Evolução e
livre-arbítrio
Porque há dores necessárias no erguimento da vida, há
quem se acolha à faixa da negação.
Ainda agora, muitos cientistas e religiosos,
encastelados em absurdos afirmativos, parecem
interessados em se anteporem ao próprio Deus.
Gigantes do raciocínio constroem máquinas com que
investem o espaço cósmico, em arrojados desafios, para
dizerem que a vida é a matéria suposta onipotente,
enquanto que milhares de pregoeiros da fé levantam
cadeias teológicas, tentando apresar a mente humana ao
poste do fanatismo.
Na área de semelhantes conflitos, padece o homem o
impacto de crises morais incessantes.
Não te emaranhes, porém, no labirinto.
O mundo está criado, mas não terminado.
De ponta a ponta da Terra, vibra, candente, a forja da
evolução. Problemas solucionados abrem campo a novos
problemas. Horizontes abertos descerram horizontes mais
amplos. E, na arena da imensa luta, o Espírito é a
obra-prima do Universo, em árduo burilamento.
O Criador não vive fora da Criação.
A criatura humana, contudo, ainda infinitamente distante
da Luz Total, pode ser comparada ao aprendiz limitado
aos exercícios da escola.
Cada civilização é precioso curso de experiências e cada
individualidade, segundo a justiça, deve estruturar a
sua própria grandeza.
Examinando o livre-arbítrio que a Divina Lei nos
faculta, consideremos que nós mesmos, imperfeitos quais
somos, não furtamos, impunemente, uns dos outros, a
liberdade de conhecer e realizar.
Pais responsáveis, não trancafiamos os filhos em urnas
de afeto exclusivo, com a desculpa de amor.
Professores honestos, não tomamos o lugar do discípulo,
ofertando-lhe privilégios, a título de ternura.
Médicos idôneos, não exoneramos o enfermo dos arriscados
processos da cirurgia, a pretexto de compaixão.
Recebe, pois, o quadro das provações aflitivas em que te
encontras, como sendo o maior ensejo de crescimento e de
elevação que a Bondade Infinita, por agora, te pode dar.
Não te importe o materialismo a dementar-se no próprio
caos. Sabes que o homem não é planta sem raiz, nem barco
à matroca.
Os que negam a Causa das Causas, reajustam, para lá do
sepulcro, visão e entendimento, emotividade e conceito.
Enquanto observas, no caminho, perturbação e sofrimento,
à guisa de poeira e sucata em prodigiosa oficina,
tranquiliza-te e espera, porquanto, aprendendo e
servindo, sentirás em ti mesmo a presença do Pai.
Do livro Justiça Divina, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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