Errar e pedir desculpa
“Reconhece teu erro
Mesmo
que custe muito,
ao teu
orgulho e vaidade.” Cora Coralina
Erramos. Pais e filhos, todos nós erramos.
Reconhecer
o pai ou a mãe que errou é uma estratégia importante
para ajudar o filho pouco a pouco a compreender suas
responsabilidades e impactos no mundo. Ou seja, uma
criança criada a partir da premissa de que todos nós
estamos sujeitos a errar, a falhar, pois somos
imperfeitos, permeados por fragilidades, terá mais
facilidade em se tornar uma pessoa capaz de calibrar as
expectativas sobre si mesma e sobre os outros ao longo
da sua vida. Ainda, ela conseguirá compreender com mais
clareza que os erros dos outros não implicam
necessariamente rompimento de vínculos, mas sim
elementos que também fazem parte das circunstâncias da
vida.
Em casa,
com minhas filhas, nunca tive medo de mostrar minhas
próprias fragilidades, falhas e equívocos. Quando
errava, pedia desculpas e tentava melhorar, me corrigir.
Hoje, se erro, continuo a pedir desculpas e a refletir
maneiras de melhorar nosso relacionamento. De outro
lado, por força do exemplo, espero que elas possam
replicar isso um dia com a família delas.
Infelizmente, para algumas famílias, não há espaço para
os pais admitirem erros, pois isso implicaria a quebra
da autoridade “perfeita”. Contudo, essa expectativa de
autoridade, além de pesar sobre os pais, é ilusória,
fonte de rigidez e de uma performance humanamente
impossível de ser praticada… O encorajamento para a
honestidade fica prejudicado, à medida que os pais têm
dificuldade em assumir seus erros perante os filhos.
Ainda, pais autoritários tendem a estimular nos filhos o
hábito da mentira, pois desde pequenos, eles, os filhos,
são invadidos pelo medo da punição.
O que
realmente importa no dia a dia familiar?
Pais que
erram podem sim pedir desculpas. Por sua vez, pedir
desculpas pressupõe o reconhecimento do erro e o
compromisso de fazer diferente. Isso retira dos pais a
expectativa de serem perfeitos e proporciona, no
ambiente de relações familiares, espaço para a
responsabilização sobre os próprios atos. E isso, sem
dúvida, favorecerá uma convivência mais aberta e sincera
no futuro, quando os filhos crescerem.