas calçadas e terminaram a via-crúcis sem ter onde ficar. As pessoas apenas olhavam para o grupo e aceleravam os passos, sem conseguir disfarçar o nojo.

Aparecida levou as doze pessoas para a própria casa. Na época, a doença era considerada contagiosa. Os vizinhos ficaram apavorados. A família também. Seu marido e os filhos deram o ultimato:

- Ou eles ou nós.

- Eles.

Os doentes ficaram na casa quatro dias, até que alguém, comovido, alugou um barracão a duas quadras de distância. A temporada no novo endereço durou o mesmo período. Quatro dias depois, a prefeitura cedeu um pavilhão no Asilo São Vicente de Paulo para os enfermos. Eles poderiam ficar ali durante dez dias até conseguirem novo abrigo. Os dez dias se prolongaram por dez anos e, desde a primeira noite, Aparecida passou a morar com as vítimas do fogo-selvagem.


Do livro As vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior.



 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita