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Elizabeth d'Espérance, ou Madame d'Espérance, cujo
verdadeiro nome era Elizabeth Hope, foi médium de grande
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projeção, tendo servido de
instrumento para as pesquisas encetadas por
muitos sábios de sua época. |
Nascida em 13 de maio de
1849, em Edimburgo, Escócia, a médium faleceu em 20 de
julho de 1918, aos 69 anos, na cidade de Leipzig,
Alemanha.
Sua carreira no campo
mediúnico alcançou grande notoriedade na Europa,
especialmente na Inglaterra, e se estendeu por mais de
30 anos.
Num dos capítulos de sua
obra História do Espiritismo, Arthur Conan Doyle dedica
a ela um grande espaço e a consigna entre os grandes
médiuns do mundo, do período de 1870 a 1900. As
informações que se seguem têm como fonte a obra
mencionada.
A médium se apresentou em
público pela primeira vez, graças à interferência de T.
P. Barkas, de Newcastle. A médium era, então, bem jovem
e, no entanto, quando em transe, revelava grande
discernimento e um grau elevado de sabedoria, bem acima
do consenso comum. Inúmeras perguntas elaboradas por
Barkas, envolvendo vários aspectos da Ciência, lhe eram
apresentadas e as respostas saíam de sua boca com enorme
rapidez, geralmente no idioma inglês, embora em certos
casos fossem dadas em alemão ou em latim.
A médium viveu em meio dos
casos mais estranhos, desde a mais tenra idade, pois, em
suas memórias, ela descreve suas aventuras com Espíritos
de aparência infantil, que com ela brincavam,
altercavam-se e logo após se reconciliavam. Suas
faculdades mediúnicas foram das mais portentosas e se
intensificaram com o decorrer dos anos, especialmente no
campo das materializações, onde conseguiu resultados
verdadeiramente impressionantes. Na obscuridade escrevia
respostas sofisticadas às questões formuladas por
pessoas que as buscavam em uma biblioteca inteira. Tais
indagações eram formuladas de forma aleatória, em
inglês, alemão ou latim e mereciam respostas no mesmo
idioma, sem qualquer espécie de erro de estilo ou de
gramática.
Por seu intermédio
encetaram-se várias e frequentes experiências com o
Espírito de belíssima jovem árabe, de negra e ondulada
cabeleira, de pele morena e muito graciosa. A médium
demonstrou notável capacidade nos fenômenos de
materializações, principalmente na formação de plantas
que passavam a ter prolongada duração e que eram
colocadas em jardins.
Afirmou o Dr. William
Oxley que conseguiu, por meio da médium, a
materialização de 27 rosas e outras plantas em uma só
sessão. Dentre essas plantas salientava-se uma cujo nome
científico era "Ixora Crocata", que foi colocada numa
estufa e ali viveu cerca de três meses, quando então se
secou.
Oxley também presenciou a
materialização, com grande nitidez, de uma jovem de rara
beleza, a qual, após apresentar-se em toda a sua
magnitude começou a desmaterializar-se, a começar pelos
pés, como se fora uma estátua de cera colocada sobre uma
placa quente. Vários outros comentários de Oxley estão
contidos em sua obra Revelações Evangélicas.
O conde Alexander Aksakof
também realizou várias pesquisas com a famosa médium,
obtendo resultados positivos, sucedendo o mesmo com o
professor Butlerof, catedrático de Química da
Universidade de Petersburgo.
Certa manhã, a médium,
estando ocupada em escrever algumas cartas comerciais,
em dado momento verificou, com espanto, que sua mão
havia escrito automaticamente o nome Swen Stromberg.
Ninguém soube explicar de quem se tratava. Algum tempo
após, quando Aksakof e Buttlerof faziam experimentações
no sentido de fotografar Espíritos materializados, atrás
da médium apareceu também a figura de um homem.
Consultado, o mentor espiritual explicou tratar-se de um
personagem cujo nome era exatamente Swen Stromberg, o
qual havia desencarnado no dia 13 de março daquele ano,
em New Stockholm, e pedia que seus pais fossem avisados
sobre o seu falecimento. Os pais, quando viram a
fotografia reconheceram de pronto o filho que havia
desencarnado.
Na introdução escrita para
o livro Shadow Land, de Madame d’Espérance, Aksakof
rende um alto tributo a ela como mulher e como médium e
diz que, tanto quanto ele, ela se achava interessada em
achar a verdade, motivo pelo qual se submetia de boa
vontade a todos os testes que lhe impusessem.
Um interessante incidente
na carreira de Madame d’Espérance foi seu êxito em
reconciliar o Professor Friese, de Breslau, com o
Professor Zöllner, de Leipzig. O rompimento desses dois
amigos ocorrera por força da profissão de fé espírita de
Zöllner. Ocorre que a médium foi capaz de dar tais
provas a Friese que ele não mais contestou as conclusões
de seu amigo.
A última parte da vida de
Madame d’Esperance, passada principalmente na
Escandinávia, foi amargurada pela doença adquirida no
choque que sofreu no chamado “desmascaramento”, quando o
Espírito materializado de Yolanda foi agarrado por um
pesquisador desavisado de Helsingfors, em 1893.
No último capítulo de seu
livro o assunto é abordado por ela:
“Os que vierem depois de
mim talvez venham a sofrer quanto eu tenho sofrido pela
ignorância das leis de Deus. Quando o mundo for mais
sábio do que no passado, é possível que os que tomarem
as tarefas na nova geração não tenham que lutar, como
lutei, contra o fanatismo estreito e os julgamentos
duros dos adversários.”
Sobre a vida e a obra de
Madame d'Espérance, vale a pena assistir à palestra que
o estudioso espírita Wanderlino Arruda a ela dedicou e
cujo vídeo pode ser visto clicando-se neste
link