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por Rogério Miguez

 

Que trazes?


A proposta da vida futura é um dos pilares da Boa Nova. Um típico exemplo desta realidade se verifica quando Jesus enunciou as Bem-aventuranças, claras promessas para encontrar e viver a tão desejada felicidade, justiça, recompensas, mas no futuro, e isto, para aqueles que fossem brandos, pacíficos, pobres de espírito, misericordiosos...

De igual modo, o conhecimento da continuidade da vida indicando o futuro como uma realidade concreta também é um dos alicerces do Espiritismo, e não poderia deixar de ser, afinal, a Doutrina é cristã em todos os seus fundamentos.

Mesmo com tão evidente princípio sendo repetidamente ensinado ao longo do tempo, a grande maioria ainda não se prepara adequadamente para dar prosseguimento em sua vida neste anunciado futuro, buscando avidamente acumular propriedades e títulos..., contudo, todos estes bens não poderão ser levados conosco para as próximas existências, nem para a vida no espaço. Uma triste realidade!

Após a inexorável morte nos alcançar, e nos encontrarmos vivos do outro lado: momento caracterizado por alegria para alguns, surpresa para muitos, revolta e decepção para outros, não serão pedidas informações sobre a nossa posição na sociedade, tampouco quais cargos ocupamos, qual diploma obtivemos, seja em qualquer campo da existência.

O que nos fez importantes na Terra, com vínculo apenas aos aspectos materiais, perde totalmente o seu valor no Espaço – a vida verdadeira -, região onde somente se prezam as virtudes, a inteligência desenvolvida e os conhecimentos adquiridos.

Do outro lado desta vida material, o mérito de cada qual não se mede pela sua polpuda conta bancária, muito menos pelas finas vestimentas de marca usadas, ou quem sabe pelos carros e barcos de luxo que estiveram em seu poder, a importância do habitante na vida espiritual se dá por conta de seus feitos em prol dos semelhantes, nas diversas modalidades em que se possa imaginá-los. A luz própria emitida, adquirida pelos contínuos atos do bom coração, será o seu cartão de apresentação a todos.

É preciso entender e, principalmente, aceitar que só possuímos aquilo que podemos levar para o outro Mundo, tudo o que detemos na Terra é temporário, são empréstimos da Divindade para serem usados na existência com sabedoria e parcimônia, de modo a promover a nossa evolução e também ajudar os que nos cercam neste processo contínuo de crescimento moral e intelectual.

Uma boa imagem que se pode construir é imaginar o lado de lá como sendo outro país e para lá, mais cedo ou mais tarde, viajaremos, queiramos ou não, sendo assim, precisamos preparar e incluir na nossa bagagem apenas o que nos será útil. Não faz nenhum sentido viajar para um país quente e levar vestimentas para o clima frio, e vice-versa. Bem como levar qualquer espécie de valores não aceitos neste outro reino.

A moeda – imaterial -, deste outro país é contabilizada pelas horas em que estivemos, desinteressadamente, ajudando os necessitados; pelas visitas feitas aos muitos doentes, alguns, inclusive, amargurados pelo esquecimento a que foram relegados; por conta do tempo de estudo e reflexão dedicados a aprender as muitas ciências; pelas rogativas endereçadas ao Pai visando sua intercessão junto aos próximos mais carentes; pelas moedas distribuídas aos mais pobres. Este é o verdadeiro e único tesouro que poderemos levar conosco após a grande passagem, as reais e únicas propriedades.

Diante de tão grave quadro ainda caracterizando esta humanidade, totalmente desalinhado com a sabedoria de Deus ao estruturar o nosso processo evolutivo, tomemos tento, façamos especial atenção para esta questão, pois a pergunta título deste texto, se repetirá inexorável logo após a nossa desencarnação: Que trazes?


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita