Joias da poesia
contemporânea

Autor: Luiz Delfino

 

Ânsia inútil


Regressando, encantado, de outras rotas

Em que a vida sublime se retrata,

Quisera repetir a serenata

Dos sóis, marcando sublimadas notas.

 

Ah! se eu pudesse descrever as frotas

Dos mundos de ouro pelos céus de prata

E o turbilhão da luz que se desata

De resplendentes amplidões remotas!…

 

Mas, singela e sombria, a lira estala,

Estraçalha-se o plectro (1) da fala,

Embora o anseio que se me agiganta…

 

E, no incêndio que lavra no meu peito,

Somente encontro inútil verbo estreito

Que me estrangula as cordas da garganta.

 

(1) Plectro: dom poético; vara de marfim com que se tocavam as cordas da lira; pequena peça para percutir instrumentos de corda.

 

Do livro Nosso livro, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita