Os minutos de Deus
Se é imperioso reconhecer a nossa obrigação de dar a
César o que é de César, somos constrangidos a observar
que a experiência material reclama excessivamente da
criatura.
O homem, quando integrado em suas funções habituais, é
convidado a obrigações mil cada dia.
Preocupações, ansiedades, exigências e ilusões
obscurecem a visão da alma encarnada que, pouco a pouco,
quase sempre, desce devagar ao abismo largo da tristeza
e do desencanto, quando não dispõe dos recursos da fé.
Isso, contudo, acontece vulgarmente porque raros são os
homens que se lembram dos minutos de Deus, no círculo
das horas.
Não nos esqueçamos de que o poder humano, seja qual for
a sua origem, procede do Eterno Pai, e, se é justo pagar
os tributos que nos competem na Esfera densa quando nos
envolvemos nos fluidos carnais, ninguém está impedido de
libertar-se, em espírito, a fim de procurar o Senhor e
fruir-lhe a bondade infinita.
Inicia a tua obra de autolibertação, concedendo alguns
instantes ao Criador em suas criaturas e em suas
edificações, cada dia, distribuindo algo de ti mesmo em
amor, em generosidade, em paz, cooperação, bom ânimo e
alegria e observarás que o espaço e o tempo do Senhor,
em tua vida, crescerão gradativamente, exonerando-te de
pesados impostos para com a experiência comum.
Entrega a César o que a ele pertence, mas não olvides as
obrigações que nos ligam ao Alto, porque, assim, nos
adiantaremos para as Celestes Moradias, confiando os
nossos melhores sentimentos ao culto da fraternidade,
com trabalho espontâneo a benefício dos nossos
semelhantes, em toda parte.
Ninguém permanece inibido de cultivar a verdadeira
felicidade, que somente floresce e frutifica no
santuário do coração.
Consagremos, pois, a Deus, os minutos de bondade e
harmonia que devemos improvisar em Seu Nome, em favor da
comunidade, dentro da qual evoluímos na luta cotidiana,
e o Senhor, em sua magnanimidade imensurável, nos
entregará a Eternidade com libertação imperecível.
Do livro Escrínio de luz, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
|