Enfermos da alma
“… Não são os que gozam saúde que precisam de médico.” —
Jesus (Mateus, 9:12.)
Aqui e ali encontramos inúmeros doentes que se
candidatam ao auxílio da ciência médica, mas em toda
parte, igualmente, existem aqueles outros, portadores de
moléstias da alma, para os quais há que se fazer o
socorro do espírito.
E nem sempre semelhantes necessitados são os viciados e
os malfeitores, que se definem de imediato por enfermos
de ordem moral, quando aparecem.
Vemos outros muitos para os quais é preciso descobrir o
remédio justo e, às vezes, difícil, de vez que se
intoxicaram no próprio excesso das atitudes respeitáveis
em que desfiguraram os sentimentos, tais como sejam:
os extremistas da corrigenda, tão apaixonados pelos
processos punitivos que se perturbam na dureza de
coração pela ausência de misericórdia;
os extremistas da gentileza, tão interessados em agradar
que descambam, um dia, para as deficiências da
invigilância;
os extremistas da superioridade, tão agarrados à ideia
de altura pessoal que adquirem a cegueira do orgulho;
os extremistas da independência, tão ciosos da própria
emancipação que fogem ao dever, caindo nos
desequilíbrios da licenciosidade;
os extremistas da poupança, tão receosos de perder
alguns centavos que acabam transformando o dinheiro,
instrumento do bem e do progresso, na paralisia da
avareza em que se lhes arrasa a alegria de viver.
Há doentes do corpo e doentes da alma. É forçoso não
esquecer isso, porque todos eles são credores de
entendimento e bondade, amparo e restauração.
Diante de quem quer que seja, em posição menos digna
perante as leis de harmonia que governam a Vida e o
Universo, recordemos as palavras do Cristo: “não são os
que gozam saúde que precisam de médico.”
Do livro Bênção de paz, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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