Infância
com avós, uma riqueza
A saudade é o que faz as coisas pararem no tempo. Mario
Quintana
Meninazinha, amava a casa dos meus avós.
Eugênia e João viviam numa fazendinha no interior do
Paraná. Além da criação de porcos, ovelhas e galinhas,
plantação de milho, batata, um belo pomar, um antigo
roseiral e ainda um jardim, um cálido riozinho, onde eu
e meu irmãos brincávamos sem medo nos dias de sol
bonito…
Depois do almoço, o momento imperdível das histórias…
tudo tão interessante, o coração alegre e curioso…
Realmente, minha avó contava histórias com sabor, com
calma, com detalhes, usando da delicadeza…
A relação entre avós e netos tem um chamamento para a
memória muito forte…
Mesmo quando deixam de existir, esses momentos
compartilhados na infância costumam acompanhar quem teve
a sorte dessa relação afetuosa com os avós. Além das
primeiras lições de botânica, minha profunda devoção a
Nossa Senhora devo a minha avó, uma “mariana” assumida.
Com ela aprendi tanto a Ave-Maria como a Salve Rainha,
orações que seguem comigo de modo cotidiano e certamente
até o fim dos meus dias.
A infância com os meus avós é uma das minhas
memórias mais ricas. Quando penso na menina que fui, me
vem à mente rapidamente aquela aconchegante fazendinha e
seus dias e simplesmente me sinto bem.
Óbvio. Todas essas memórias de amor e carinho são de um
tempo que nunca mais voltará; mas, também, é um tempo
que me ensinou lindamente sobre gratidão, saudade, gente
que vai, gente que por enquanto fica e para dar conta
dos deveres da vida.
Semana passada uma amiga perdeu a avó com 92 anos.
Chorou bastante, mas se sentia tranquila – tanto por
saber que a alegre senhora tinha vivido bem como por
aceitar que a vida é passagem, pois o corpo, distinto do
espírito, é finito e tem prazo de validade… Estava de
fato consolada, pois dona Helena tinha sido uma pessoa
que muito havia feito e amado.
Felizes as crianças que têm a oportunidade da
convivência com seus avós e, sem dúvida, desfrutar um
aprendizado rico e mútuo…