Em 1959, o número de doentes atendidos por Aparecida
Conceição Ferreira, a ex-enfermeira do Setor de
Isolamento da Santa Casa de Misericórdia de Uberaba, já
tinha quadruplicado.
Um deles estava louco, descontrolado. Aparecida decidiu então
pedir socorro a Chico Xavier. Foi até a Comunhão Espírita Cristã
com um amigo e o doente e, quando lhe apontaram o espírita,
levou um susto. Viu um senhor com a cabeleira branca cortada à la
garçon e reconheceu a figura estampada em livros de
literatura: era Castro Alves. Chico ainda colocava no papel um
poema assinado pelo morto ilustre, quando Aparecida voltou para
casa. O doente estava inquieto demais e não poderia esperar.
Na tarde seguinte, Aparecida teve outra surpresa. Recebeu de um
auxiliar de Chico Xavier dois conjuntos de roupas para cada
doente: lençóis, fronhas, pijamas, toalhas de rosto e de banho.
E ainda ganhou três vestidos e um par de sapatos. Ficou
perplexa. Nem havia conversado com o médium. Na época, cada
doente tinha apenas um conjunto de roupas e, após o banho,
precisava ficar nu, na cama, enquanto ela lavava e passava as
mudas. Sua situação também era precária. Aparecida andava
descalça, tinha um único avental. Um detalhe deixou a
ex-enfermeira ainda mais impressionada: os sapatos eram de
número quarenta, um exagero para mulheres e um absurdo em
relação a sua baixa estatura. Como Chico adivinhou?
Na mesma semana, o médium voltou à cena, desta vez ao vivo e em
cores. Aparecida tentava levantar dinheiro para pagar o óleo de
cozinha - tinha gasto doze cruzeiros - quando recebeu a visita
de Chico Xavier. Ele apareceu sozinho e lhe entregou um
envelope. Dentro dele estavam trezentos cruzeiros, quantia
suficiente para saldar a dívida e ainda reforçar a despensa. Ela
ficou perplexa, pois não acreditava em Espiritismo. Quanto ao
trabalho, isso aumentava a cada ano.
Do livro As vidas de Chico Xavier,
de Marcel Souto Maior.
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