Alcoólatras
Alcoólatra vampiro alça a boca debalde,
Ébrio desencarnado, a hedionda sede aguça.
Híspidos lábios lambe e escancara a dentuça,
Tateia o vidro, em vão, do frasco verde e jalde.
Rápido, caça alguém no remoto arrabalde,
Alcoólatra encarnado encontra e lhe refuça
A goela que se inflama, enrubesce e empapuça,
Como a sacar de si mais sede que a rescalde.
Agarra-se o vampiro ao bêbado por entre
As vértebras do peito e as vísceras do ventre,
Toma-lhe o braço e o corpo… Estala a língua bronca!
A dupla bebe, bebe… E, às tontas, na calçada
Cai de borco no chão, estira-se largada,
Delira, geme, dorme, espolinha-se e ronca…
Do livro Poetas redivivos, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.