Legião
O cronista diletante, antes de escrever qualquer
assunto que se distancia de suas digressões, é,
antes de tudo, um leitor. E não é para menos.
Nos momentos em que percorre temas tão
diferentes do seu cotidiano sente a necessidade
não só de ler, mas também pesquisar e estudar.
Ao colocar o título desta crônica percebeu, logo
de início, que não bastaria falar, como por
exemplo, da “legião francesa”. A legião de que
se fala agora é das legiões existentes desde os
tempos imemoriais. Para entender, é de
transcendental importância um exame profundo da
Doutrina Espírita.
Vejamos: O evangelista Marcos, no cap. 5:9, que
trata das Legiões, permitiu que o Espírito de
Amélia Rodrigues fizesse esclarecedora análise
do tema ora em comento. Aliás, entende este
subscritor que a vida em sociedade, nos tempos
de agora, exibe paradoxos estranhos, pois, se
por um lado há um desfrute de comodidades, por
outro há escassez de produtos básicos e de
sobrevivência que assolam a humanidade como um
todo. Observa-se que as nações conscientes da
calamidade que contamina a todos, procurando
recursos nas ciências para contornar os
problemas que são sérios, nos bastidores,
permitem a leniência com os fatos absurdos de
corrupção e da desordem generalizada, promovendo
a degradação dos bons costumes, da moral e da
ética visando à extinção da família.
Governantes de todas as hierarquias não querem
assumir serem eles próprios os autores dessas
pragas que são divulgadas sob o pomposo título
de pandemia, epidemia ou de calamidade pública
que se espalham por todas as direções do
planeta.
“Quando Jesus perguntou ao representante do mal
qual era o seu nome ele respondeu: LEGIÃO é meu
nome, porque somos muitos”, ou seja,
representava ali a maioria esmagadora e
personificava também a massa ampliada das
intenções inferiores e criminosas.” (Evangelho
segundo Marcos, 5:9; Francisco Cândido Xavier,
pelo Espírito Emmanuel, Ed. FEB/2013 pg. 65.)
Por certo não haverá necessidade de se recorrer
aos primórdios da História do mundo para a
confirmação de que homens que ostentaram o poder
e a governança incentivando as lutas fratricidas
nada ensinaram de bom para as gerações futuras,
exceto estratégias e artimanhas de destruição. A
sementeira das artes, da cultura, das ciências e
da ética, em milhares de anos de Civilização,
quer nos parecer hoje resultar numa colheita de
fracassos para os governados de agora. Basta um
olhar retrospectivo nos últimos 523 anos de
Brasil sendo que a manutenção de política
escravista perdurou por mais de 388 anos e não
foi só, as guerras defensivas contra as invasões
e outras externas (Guerra do Paraguai –
1864-1870); 2ª Guerra Mundial com a Força
Expedicionária Brasileira (1942-1945) para a
defesa das liberdades democráticas e são
constantes até os nossos dias.
Reis e governantes com suas ações em verdadeiro
despotismo e outras infrações aos direitos
fundamentais da pessoa humana estão presentes
com o mesmo objetivo das LEGIÕES de que fala o
evangelista.
A manutenção do poder pelos governantes de agora
está alicerçada no medo. Medo que os faz se
impor às multidões, exatamente em face da
previsão de uma reação destas diante das
injustiças e do descaso das necessidades de quem
trabalha para sustentá-los nas opulências e nos
excessos. Usam do artifício da mentira apoiados
na falsa ciência, cientes da ignorância e atraso
das classes dominadas pela pobreza.
São os recursos usados pela LEGIÃO de egoístas e
malfeitores, inspirados por outra LEGIÃO, aquela
dos espíritos que habitam as profundezas das
trevas no mundo invisível. Intrigas e conchavos
entre Partidos e Políticos inundam o mundo
conturbado em que vivemos. Veículos de
comunicação que deveriam estar voltados para a
grandeza do futuro da chamada “aldeia global”
dos homens somente divulgam as sombras que
dominam a atualidade, inundando o lar de Medo e
Insegurança.
Estamos assistindo pacificamente serem quebrados
ou simplesmente violados programas de
colaboração entre as Nações com reflexos na
administração interna. Os mais pessimistas
alertam para aquela luta fratricida dos
primeiros tempos da humanidade. Partidários do
otimismo, não tendo o que sugerir, ficam calados
vencidos pelo medo.
Os Legionários de agora, a título de propagação
do bem, em especial da saúde pública, assumindo
os plenos poderes dos mais famosos déspotas de
todos os tempos, impõem suas regras ao povo,
cassando a bel talante a liberdade desse mesmo
povo, amenizando-a em doses homeopáticas.
Amparando, como sempre o fizeram, as classes
sociais mais altas, deixando aos demais um
salve-se quem puder, e assim mesmo submetendo-os
às duras sanções administrativas e/ou penais.
Na leitura do livro Quando a Primavera Voltar,
do Espírito Amélia Rodrigues, psicografado por
Divaldo P. Franco, Ed. Alvorada, 1977,
Salvador-BA, “sentimos o renascer da Esperança
em dias festivos, primaveris porque o Criador do
Universo a tudo vê, tudo permite, mas um dia Ele
dirá: ‘Agora BASTA’”.
Com esse pensamento de esperança na intervenção
do Senhor que a tudo vê e provê, aguardamos que
as poderosas LEGIÕES do Amor e da Justiça Divina
venham socorrer as legiões de criaturas cansadas
de nosso Planeta Azul que já estão saindo da
infância espiritual, para receberem o título de
maioridade moral a que todos somos fadados.