Ansiedade
Nós
não precisamos ser da área da saúde para percebermos que
algo está acontecendo com muitas pessoas, as quais estão
recorrendo aos consultórios médicos, principalmente aos
terapeutas, queixando-se de síndromes diversas, como
depressão, ansiedade, transtorno do pânico, fobias,
dentre outras.
Qual seria a razão para esse crescente número de
transtornos?
Por
incrível que possa parecer, uma das razões encontra-se
no desenfreado desenvolvimento da tecnologia, que, ao
lado de proporcionar confortos antes inimagináveis,
paradoxalmente, vem gerando fatores desencadeantes do
estado de ansiedade, atrelado ao excessivo materialismo,
que atinge o seu ápice.
Devo destacar inicialmente que não sou avessa às
modernidades, tampouco à tecnologia, mas, sim, à forma
como essa tecnologia está sendo utilizada em alguns
aspectos.
Sempre, de algum modo, procuro lançar informações para
que possamos buscar refletir sobre determinados
assuntos, movida apenas pelo desejo de que outras
pessoas possam inteirar-se de coisas relevantes. Em
assim sendo, ao ler uma obra intitulada “A Cura
Espiritual da Ansiedade”, de Alírio de Cerqueira Filho,
um desejo me impulsionou a escrever e deixar minha
contribuição para o despertamento de alguns que já
convivem com essas patologias.
Dentre os fatores que podem desencadear a ansiedade
destaco o hedonismo (busca desenfreada pelo prazer), o
niilismo (crença no nada), o relativismo (todos os
juízos são flutuantes e permissivos, as questões morais
se tornaram relativas), o consumismo (a palavra de ordem
é ter: objetos, coisas supérfluas, informações, relações
interpessoais etc.), o erotismo (consumismo do sexo de
todas as formas possíveis e imagináveis), a coisificação
(o ser humano é transformado em um objeto de consumo e
vale pelo que consome), o superficialismo (ansiedade por
viver como todo mundo, porque senão será superado), o
sentimento de urgência (com o avanço da tecnologia,
carregamos nas mãos, o tempo todo, smartphones,
tablets, Ipods etc.), fazendo com que muitos vivam
num estado de alerta, como se as mensagens não pudessem
esperar um minuto, gerando desatenções perigosíssimas,
principalmente no trânsito, inversão de valores (o que é
principal é colocado como secundário e vice-versa) e,
por fim, o vazio existencial (resultado de se colocar o
espiritual como secundário ou desnecessário), dentre
outros.
E
por que foi apontada a tecnologia como fator
desencadeante da ansiedade? Não há acima questões de
foro filosófico, de visão de vida, independente de
quanto estamos modernos? É que, imagino, a tecnologia
traz uma quantidade de informações, de vivências dos
outros, que passam a ser objeto de consumo por todos.
Quase todo mundo posta suas viagens, suas comidas, suas
festas, seus sucessos, incitando a uma competitividade
desenfreada. “Se eu não tiver ou fizer o que outro tem
ou está fazendo, eu sou inferior”, pensam muitos,
esquecendo-se de que o mais relevante para todos é
sermos melhores, e não termos.
Em
assim sendo, há uma necessidade urgente de se mudar esse
estado de coisas.
E
como fazê-lo?
Mais uma vez, será conhecer essas questões com mais
aprofundamento. Estamos condicionados a fugir de nós
mesmos, em um processo de autoengano. Vivemos voltados
para as coisas externas, em movimentos de
superficialidade, que nos atrapalham a marcha evolutiva.
Fundamental será buscar a realidade interior para
superar a tendência à acomodação e à fuga ao
autoconhecimento. Nossas escolhas não podem operar-se
inconscientemente, automaticamente, sem vigilância.
Tecnologia sim, sempre, como facilitadora do nosso
cotidiano, porém sem descuidar das questões morais,
espirituais que nos levam a um estado de paz interior,
de aquietamento de nossa alma, muitas vezes fatigada
pelo movimento atordoante, mas que pode ser embalada
pela musicalidade do movimento universal.
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