Internacional
por Ana Moraes

Ano 17 - N° 832 - 16 de Julho de 2023

 

Santa Clara, fundadora da Ordem das Clarissas, nasceu num dia como hoje


Corria então o ano de 1194 quando em 16 de julho, na cidade de Assis, na região da Úmbria, Itália, nasceu Clara de Assis, que anos depois se tornaria discípula de um jovem de nome Francisco, que revolucionou a história da Igreja ao pregar o desapego às coisas materiais e o amor à mais absoluta pobreza.

Clara de Assis pertencia a uma família nobre e era dotada de grande beleza. Destacou-se desde cedo pela prática da caridade e o respeito para com os pequenos, tanto que, ao deparar-se com a pobreza evangélica pregada e vivida por Francisco de Assis, foi tomada por um irresistível desejo de segui-lo, o que de fato fez, sendo de sua iniciativa, pouco tempo depois, a fundação do ramo feminino da Ordem Franciscana,  conhecido por Damas Pobres ou Clarissas.

Atingindo a maioridade, aos 18 anos, mesmo sabendo que não seria compreendida por seus pais, confiou a Francisco que desejava realizar sua vocação e ele a guiou para cumprir os desígnios de Deus.

Francisco pediu-lhe então que no Domingo de Ramos, com vestes de festa, fosse receber a palma benta na Igreja de São Rufino. Após a celebração eucarística pelo bispo Guido, enquanto suas irmãs e a mãe encontravam-se próximas do altar, Clara permaneceu em seu lugar num choro profundo, cuja causa o bispo logo compreendeu, pois tinha sido informado por Francisco a respeito de seus propósitos. O bispo saiu então do altar e foi ao encontro de Clara, entregando-lhe a palma benta.


Saída de casa e consagração

Na noite seguinte Clara saiu de casa por uma porta secreta, que raramente era aberta e que recebia o nome de “porta do defunto”, porque por aquela porta passavam os mortos rumo ao cemitério, além de ser tal porta usada em caso de perigo, pelo que estava sempre resguardada com grandes pedras.

Para abrir a porta, Clara foi certamente ajudada por uma força sobrenatural. Ela pôde assim sair e, ato contínuo, dirigir-se a uma pequena capela dedicada a Nossa Senhora dos Anjos, distante cerca de 3 quilômetros, onde Francisco de Assis e seus irmãos a esperavam para consagrá-la a Deus.

Francisco cortou seus cabelos, deu-lhe um hábito igual ao dos irmãos e seu projeto foi, como ele, viver na pobreza.

Seu pai logo descobriu seu refúgio e junto de parentes foi procurá-la tentando mudar sua ideia, mas Clara já se havia decidido a seguir a vida religiosa.

Quando quiseram tirá-la à força do local, Clara correu ao pequeno altar e, retirando o véu negro de sobre a cabeça, mostrou a todos a cabeça raspada, que significava seu definitivo adeus ao mundo profano.

Em face da insistência de seus familiares, Francisco levou-a para o Mosteiro das Beneditinas de São Paulo, que não ficava distante e já estava preparado para recebê-la.

Mais tarde, ela e sua irmã Inês, que também saíra de casa para consagrar-se à vida religiosa, mudaram-se para a capela de São Damião, onde com a chegada de outras jovens o local foi transformado em um mosteiro. Clara recebeu ali o título de Abadessa de São Damião e fundou a Ordem das Clarissas.


Milagres e curas

Os milagres atribuídos a Santa Clara foram muitos. O primeiro ocorreu quando ainda estava encarnada. Conta-se que uma das irmãs de sua congregação havia saído para pedir esmolas para os pobres que iam ao mosteiro. Como não conseguiu quase nada, voltou desanimada e foi consolada por Clara, que lhe disse: "Confie em Deus!". Quando se afastou, a freira foi pegar no embrulho que trouxera e não conseguiu levantá-lo, pois estava pesado e dentro dele tudo havia-se multiplicado.

Enfrentando dificuldades de diversas naturezas, Clara resolveu todos os problemas com fé e bravura. Foi assim que resistiu à tentativa de invasão do mosteiro pelos soldados de Frederico II que estavam em guerra com o Papa.

Eles queriam matar as monjas e destruir o mosteiro, mas Clara orou com fervor pedindo ao Senhor que livrasse suas filhas: “Se fosse necessário ela se colocaria à frente deles impedindo a invasão”. Milagrosamente os soldados fugiram apavorados sem causar-lhes nenhum dano.

As curas de Clara também foram numerosas. O crucifixo amado parece que retribuía o amor de Clara, pois ela, que se inflamava de tanto amor pelo mistério da cruz, quando benzia os doentes com o sinal da cruz, expulsava suas enfermidades.

Frei Tomas de Celano relata várias curas de Clara e, dentre elas, o caso de uma mulher da diocese de Pisa que foi ao monastério para agradecer a Deus e a Santa Clara por ter sido liberada, por mérito desta, de cinco demônios. Enquanto estavam sendo expulsos, os demônios confessavam que as orações de Santa Clara os queimavam e desalojavam-nos do seu processo.

Em outra ocasião, quando os sarracenos invadiram Assis, Clara apanhou o ostensório com a hóstia consagrada e enfrentou o chefe deles, dizendo que Jesus Cristo era mais forte que todos. Os agressores, tomados de repente por inexplicável pânico, fugiram.

Um ano antes de sua morte ocorrida em 1253, encontrando-se acamada, Clara assistiu a uma celebração da Eucaristia sem precisar sair do seu leito, fato que fez com que fosse, séculos depois, aclamada como protetora da televisão.


Morte e canonização

No verão de 1253 a doença de Clara agravou-se e ela recebeu então a visita do Papa Inocêncio lV e pede para beijar suas mãos e também os seus pés.

Clara lembrava-se sempre nesse e em outros momentos, com doçura e gratidão, de seu pai espiritual, Francisco de Assis, que já havia partido para a vida espiritual.

À sua volta permaneciam as monjas e os companheiros de Francisco: Frei Leão e Frei Ângelo, que consolavam as freiras. E ali também estava Inês, sua irmã de sangue, que desde o início da Ordem havia-se unido a Clara na vida religiosa, mas que, após sua conversão, a pedido de Francisco, fora transferida para o Convento de Monticelli em Firenze, ficando sem ver Clara por 30 anos.

Ao vê-la aflita, Clara lhe disse: “Minha irmã, agrada ao Senhor que eu me vá, mas para de chorar, pois me seguirás logo e Ele te concederá uma grande consolação antes que eu me afaste de ti”. O fato realmente aconteceu: Inês morreu alguns dias após a morte de Clara.

Passados 41 anos de vida monástica, depois de ter sofrido com a enfermidade por 21 anos, Clara deixou a Terra aos 59 anos de idade no dia 11 de agosto de 1253, sendo canonizada em 1255 pelo Papa Inocêncio lV.


Clara de Assis e Joanna de Ângelis

Em artigo publicado na revista Presença Espírita, edições 238 e 239, do ano de 2003, Adilton Pugliese escreveu:

“Quando em 1970 Divaldo Franco visitou o Monastério de Santa Clara, em Assis, na Itália, o Espírito Joanna de Ângelis, diante do corpo em conservação de Clara de Assis, desvela um outro ângulo de suas existências. Esse momento, em nosso entendimento, revela sua reencarnação como Clara de Assis, no século XII, na cidade de Assis, na Itália.”

A informação de que Clara de Assis e Joanna de Ângelis são uma única individualidade, notícia que há tempos circulava no meio espírita, foi confirmada por meio de uma nota postada em 16 de julho de 2022 pela Mansão do Caminho, instituição fundada por Divaldo Franco, em seu perfil no Facebook. A postagem diz o seguinte:


“Você sabia?

Em 16 de julho de 1194, em Assis, na Itália, a mentora Joanna de Ângelis reencarnou na Terra como Clara de Assis. Terna e corajosa, fundou em 1212, ainda bem jovem, o ramo feminino da Ordem Franciscana, que ficou conhecido como Ordem das Damas Pobres, posteriormente chamado de Ordem de Santa Clara ou Ordem das Clarissas.

Contemporânea e grande companheira de lides de Francisco de Assis, Clara deixou seu nome marcado na história da Humanidade, influenciando na reforma dos valores da Igreja e vivendo como exemplo de amor e abnegação.“


Em vista disso, ao rememorar fatos da vida de Clara de Assis, nosso objetivo é mostrar que Joanna de Ângelis – que no tempo de Jesus esteve na Terra com o nome de Joana de Cusa – não chegou sem esforço e sem dedicação à condição espiritual que ostenta, seja no aspecto intelectual, seja no aspecto moral, como grande educadora que é e nós, espíritas brasileiros, bem sabemos. 


 
  


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita