Joias da poesia
contemporânea

Autor: Honório Armond

 

Alcoólatras


Alcoólatra vampiro alça a boca debalde,

Ébrio desencarnado, a hedionda sede aguça.

Híspidos lábios lambe e escancara a dentuça,

Tateia o vidro, em vão, do frasco verde e jalde.

 

Rápido, caça alguém no remoto arrabalde,

Alcoólatra encarnado encontra e lhe refuça

A goela que se inflama, enrubesce e empapuça,

Como a sacar de si mais sede que a rescalde.

 

Agarra-se o vampiro ao bêbado por entre

As vértebras do peito e as vísceras do ventre,

Toma-lhe o braço e o corpo… Estala a língua bronca!

 

A dupla bebe, bebe… E, às tontas, na calçada

Cai de borco no chão, estira-se largada,

Delira, geme, dorme, espolinha-se e ronca…

 

Do livro Poetas redivivos, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita