Artigos

por Eder Andrade

 

A importância das viagens de Saulo de Tarso


Quando Saulo de Tarso foi até Jerusalém, após sua conversão na estrada de Damasco, procurou Pedro para conversar e pegou uma cópia dos manuscritos de Levi (Mateus), pois era um dos poucos que sabia ler e escrever, já que tinha sido coletor de impostos.

Saulo percebeu que o conhecimento moral dos ensinos de Jesus não poderia ficar restrito à religião judaica, deveria ser propagado a outros povos. De posse desses manuscritos, Saulo se isolou no deserto em meditação durante um tempo e quando retornou decidiu pregar por conta própria aquele ensinamento.1

Saulo era de uma família de posses e tinha sido educado para ser sumo sacerdote. Era um homem muito culto, dotado de um intelecto incomum. Falava latim, o grego, o hebraico e o aramaico e dessa forma não tinha dificuldades em se comunicar no Oriente Médio com as pessoas que cruzassem seu caminho. Cada viagem realizada levava vários anos, pois ele ia e voltava às cidades de acordo com a necessidade.

Realizou ao longo da sua peregrinação quatro longas viagens para divulgação do Evangelho, onde sempre encontrou grandes dificuldades, porém graças à sua perseverança, temos hoje acesso aos ensinamentos do Cristo.

Seguindo o exemplo de Pedro, que fundou a Casa do Caminho, procurava por onde passava fundar uma igreja cristã primitiva e uma comunidade local, onde os cristãos poderiam se encontrar para orar e trocar ideias. Dessa forma, Saulo às vezes preferia fazer longas caminhadas pelas estradas do Oriente Médio do que fazer uma viagem costeira de barco pelo mar Egeu, que seria mais rápida e menos cansativa.1

Pelo fato de Saulo ser cidadão romano, tinha uma grande facilidade de acesso aos lugares, sendo seu principal objetivo a conversão dos gentios. As viagens foram estratégicas, pois ele buscava percorrer as principais rotas de importantes entrepostos comerciais, para facilitar a divulgação do cristianismo. Saulo era inspirado pelo espírito de Estêvão, que procurava orientá-lo no processo de divulgação nas regiões mais acessíveis e receptivas ao conhecimento do Evangelho.

Durante suas viagens muitas coisas aconteceram, foi perseguido, ameaçado de apedrejamento e humilhado publicamente, mas isso não o esmoreceu. Devido a boa recepção dos povos pagãos, começou a usar seu nome grego Paulo, de preferência ao nome judaico Saulo.

Na primeira viagem realizada, foi de Jerusalém até Salamina na ilha de Chipre, onde realizou pregações. O êxito de seus esforços missionários nessa ilha incentivou Paulo a avançar para situações mais audaciosas.

Ele tinha um grande poder de oratória e conseguia devido a sua habilidade e conhecimento de converter os pagãos, quanto os judeus. Discursava para pessoas simples, como também políticos e pessoas influentes, como foi o caso do procônsul Sérgio Paulo que estava interessado em ouvir a pregação de Paulo, ficando maravilhado com a doutrina do Senhor, em Pafos, cidade na ilha de Chipre.1

Já na segunda viagem, percorreu um longo trecho até Trôade, na Ásia Menor, onde teve uma visão de um homem pedindo ajuda e pelo tipo de vestimentas que usava, deduziu ser da Macedônia. Ele pedia que Paulo fosse até lá, levar o evangelho para os necessitados.

Pelos lugares onde passava e realizava sua pregação, procurava organizar uma congregação para não deixar seus convertidos desorganizados e sem uma liderança. Por esse motivo estava sempre viajando e nunca permanecia muito tempo em um local só. Desejava dar atenção às igrejas e às comunidades por ele fundadas.

Paulo libertou uma médium da influência de um espírito que a obrigava a praticar a adivinhação e esse fato revoltou aqueles que se beneficiavam das consultas mediúnicas, provavelmente pagas. Paulo foi preso e levado à presença de magistrados, sob a alegação de estar perturbando a ordem imposta pelos romanos.

Na terceira viagem em Éfeso na Grécia, acabou fazendo também inimigos, por interesses econômicos em alguns importantes centros comerciais e religiosos, como o célebre santuário de Ártemis (Diana), onde ocorreu um motim, realizado pelos ourives e negociantes devocionais. A presença de Paulo desviava a atenção do comércio local para suas pregações. Acabou sendo obrigado a abandonar a cidade.

Ao retornar a Jerusalém foi preso e apelou ao governador para ser submetido ao Julgamento de César em Roma, uma vez que ele era cidadão romano. Dessa forma realiza o início da sua última viagem encerrando uma longa trajetória missionária em Roma.

Segundo Emmanuel, no livro Paulo e Estêvão, Paulo ao ser libertado em Roma, aproveitou para ir até a Espanha falar do Evangelho, sabendo que Pedro estaria em Roma e o substituiria com vantagens.

Quando voltou para Roma, foi preso novamente. No final da sua vida enviou cartas às comunidades por ele fundadas e morre como mártir do Cristianismo. A firmeza da sua fé e a convicção irredutível no amor do Cristo são grandiosas, envolvendo Tigilino, seu carrasco, que, trêmulo, lamenta ter que decapitá-lo.1

Paulo foi responsável pela propagação do Cristianismo no lado oriental e ocidental do império romano, despertando o interesse tanto dos pagãos, como de pessoas influentes no evangelho do Cristo, além de ser perseguido não só por motivos religiosos, mas por interferir no comércio local dos judeus e romanos.

No retorno de Paulo ao plano espiritual, reencontra antigos companheiros de jornada, como Ananias e Gamaliel, e nos conta Emmanuel no livro Paulo e Estêvão, psicografado por Chico Xavier, a surpresa reservada para Paulo quando notou:

[...] O Mestre estava no centro, conservando Estêvão à direita e Abigail ao lado do coração. Deslumbrado, arrebatado, o Apóstolo apenas pôde estender os braços, porque a voz lhe fugia no auge da comoção.

[...] O Mestre sorriu, indulgente e carinhoso e falou:

� Sim, Paulo, sê feliz! Vem, agora, a meus braços, pois é da vontade de meu Pai que os verdugos e os mártires se reúnam, para sempre, no meu reino! 2

 

Referências:

1) Moura, Maria Antunes de Oliveira de (Organizadora); EADE - Livro 1- Mod. II: Rot.12 - Conversão e missão de Paulo de Tarso; Rot. 13 - As viagens Missionárias de Paulo de Tarso; FEB.

2) Xavier, Francisco Cândido; Paulo e Estêvão; 2a parte - Cap.10: Ao encontro do Mestre; FEB.

3) FEB-TV (Biografias).

4) Wikipédia (A Enciclopédia Livre).


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita