Mediunidade, convivência,
personalidade e... evolução
Mediunidade é compromisso com a consciência
sedenta de recomposição do passado
“Conhecereis a verdade e a verdade vos
libertará.” Jesus.
(Jo., 8:32)
Muitas criaturas que chegam ou que já estão no
Espiritismo há muito tempo, e que ainda não
lograram a identificação dos próprios talentos,
e consequentemente não conseguiram colocá-los
para multiplicar, deixam-se envolver nas
inconvenientes malhas da inveja e do desânimo.
Para essas pessoas, Joanna de Ângelis,
esclarece o seguinte pela mediunidade de Divaldo
Franco: “(...) Desejarias ser como eles...
Renteiam contigo, produzindo em alta escala com
a leviandade de quem ignora o tesouro de que
dispõem. Uns falam, e o calor das ovações
que recebem desata-os em sorrisos largos e
festivos que te encantam; outros escrevem, e
as moedas da admiração que lhes chegam às mãos
se convertem em adornos faiscantes que te
fascinam; alguns recuperam a saúde no
próximo enfermo com aplicação de passes, e o
respeito de que se sentem distinguidos te
emociona; muitos escutam orientação
segura, e são classificados como seres
especiais, apresentando-se como se o fossem,
despertando-te inveja; diversos veem homens
que vivem além da esfera física, e são
homenageados pelo carinho de todos, enquanto
fremes de angústia.
E gostarias, sim, de ser médium, porém, igual a
eles! Consignas, algo decepcionado, que as tuas
possibilidades mediúnicas são escassas, dúbias
mesmo, deixando-te algo confuso, em muitas
circunstâncias. As Entidades que te utilizam os
recursos, consideras, são tão doentes e
perturbadas quanto tu mesmo. Nada dizem nem
realizam de original, que se constitua novidade:
nem palavras candentes; nem páginas brilhantes;
nem recuperações orgânicas estupefacientes; nem
informações retumbantes; nem visões celestes...
Somente se referem à necessidade de renovação e
trabalho. Como renovar-se, porém, e trabalhar,
remoqueias intimamente, se foste tão pouco
aquinhoado?! Sentes a necessidade de difundir a
luz que se irradia da mensagem espírita,
entanto... Não te perturbes, não desanimes. O
Espiritismo se apresenta e se afirma pela
conduta dos que o expõem sem se impor a ninguém.
Os transeuntes da carruagem dourada da
mediunidade deslumbrante são como tu mesmo,
enfermos graves em desfile da ilusão. Demandam o
túmulo, que os aguarda inexoravelmente,
enganados, enganadores... São doentes do
espírito em adiantado grau de desequilíbrio. É
verdade que portam o tesouro medianímico em alta
expressão fenomênica para que não digam ignorar,
mais tarde, as informações do Mundo Imortal para
onde seguem. Enquanto se divertem, aumentam
compromissos, agravam responsabilidades... Todos
os louvores que receberem ficarão com a massa
carnal, silenciosos e inexpressivos no sepulcro.
Muitos, no entanto antes mesmo do retorno à vida
espírita, constatam, no abandono de que se veem
objeto pelos seus admiradores, também
transeuntes da vida, o travo de fel e o azedume
do arrependimento, tarde demais.
Mediunidade é compromisso com a consciência
sedenta de recomposição do passado e meio de
servir com segurança e desprendimento,
por ensejar trabalho a outrem por intermédio de
alguém. Ajuda, pois, aqueles que no Além-Túmulo
sofrem e te advertem com a aflição deles. Talvez
não sejas um grande médium, conhecido e
disputado pela louvação dos homens; no entanto,
procura constituir-te obreiro do amor, que não é
ignorado pelos infelizes, podendo ser
identificado pelos sofredores da Erraticidade.
Jesus, o Impoluto Médium de Deus, quando esteve
conosco e deu início ao Seu Apostolado de
amor excepcional, esqueceu - deliberadamente -
magos e adivinhos do Seu tempo, sensitivos de
renome e profetas conhecidos, videntes famosos e
escribas célebres, retóricos apaixonados e
curadores distinguidos para selecionar
atormentados, doentes, sofredores e perturbados
das cercanias das cidades por onde deambulava,
erguendo do lodo e amparando do abismo os que se
tresloucaram para com eles levantar, como
levantou, a mais duradoura e nobre construção
que o espírito humano conhece: a redenção
do homem”.
Definindo a importância de trilharmos os
próprios caminhos sem mimetizarmos alheias
personalidades, esclarece William Shakespeare:
“(...) depois de algum tempo você aprende a
diferença, a sutil diferença entre dar a mão e
acorrentar uma alma. E aí você aprende que amar
não significa apoiar-se, e que companhia nem
sempre significa segurança. E começa a aceitar
suas derrotas com a cabeça erguida e olhos
adiante, com a graça de um adulto e não com a
tristeza de uma criança. E aprende a construir
todas as suas estradas no hoje, porque o terreno
do amanhã é incerto demais para os planos, e o
futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de um tempo você aprende que o Sol queima
se ficar exposto por muito tempo. E aprende que
não importa o quanto você se importe, algumas
pessoas simplesmente não se importam... E aceita
que não importa quão boa seja uma pessoa, ela
vai feri-lo de vez em quando e você precisa
perdoá-la por isso. Aprende que falar pode
aliviar dores emocionais. Descobre que se levam
anos para construir confiança e apenas segundos
para destruí-la, e que você pode fazer coisas em
um instante, das quais se arrependerá pelo resto
da vida. Aprende que verdadeiras amizades
continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E
o que importa não é o que você
tem na vida, mas quem você tem na
vida. E que bons amigos são a família que nos
permitiram escolher. Aprende que não temos que
mudar de amigos se compreendermos que os amigos
mudam; percebe que seu melhor amigo e você podem
fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons
momentos juntos. Descobre que as pessoas com
quem você mais se importa na vida são tomadas de
você muito depressa. Por isso, sempre devemos
deixar as pessoas que amamos com palavras
amorosas, pode ser a última vez que as vejamos.
Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm
influência sobre nós, mas nós somos responsáveis
por nós mesmos. Começa a aprender que não se
deve comparar com os outros, mas com o melhor
que pode ser. Aprende que não importa aonde já
chegou, mas para onde está indo. Aprende que, ou
você controla seus atos ou eles o controlarão, e
que ser flexível não significa ser fraco ou não
ter personalidade, pois não importa quão
delicada e frágil seja uma situação, sempre
existem dois lados; aprende que heróis são
pessoas que fizeram o que era necessário fazer,
enfrentando as consequências; aprende que
paciência requer muita prática; descobre que
algumas vezes, a pessoa que você espera que o
chute quando você cai, é uma das poucas que o
ajudam a levantar-se; aprende que maturidade tem
mais a ver com os tipos de experiência que se
teve e o que você aprendeu com elas, do que com
quantos aniversários você celebrou. Aprende que
quando está com raiva tem o direito de estar com
raiva, mas isso não te dá o direito de ser
cruel. Descobre que só porque alguém não o ama
do jeito que você quer que ame, não significa
que esse alguém não o ama com tudo o que pode,
pois existem pessoas que nos amam, mas
simplesmente não sabem como demonstrar ou viver
isso. Aprende que nem sempre é suficiente ser
perdoado por alguém, algumas vezes você tem que
aprender a perdoar-se a si mesmo; aprende
que com a mesma severidade com que julga, você
será em algum momento condenado. Aprende que não
importa em quantos pedaços seu coração foi
partido, o mundo não para para que você o
conserte; aprende que o tempo não é algo que
possa voltar para trás. Portanto, plante seu
jardim e decore sua Alma, em vez de esperar que
alguém lhe traga flores. E você aprende que
realmente pode suportar... Que realmente é
forte, e que pode ir muito mais longe depois de
pensar que não se pode mais. E que realmente a
vida tem valor e que você tem valor diante da
vida!”
Ensina Herculano Pires:
“(...) com o passar dos milênios o homem vai se
libertando de si mesmo, da sua condição humana,
construída penosamente através das estruturas
sociais do horizonte tribal e do horizonte
agrícola, procurando uma forma mais precisa de
definição de sua natureza. Na organização
tribal, ele se libertou da condição animal e do
jugo absoluto das forças da Natureza, para
elaborar a sua condição própria. Na organização
agrícola, ele aprendeu a dominar a Natureza e
submetê-la ao seu serviço, mas caiu prisioneiro
da estrutura social. No horizonte civilizado ele
começa a romper os liames da organização social,
para descobrir-se a si mesmo, o que só fará
quando se tornar um indivíduo.
A evolução do Espírito está bem clara nesse
imenso processo de desenvolvimento histórico da
humanidade. O homem se eleva progressivamente da
selva à civilização, através de períodos
históricos que podem ser definidos como “horizontes”, ou
seja, como universos próprios, nos quais os
diferentes poderes da espécie vão sendo
treinados em conjunto, até que o desenvolvimento
da razão favoreça o processo de
individualização. Primeiramente, o homem se
destaca da Natureza através do conjunto tribal;
depois, reafirma a sua independência através dos
conjuntos mais amplos das civilizações agrárias;
e, depois, ainda, constrói os conjuntos mais
complexos das grandes civilizações orientais.
Nesses conjuntos, porém, o homem descobre a
possibilidade de destacar-se individualmente da
estrutura social. O espírito humano se afirma
como individualidade, como entidade autônoma,
capaz de superar não somente a natureza, mas a
própria humanidade”.
A Doutrina Espírita nos coloca frente a frente
com o “horizonte
espiritual” que
Jesus mencionou à mulher samaritana junto ao
poço de Jacó; horizonte esse totalmente
diferenciado de todos os outros pelos quais
temos passado nesta longa peregrinação evolutiva
desde os tempos das cavernas e das tribos
primitivas...
Conhecendo as raízes históricas dos maus
costumes que se perdem na noite dos tempos, fica
mais fácil identificar os seus corolários e,
consequentemente podemos trabalhar com mais
eficiência no sentido de erradicá-los dos
arraiais espiritistas, livrando tanto o
Movimento Espírita quanto as Casas Espíritas de
todos os “usos
e costumes” ainda
comprometidos e atrelados ao passado de
ignorância de onde procedemos. Tal a maneira de
projetarmo-nos na direção do “horizonte
civilizado”, ou
seja, do “horizonte
espiritual” atentos
às palavras de Jesus à Samaritana: “(...)
vós adorais o que não sabeis; mas a hora vem, e
agora é, em que os verdadeiros adoradores
adorarão o Pai em espírito e verdade; porque o
Pai procura a tais que assim O adorem”.
- BÍBLIA,
N.T. João.
Português. O novo testamento.
Tradução de João Ferreira de Almeida.
Rio de Janeiro: Imprensa Bíblica
Brasileira, 1983, cap. 4, vers. 22 e
23.