Lázaro e o Rico
Recordemos a lição de Jesus na Parábola, para que não
Lhe percamos a bênção do conteúdo.
Não se ergueu Lázaro ao paraíso porque fosse pobre, nem
desceu o Rico aos abismos da sombra, porque houvesse
granjeado a fortuna entre os homens.
O primeiro elevou-se à glória de Abraão pela humildade
com que se portou na prova recebida. Arrojou-se o
segundo ao seio atormentado das trevas, pela
displicência com que usufruiu a posição e o dinheiro que
o mundo lhe oferecia.
Enquanto o Rico se trajava de linho e púrpura, exibia
Lázaro as chagas que lhe envenenavam a carne e, enquanto
o afortunado companheiro se banqueteava, feliz, sem
lembrar-se do irmão desditoso que lhe visitava a porta,
conformava-se Lázaro sofredor, com o espinheiro de
angústia que as circunstâncias lhe impunham à
sensibilidade, incapaz de amaldiçoar o vizinho gozador,
indiferente e surdo aos seus rogos.
O problema do céu para Lázaro e da expiação para o Rico
é de simples atitude, induzindo-nos a meditar nas
oportunidades de progresso e sublimação que o Senhor nos
confere, para que o tempo amanhã não nos encontre
categorizados à condição de réus em nós mesmos.
Não nos esqueçamos, ainda, de que os dois, embora
separados por desfiladeiros intransponíveis, na alegria
celeste e no sofrimento infernal, podiam comunicar-se
entre si, entendendo-se um com outro.
Não olvides que na abundância ou na carência, na
mordomia ou na subalternidade, sempre somos depositários
da confiança de Deus e que somente a nossa atitude para
com a vida, cultivando o bem onde estivermos,
determinará a nossa ascensão à luz e o nosso definitivo
afastamento do mal.
Do livro Escrínio de luz, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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