Um amigo de Belo Horizonte disse, um dia, ao Chico:
— Tenho ido ao Centro “Luiz Gonzaga”, sempre que me é possível,
e, nas preces, tenho rogado a Loteria.
E vendo a estranheza do médium acentuou:
— Se eu ganhar, darei ao “Luiz Gonzaga” vinte contos.
Os dias correram e o homem ganhou a sorte grande. Duzentos mil
cruzeiros. Quando isso aconteceu, sumiu de Pedro Leopoldo… Se
via o Chico por Belo Horizonte, evitava-lhe a presença.
— Imaginem! — costumava dizer na prosperidade crescente que o
Céu lhe concedera — em minha ingenuidade, prometi uma dádiva a
um Centro Espírita, se melhorasse de sorte! Quanta asneira
falamos sem perceber!
Catorze anos rolaram e o homem da sorte grande morreu… Passados
alguns dias, apareceu, em espírito, numa das sessões do “Centro
Espírita Luiz Gonzaga”.
— Chico! Chico! — disse ao médium, buscando abraçá-lo, — preciso
pagar a minha dívida! Estou devendo vinte contos ao “Luiz
Gonzaga” e vou trazer o dinheiro…
— Acalme-se, meu amigo, agora é tarde — respondeu o médium, — o
câmbio mudou para você. Não se preocupe. A sua fortuna está em
outras mãos.
— Por quê? Nada disso… O dinheiro é meu…
— Já foi, meu irmão! Você está desencarnado.
A entidade gritou… gritou… e acabou perguntando em lágrimas:
— E, agora, que fazer?
Mas o Chico lhe respondeu:
— Esqueça-se da Terra, meu amigo. Nós todos somos devedores de
Jesus. Paguemos a Jesus nossas contas e tudo estará bem.
Amparado pelos benfeitores espirituais da casa, o homem dos
vinte contos, já desencarnado, retirou-se chorando.
De Apostilas com a vida de Chico Xavier, de Grupo de
estudos Allan Kardec.
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