Obsessão e cura
Alguém, certa feita, indagou de grande filósofo como
classificaria o sábio e o ignorante, e o filósofo
respondeu afirmando que considerava um e outro como
sendo o médico e o doente. No entanto, acrescentamos
nós: entre o médico e o doente existe o remédio.
Se o enfermo guarda a receita no bolso e foge à
instrução indicada, não adianta o esforço do clínico ou
do cirurgião que despendem estudo e tempo para servi-lo.
Que a obsessão é moléstia da alma, não há negar.
A criatura desvalida de conhecimento superior rende-se,
inerme, à influência aviltante, como a planta sem defesa
se deixa invadir pela praga destruidora, e surgem os
dolorosos enigmas orgânicos que, muitas vezes, culminam
com a morte.
Dispomos, contudo, na Doutrina Espírita, à luz dos
ensinamentos do Cristo, de verdadeira ciência curativa
da alma, com recursos próprios à solução de cada
processo morboso da mente, removendo o obsessor do
obsidiado, como o agente químico ou a intervenção
operatória suprimem a enfermidade no enfermo, desde que
os interessados se submetam aos impositivos do
tratamento.
Se conduzes o problema da obsessão com lucidez bastante
para compreender as próprias necessidades, não
desconheces que a renovação da companhia espiritual
inferior, a que te ajustas, depende de tua própria
renovação.
Ouvirás preleções nobres, situando-te os rumos.
Recolherás, daqui e dali, conselhos justos e precisos.
Encontrarás, em suma, nos princípios espíritas,
apontamento certo e exata orientação. Entretanto, como
no caso da receita formulada por médico abnegado e
culto, em teu favor, a lição do Evangelho consola e
esclarece, encoraja e honra aqueles que a recebem, mas,
se não for usada, não adianta.
Do livro Seara dos médiuns,
obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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