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por Vladimir Alexei

 

“Um pouco mais de tempo para a família”


Instado o jovem de 14 anos a contribuir com uma pesquisa em sala de aula, sobre seus “sonhos” (o que quer ser quando crescer), parte de sua pequena resposta foi apagada com corretivo líquido, para que a resposta não fosse analisada.

O professor levantou a folha de papel com a resposta parcialmente apagada, pelo verso, contra o sol, e conseguiu ler o título dessa pensata: o sonho dele era um pouco mais de tempo para a família.

Uma jovem, de 15 anos, respondeu a mesma pergunta sobre seus sonhos e a resposta foi que seu sonho era “dormir”... “para sempre”... De semblante cansado, ombros arqueados para baixo, a jovem transitava entre os colegas sem chamar a atenção, apenas sob o olhar do professor.

Mais de cem alunos foram ouvidos em seus sonhos. Muitos buscam “riqueza”, porque na pobreza em que vivem, bombardeados por informações que passam a ideia de que você só será feliz se “tiver” aquele “bem ou serviço”, seja ele qual for, bem como as lutas vividas pelos pais para garantir o mínimo para a sobrevivência, parece deixá-los distantes da felicidade.

Segundo o filósofo Nietzsche, felicidade é uma sensação de aumento de poder, de algo ou alguma resistência que foi superada. Para a maioria dos jovens ouvidos, a felicidade se tornou uma quimera, já que os principais obstáculos, as maiores resistências, residem na aquisição de recursos financeiros.

Outros tantos jovens (meninos e meninas) responderam sobre sua fé, gostariam de continuar “em Deus”, “arder em Deus”, “construir uma família em Deus” e até teve jovem que gostaria de ter a “mediunidade desenvolvida”, para surpresa do professor.

Muitos jovens de uma turma, demonstraram interesse em ajudar os pais a realizarem seus sonhos e a oferecer-lhes uma vida melhor.

O que os adultos têm feito com os jovens?

André Luiz, na obra “A verdade responde”, deixa um capítulo sobre as “características do moço cristão”, que vale a pena ser lida. Com frases curtas, sua síntese inicia com o uso da bênção do poder como forma de garantir o direito e a paz, concluindo com a não desistência, por parte do jovem, de aplicar o Evangelho em tempo algum.

Por fim, Emmanuel nos ajuda a responder à pergunta, em “Carta a um jovem”, quando diz que “nosso maior enigma na carne é a desintegração de certas algemas pesadas que nos jungem a concepções individuais por nós cristalizadas, apaixonadamente, nos círculos do tempo.”

Poderíamos traduzir o pensamento de Emmanuel, bem como a mensagem de André Luiz, dizendo que o adulto tem feito do jovem seu “reflexo”, ainda que existam algemas pesadas que vinculem os jovens aos seus pais, sobretudo nas tendências a serem trabalhadas. Nesse ponto, é notório que as dificuldades do jovem refletem, substancialmente, as mazelas que não foram trabalhadas pelos pais, influenciados e influenciando a sociedade.

A ideia não é combater o capitalismo, deixar de trabalhar, viver de “brisa”, “sombra e água fresca”. Trabalho, conforme os Espíritos Superiores em O Livro dos Espíritos, é toda ocupação útil. A utilidade pode ser tanto para a vida presente, quanto para a vida futura. O que compete aos adultos é alimentar o sonho dos jovens e auxiliá-los na melhor maneira de realizá-los e um caminho passa a ser a dedicação de mais tempo dos pais à família do que às conquistas exteriores.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita