Que trazes?
A proposta da vida futura é um dos pilares da Boa Nova.
Um típico exemplo desta realidade se verifica quando
Jesus enunciou as Bem-aventuranças, claras promessas
para encontrar e viver a tão desejada felicidade,
justiça, recompensas, mas no futuro, e isto, para
aqueles que fossem brandos, pacíficos, pobres de
espírito, misericordiosos...
De igual modo, o conhecimento da continuidade da vida
indicando o futuro como uma realidade concreta também é
um dos alicerces do Espiritismo, e não poderia deixar de
ser, afinal, a Doutrina é cristã em todos os seus
fundamentos.
Mesmo com tão evidente princípio sendo repetidamente
ensinado ao longo do tempo, a grande maioria ainda não
se prepara adequadamente para dar prosseguimento em sua
vida neste anunciado futuro, buscando avidamente
acumular propriedades e títulos..., contudo, todos estes
bens não poderão ser levados conosco para as próximas
existências, nem para a vida no espaço. Uma triste
realidade!
Após a inexorável morte nos alcançar, e nos encontrarmos
vivos do outro lado: momento caracterizado por alegria
para alguns, surpresa para muitos, revolta e decepção
para outros, não serão pedidas informações sobre a nossa
posição na sociedade, tampouco quais cargos ocupamos,
qual diploma obtivemos, seja em qualquer campo da
existência.
O que nos fez importantes na Terra, com vínculo apenas
aos aspectos materiais, perde totalmente o seu valor no
Espaço – a vida verdadeira -, região onde somente se
prezam as virtudes, a inteligência desenvolvida e os
conhecimentos adquiridos.
Do outro lado desta vida material, o mérito de cada qual
não se mede pela sua polpuda conta bancária, muito menos
pelas finas vestimentas de marca usadas, ou quem sabe
pelos carros e barcos de luxo que estiveram em seu
poder, a importância do habitante na vida espiritual se
dá por conta de seus feitos em prol dos semelhantes, nas
diversas modalidades em que se possa imaginá-los. A luz
própria emitida, adquirida pelos contínuos atos do bom
coração, será o seu cartão de apresentação a todos.
É preciso entender e, principalmente, aceitar que só
possuímos aquilo que podemos levar para o outro Mundo,
tudo o que detemos na Terra é temporário, são
empréstimos da Divindade para serem usados na existência
com sabedoria e parcimônia, de modo a promover a nossa
evolução e também ajudar os que nos cercam neste
processo contínuo de crescimento moral e intelectual.
Uma boa imagem que se pode construir é imaginar o lado
de lá como sendo outro país e para lá, mais cedo ou mais
tarde, viajaremos, queiramos ou não, sendo assim,
precisamos preparar e incluir na nossa bagagem apenas o
que nos será útil. Não faz nenhum sentido viajar para um
país quente e levar vestimentas para o clima frio, e
vice-versa. Bem como levar qualquer espécie de valores
não aceitos neste outro reino.
A moeda – imaterial -, deste outro país é contabilizada
pelas horas em que estivemos, desinteressadamente,
ajudando os necessitados; pelas visitas feitas aos
muitos doentes, alguns, inclusive, amargurados pelo
esquecimento a que foram relegados; por conta do tempo
de estudo e reflexão dedicados a aprender as muitas
ciências; pelas rogativas endereçadas ao Pai visando sua
intercessão junto aos próximos mais carentes; pelas
moedas distribuídas aos mais pobres. Este é o verdadeiro
e único tesouro que poderemos levar conosco após a
grande passagem, as reais e únicas propriedades.
Diante de tão grave quadro ainda caracterizando esta
humanidade, totalmente desalinhado com a sabedoria de
Deus ao estruturar o nosso processo evolutivo, tomemos
tento, façamos especial atenção para esta questão, pois
a pergunta título deste texto, se repetirá inexorável
logo após a nossa desencarnação: Que trazes?