Na higiene da alma
O perdão é comparável à água lustral do espírito,
lavando todas as nódoas que nos assaltam o tecido da
existência.
Não te alegrarás exibindo a veste salpicada de lama e
nem te resignarás a conduzir, cada dia, o lixo da
própria casa na concha das próprias mãos.
Ao invés disso, obrigas-te cada manhã ao ritual da
limpeza, a começar por teu próprio corpo, a fim de que a
saúde e a higiene te marquem as horas.
No terreno da própria alma, guardar ressentimentos e
mágoas, melindres e dissabores, ante a conduta alheia, é
o mesmo que transportar, no reduto do próprio ser, os
detritos de nossa marcha, intoxicando-nos a vida.
Odiar é render culto ao desequilíbrio, maldizer é abrir
chagas íntimas, censurar é ferir a esperança, exigir,
quase sempre, é aborrecer.
Lembra-te de que todos temos necessidade da desculpa
recíproca, a fim de que a estrada se nos desempeça do
pedregulho nela atulhado por nossos próprios erros.
Recorda o reconforto que recolhes da palavra de estímulo
e a bênção de alívio que te afaga o coração, quando as
tuas faltas possíveis são recebidas por outrem com
tolerância e perdoa, sem condições, a todos os golpes da
senda, na certeza de que todo mal desaparecerá para que
o bem permaneça.
Aqui, agora e sempre, seja onde for, aprendamos a
esquecer tudo o que representa poeira inútil da
caminhada, procurando simplesmente a luz da compreensão
e do amor que tudo renova e doura, a caminho da Vida
Maior, e abrir-se-á renovado caminho na longa
peregrinação de trabalho e de experiência em que nos
cabe evoluir para Deus.
Do livro Reconforto, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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