Efeito do perdão
Dentre os ângulos do perdão, um existe dos mais
importantes, que nos cabe salientar: os resultados dele
sobre nós mesmos, quando temos a felicidade de
desculpar.
Muito frequentemente interpretamos o perdão como sendo
simples ato de virtude e generosidade, em auxílio do
ofensor, que passaria a contar com a absoluta
magnanimidade da vítima; acontece, porém, que a vítima
nem sempre conhece até que ponto se beneficiará o
agressor da liberalidade que lhe flui do comportamento,
porquanto não nos é dado penetrar no íntimo mais
profundo uns dos outros e, por outro lado, determina a
bondade se releguem ao esquecimento os detritos de todo
mal.
Urge perceber, no entanto, que, quando conseguimos
desculpar o erro ou a provocação de alguém contra nós,
exoneramos o mal de qualquer compromisso para conosco,
ao mesmo tempo que nos desvencilhamos de todos os laços
suscetíveis de apresar-nos a ele.
Pondera semelhante realidade e não te admitas carregando
os explosivos do ódio ou os venenos da mágoa que
destroem a existência ou corroem as forças orgânicas,
arremessando a criatura para a vala da enfermidade ou da
morte sem razão de ser.
Efetivamente, conhecerás muitas vezes a intromissão do
mal em teu caminho, mormente se te consagras com
diligência e decisão à seara do bem, mas não te permitas
a leviandade de acolhê-lo e transportá-lo contigo, à
maneira de lâmina enterrada por ti mesmo no próprio
coração.
Ante ofensas quaisquer, defende-te, pacifica-te e
restaura-te perdoando sempre. Nas trilhas da vida,
somos nós próprios quem acolhe em primeiro lugar e mais
intensivamente os resultados da intolerância, quando nos
entrincheiramos na dureza de alma.
Sem dúvida, é impossível saber, quando venhamos a
articular o perdão em favor dos outros, se ele foi
corretamente aceito ou se produziu as vantagens que
desejávamos; entretanto, sempre que olvidemos o mal que
se nos faça, podemos reconhecer, de pronto, os benéficos
efeitos do perdão conosco, em forma de equilíbrio e de
paz agindo em nós.
Do livro Alma e coração, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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