Os primórdios da religião e as
revelações consequentes
A atividade religiosa nasceu por instituto mundial de
higiene da alma.
“Uma religião que não estivesse, por nenhum ponto, em
contradição com as Leis da Natureza, nada teria que
temer do progresso e seria invulnerável.” Allan
Kardec
Ensina-nos o Mestre Lionês que “(...)
a história
da origem de quase todos os povos antigos se confunde
com a da religião deles, donde o terem sido religiosos
os seus primeiros livros. E como todas as religiões se
ligam ao princípio das coisas, que é também o da
humanidade, elas deram, sobre a formação e o arranjo do
Universo, explicações em concordância com o estado dos
conhecimentos da época. (...) À medida que o homem se
foi adiantando no conhecimento dessas leis, também foi
penetrando os mistérios da Criação e retificando as
ideias que formara acerca da origem das coisas”.
Os nobres mentores espirituais Emmanuel e André Luiz
oferecem-nos fartos e ricos subsídios para
compreendermos a origem da religião e a sobriedade do
Mais Alto em dosar homeopaticamente as Revelações
propiciadoras do aprimoramento da humanidade,
mostrando-nos não só a bondade do Pai Celestial como
dando-nos a certeza de que a Terra não é um barco à
matroca como parece ser, mas, ao contrário, possui
Governo e as Potestades Celestiais dóceis ao Divino
Comando agem incessantemente em nosso benefício.
A Terra assemelha-se a uma casa em reforma... Portanto,
ao caos momentâneo se sucederá a paz, a organização e a
felicidade da criatura humana. É só uma questão de
tempo...
Narra André Luiz: “(...)
ainda na origem dos tempos, estabelecido o princípio da
justiça e aflorando a mentação incessante, o homem
começou a examinar em si mesmo o efeito das próprias
ações de modo a crescer conscientemente para a sua
destinação de filho de Deus, herdeiro e colaborador da
Sua obra divina. Espicaça-lhe, então, a curiosidade
construtiva.
Faminto de elucidações adequadas quanto ao próprio
caminho ergue as antenas mentais para as estrelas,
recolhendo os valores do espírito que lhe consubstanciam
o patrimônio de revelações do Céu, através dos tempos.
Era necessário satisfazer ao acrisolamento do seu
veículo sutil, na essência íntima, assegurar-lhe o
transformismo anímico, revesti-lo de luminosidade e
beleza e apurar-lhe os princípios para que, além do
círculo humano, pudesse retratar a glória dos planos
superiores. Para isso o pensamento reclamava orientação
educativa, de modo a despojar-se da espessa sedimentação
de animalidade que lhe presidia os impulsos.
Exigia-se-lhe a depuração da atmosfera vital,
imprescindível à assimilação da influência divina. E a
atividade religiosa nasceu por instituto mundial de
higiene da alma, traçando ao homem diretrizes à
nutrição psíquica, vez que, pela própria perspiração,
exterioriza os produtos elaborados na usina mental, em
forma de eflúvios eletromagnéticos, nos quais se lhe
corporificam, em movimento, os reflexos dominantes,
influenciando o ambiente e sendo por ele influenciado.
A ciência médica, rica de experimentação e de lógica,
surgiria para corresponder às necessidades do corpo
físico, mas a tarefa religiosa viria ao encontro das
civilizações, plena de inspiração e disciplina,
patrocinando a orientação do corpo espiritual, em seu
necessário refinamento”.
Complementando as palavras de André Luiz, esclarece
Emmanuel: “(...)
as primeiras organizações religiosas da Terra tiveram,
naturalmente, sua origem entre os povos primitivos do
Oriente, aos quais enviava Jesus, periodicamente, os
Seus mensageiros e missionários.
Dada a ausência da escrita naquelas épocas longínquas,
todas as tradições se transmitiam de geração a geração
através do mecanismo das palavras. Todavia, com a
cooperação dos degredados do sistema de Capela, os
rudimentos das artes gráficas receberam os primeiros
impulsos, começando a florescer uma nova era do
conhecimento espiritual, no campo das concepções
religiosas. Os vedas que contam mais de seis mil anos,
já nos falam da sabedoria dos Sastras, ou grandes
mestres das ciências hindus que os antecederam de mais
ou menos dois milênios, nas margens dos rios sagrados da
Índia. Vê-se, pois, que as ideias religiosas nasceram
com a própria humanidade, constituindo a alicerce de
todos os seus esforços e realizações no plano
terrestre”.
Retomemos, para finalizar, o pensamento de André Luiz3: “(...)
a espiritualidade sublime amparando o homem, jamais lhe
menosprezou a sede de consolo e esclarecimento. Quanto
mais angustiosos se lhe esboçavam os problemas da dor,
com a guerra íntima entre a razão e a animalidade,
grande massa de Espíritos ilustrados, mas decaídos de
outro sistema cósmico renasceu no tronco genealógico das
tribos terrestres, qual enxerto revitalizador, embora
isso representasse para eles amarga penitência
expiatória.
Constituiu-se desse modo a raça adâmica, instilando no
homem renovadas noções de Deus e da vida. Levantam-se,
então, as organizações religiosas primordiais", que
sofreriam mais tarde o obscurantismo da densa e negra
noite medieval para ressurgir em esplendente madrugada
de luz em meados do século XIX, ao ser plasmada na
Terra, pelas mãos de Allan Kardec, auxiliado pelos
Espíritos Superiores, a esperançosa expressão do "Consolador" prometido
por Jesus.
Nasce o Espiritismo, que é a revivescência do
Cristianismo Primitivo, sem enxertias dolosas,
desenhando o perfil da definitiva, verdadeira e
emancipadora Religião do Futuro para gáudio da
humanidade até então infeliz e desesperada.
-
KARDEC, Allan. A Gênese. 43.ed. Rio [de
Janeiro]: FEB, 2003, cap. IV, item 10