Criança
manipuladora? Qual o papel dos pais para evitar esse
(mau) hábito
A educação exige os maiores cuidados, porque influi
sobre toda a vida. Sêneca
Você logo percebe na sua vida adulta quem é manipulador.
E a pergunta honesta: você quer criar um filho assim?
Muitos de nós nos espantamos com o “talento” que algumas
crianças têm para manipular os adultos e… outras
crianças. Elas se queixam, fazem “cara feia” e insistem
até à exaustão com o propósito de “levar a água ao seu
moinho”.
Todas as crianças desde cedo tentam controlar os pais.
Gradativamente notam que algumas estratégias são
eficazes e não hesitam em lançar mão delas. Procuram
descobrir os pontos fracos e testam os limites dia a
dia. Vão tateando e, se não lhes forem impostas regras,
continuam buscando romper barreiras e para alcançar o
que desejam, transformando-se em crianças provocadoras,
tiranas e insatisfeitas.
Na realidade, quando as regras não são claras ou estão
constantemente a mudar, cria-se uma grande confusão na
cabeça da criança em casa e que pode aumentar a
tendência do filho pequeno para a manipulação.
Como lidar com a manipulação?
Evite recorrer à chantagem ou à compensação como forma
de controlar o seu filho. É um desserviço pedagógico e
envia à criança uma mensagem equivocada. Os pais
precisam ter em mente que as crianças aprendem por
imitação. Fale com a criança e explique a ela de modo
claro o que espera que ela faça. Estimule-a no sentido
de aprender a decidir. Dê-lhe várias opções e peça-lhe
que se decida apenas por uma.
Frente a uma birra, não se deixe intimidar. Deixe que
seu filho grite, reclame, esperneie. No final, converse
com ele calmamente e explique de modo claro, numa
linguagem acessível à idade dele, que não é agindo dessa
forma que vai conseguir atingir os objetivos – e que
dormir sem tomar banho ou tomar o sorvete antes do
almoço são coisas inegociáveis, por exemplo.
No dia a dia? É preciso de modo repetido tomar as rédeas
da criação do filho. Ajudar a criança a compreender para
obedecer a um “sim” e a um “não” é um ato de amor, que a
prepara para a vida e para o mundo, que nem sempre
conspira a favor de nossos desejos…
Óbvio que a criança precisa se sentir segura, vista,
validada pelo adulto (o pai e a mãe, sobretudo), e cabe
ao adulto oferecer a ela bons exemplos de conduta,
recusando lhe facilitar a manipulação como um meio de
alcançar as coisas. É o adulto quem orienta. E a
paciência é essencial no processo de desenvolvimento
para que a criança entenda gradativamente que a
manipulação não é o melhor caminho para escolher.