O Iluminismo e o Espiritismo
O período histórico que corresponde à morte de Luiz XIV
e o início da Revolução Francesa é considerado pelos
historiadores franceses como o surgimento do movimento
cultural chamado de Iluminismo e o seu desdobramento com
o Enciclopedismo.
Os pensadores, influenciados pelo renascimento e a
revolução científica do século XVII, promoveram uma
transformação cultural que mudaria os rumos da história
da Europa e de todas as suas colônias pelos diferentes
continentes do mundo da época.
Esse movimento cultural teve um papel fundamental para o
advento do Espiritismo no século XIX, pois criou as
condições favoráveis para que novas ideias passassem a
ser aceitas, já que criaram um terreno de conhecimento
que seria o alicerce de novas formas de pensamento.
A cultura medieval ainda dominava a sociedade europeia,
determinando a divisão social em três estamentos
diferentes, nobreza, clero e camponeses. Da mesma forma
que cerceava o acesso ao conhecimento apenas aos
elementos da nobreza e do alto clero.
Desde a época das cruzadas e das caravanas de comércio,
a burguesia italiana tornou-se um novo segmento social,
realizando atividades comerciais entre o Oriente Médio e
as cidades medievais no centro e norte da Europa, pelas
famosas feiras medievais nas rotas comerciais
terrestres.
Este acontecimento não apenas propagou o comércio das
especiarias orientais, mas também a cultura e o mercado
de obras de arte e artigos de luxo. O estímulo comercial
era a mola mestra para uma mudança na estrutura da
sociedade, onde apenas os nobres e o clero faziam a
manutenção do sistema, com o objetivo de garantir um
controle político e econômico.
A revolução científica do século XVII foi um
desdobramento das descobertas dos pensadores europeus
desde o início da Idade Moderna. Giordano Bruno, Galileu
Galilei e Johannes Kepler, importantes personagens no
campo das ciências, foram os responsáveis pelo
surgimento de novas ideias, entre elas a teoria
heliocêntrica que se opunha à teoria geocêntrica,
elaborada pelo astrônomo grego Ptolomeu desde o início
da cristandade.
O advento dessas descobertas mudou o foco dos
pensadores, já que no século XVIII buscavam entender
melhor os fenômenos da natureza com base em um
conhecimento científico, dando maior autonomia
e liberdade à ciência, em relação aos argumentos
conservadores da religião.
O pensamento científico vai substituindo as antigas
teorias medievais, como a formação do Universo, adotada
pela cristandade.
As grandes descobertas náuticas e as invenções
científicas estavam rompendo velhos paradigmas e crenças
que a Igreja insistia em manter desde a Idade Média.
Esse processo não se deu de uma hora para outra, teve
início com o movimento de expansão marítima atlântica e
se estendeu até a revolução científica do século XVII e,
a partir desse momento, o homem se tornou o centro do
universo; era o início do antropocentrismo.
Na primeira metade do século XVIII, pensadores e
cientistas europeus procuraram elaborar um movimento
cultural, inspirado no Renascimento e na revolução
científica do séc. XVII, que rompesse a estrutura
socioeconômica e política tradicional da sociedade
marcada pelo Absolutismo, que surgiu na França no século
XVI após a crise do feudalismo.
Os iluministas eram humanistas e tinham consciência de
que, para o movimento cultural surtir efeito, teria de
ser de livre acesso a todas as pessoas. Também se fazia
necessário que o conhecimento fosse compartilhado, fosse
de livre acesso e como consequência surgiu o
Enciclopedismo. Um desdobramento do Iluminismo, que era
uma forma de se transmitir conhecimento dando valor
sobre o saber como um meio necessário para alcançar a
luz da razão, um canal para atingir o conhecimento
certo, através da leitura e consulta de livros.
Uma vez que todos esses acontecimentos ocorreram, os
desdobramentos começaram a surtir efeito, não apenas com
a Revolução Francesa, mas com a queda do Antigo Regime,
o Absolutismo.
Meio século mais tarde, o professor Hippolyte
Léon Denizard Rivail, que foi um influente educador,
autor e tradutor francês, conheceu
o fenômeno das mesas girantes em um salão
parisiense. As
ideias que ele organizou eram muito visionárias para a
mentalidade da época, sendo necessário uma fundamentação
filosófica que permitisse uma nova forma de argumentação
científica. Acabou adotando o pseudônimo de Allan
Kardec, que. segundo ele, foi uma das suas encarnações
na Gália, quando foi um sacerdote druida.
Kardec já vivia em uma sociedade completamente
diferente, na qual existia uma relativa liberdade de
expressão de pensamento, comparada com o século
anterior. Este fato se torna favorável para a pesquisa
de fenômenos considerados sobrenaturais, assim como, por
intermédio de reuniões de fenômenos mediúnicos, buscar
respostas para os acontecimentos espirituais.
Através de perguntas e respostas organizou seu primeiro
livro, intitulado O Livro dos Espíritos, lançando
sua primeira edição em 18 de abril de 1957 com 501
perguntas e a segunda edição em 18
de março de 1860,
edição essa que conhecemos atualmente, com 1.019
perguntas.
Kardec encontrou uma sociedade mais receptiva, pois além
dele existiam outros pesquisadores e cientistas que se
interessavam pelos fenômenos de paranormalidade. O
Iluminismo abriu campo de conhecimento para que a
codificação espírita tivesse uma boa aceitação pela
sociedade francesa, pois existiam informações que davam
a Kardec a credibilidade, uma vez que ele era um homem
erudito, educador e conhecido na França como uma pessoa
idônea. Esses fatores foram primordiais para Kardec
realizar a codificação e o lançamento das suas obras.
Referências:
1) Doyle,
Arthur Ignatius Conan; A História do Espiritualismo;
FEB.
2) Xavier,
Francisco Cândido. Emmanuel, A Caminho da Luz;
FEB.
3) Wikipédia
(A Enciclopédia Livre).
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