Às terças e quintas-feiras, Chico Xavier e Waldo Vieira
calavam a boca, fechavam as portas de casa e se
dedicavam a um novo livro assinado por André Luiz, o
primeiro da nova série de quarenta necessários para
atingir o centésimo título. Os capítulos ímpares eram
escritos por Waldo, os pares, por Chico. O texto tentava
traduzir, de forma científica, os "mecanismos da
mediunidade". A primeira frase dava o tom: "A Terra é um
magneto de gigantescas proporções, constituída de forças
atômicas condicionadas e cercado por essas mesmas forças
em combinações multiformes”.
Dona Olina, amiga de Chico, se benzeria se visse Chico espalhar
frases como essa no papel. O presidente da Federação Espírita
Brasileira, Wantuil de Freitas, ficou preocupado com aquele
palavrório todo. Era científico demais. Esperava um livro mais
acessível do autor de Nosso Lar. Eles tinham que se
aproximar da população e não se afastar dela. Chico também
estranhava aqueles parágrafos. Nunca conseguiria entender
direito Evolução em Dois Mundos e Mecanismos da
Mediunidade.
Vinte anos depois, algumas das ideias mirabolantes assinadas por
André Luiz em Uberaba seriam confirmadas por físicos
estrangeiros. Uma delas, "a matéria é luz coagulada", seria
respaldada por dois cientistas americanos, Jack Sarfatti e David
Bohm, em um livro intitulado Space Time and Beyond. Eles
garantiriam: "A matéria é luz capturada gravitacionalmente".
Do livro As vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior.
|