Testamento vital
Ao passar por uma banca de jornais para comprar
um exemplar deparei-me com uma revista que
reproduzia em sua capa em letras maiores e tom
sensacionalista o título “Eu decido o meu fim”.
Aprendiz da Doutrina Espírita, fiquei perplexo e
por esta razão comprei um exemplar. (1)
Examinando seu conteúdo, em sete páginas,
algumas coloridas, jornalistas faziam
referências a uma Resolução do Conselho Federal
de Medicina tratando do “Testamento Vital”. Em
minha profissão trabalhei muitas vezes com
alguns tipos de testamentos, mas este, acrescido
de “Vital”, obrigou-me no recesso da biblioteca
a consultar os doutos no assunto e o que
encontrei, em verdade, é que na Resolução
supracitada havia sido concedida aos médicos “a
faculdade de atuação para pacientes terminais ou
portadores de doenças incuráveis, coma ou estado
vegetativo – o oferecimento de todos os cuidados
paliativos disponíveis e respeitar a vontade do
paciente previamente registrada ou, na sua
impossibilidade, a de seu representante legal”.
Tal Resolução em comento, por ser humana e
materialista, é suscetível de erros, não
produziu estudos sobre as consequências visto
que, há muito, está provada a imortalidade da
alma, assim como as razões da vida em sua
eternidade.
No pensamento comum da população germina sempre
a ideia de se abreviar a dor de pacientes
considerados terminais pela medicina
tradicional; em verdade, se acreditando mesmo
que para esses pacientes não há cura,
acredita-se também que para esses casos a
ciência médica fracassou e, com isso, aliviando
os profissionais e familiares das angústias do
evento morte lenta.
Ao longo dos séculos o homem ainda não abandonou
a ideia de querer ser Deus!
Quando Allan Kardec em 1857 na França lançou o
primeiro livro que contém os princípios básicos
da Doutrina dos Espíritos, abriu-se o Portal da
Nova Era a que Jesus tanto enfatizou em sua
jornada terrena qual seja: “Amai-vos uns aos
outros e ao próximo como a ti mesmo”.
Foi o momento histórico mais esclarecedor para a
humanidade, quando o homem, já desenvolvido
intelectualmente, a ponto de assumir a Fé
raciocinada, conclui que ele não é nada se não
obedecer às Leis Eternas e imutáveis do Criador.
E o Criador faz o Homem, deposita-o numa esfera
de evolução e o retira para Si, quantas vezes
forem necessárias para que se realize o
progresso moral a que todos somos fadados.
Só Ele, apenas Ele, Deus, Pai Universal, tem o
poder sobre a Vida Eterna de cada ser que ele
cria. As tentativas de forçar argumentos
práticos e econômicos na introdução das Leis
humanas civis que incitam ao ato covarde,
contrariando as Leis de Deus, com a eutanásia
como o suicídio assistido, trarão sérias
consequências aos que sugerem a ideia e aos que
a acatam, tresloucados, solitários e perdidos no
materialismo que teima em hipnotizar os
ignorantes e insensatos, para conseguirem seus
objetivos de domínio, sob o poder das Trevas.
(“As tribulações da vida são provas ou expiações
– felizes aqueles que as suportam sem murmurar,
porque serão recompensados!” – nº 946 d’O
Livro dos Espíritos.)
O Testamento Vital de que se fala e escreve,
elaborado para amparar a eutanásia ou o suicídio
assistido, transfere o sofrimento para além da
vida física e é um desrespeito às Leis do
Progresso Universal, gerador da compulsoriedade
do “Recomeçar, Reconstruir, resgatar e seguir em
frente sem cessar”.
Para conseguirmos entender essa proposta do
Cristo, teremos que adquirir cultura espiritual
na “Literatura Espírita” – com Allan Kardec,
Chico Xavier, Joanna de Ângelis”, Divaldo Franco
e outros mais, em cujo bojo se percebe
gradativamente que “Fora da Caridade não há
salvação”.
(1) Revista
VEJA – ed.2286, pg.98/106 de 12.9.2012.