A porta
Se trabalhas na porta,
Ao acolher alguém,
Oferta de ti mesmo
A mensagem do bem.
A porta aberta exige vigilância,
Justo pensemos nisso;
A prudência, entretanto, não exclui
Atenção e serviço.
Frequentemente aquele que te busca,
Ainda mesmo quando não te agrade,
É um companheiro que procede, em crise,
Da terra triste da necessidade.
Viajores, pedintes, consulentes
Nem sempre se revelam como são…
Muito Espírito nobre do caminho
Traz cravadas no peito as marcas da aflição.
A porta unida à rua
É um dos pontos mais santos que há no lar;
Se te dispões a receber quem chama,
Exerce o privilégio de ajudar…
Fôssemos nós da fila dos que passam
Na longa e desditosa caravana,
Quanto agradecimento a quem nos desse
Leve parcela de ternura humana!
O olhar de compreensão, o sorriso de paz,
O entendimento, uma palavra boa,
São migalhas de amor que enaltecem a vida
E que a vida abençoa…
Crês na esperança como crês no Céu,
Dizes que a caridade te conforta,
Não negues, desse modo, a quem te pede auxílio
A bondade na porta.
Do livro Poetas redivivos, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.