Natural de Caxias do Sul (RS), onde reside,
Valter Ribeiro de Lima (foto) é
metalúrgico aposentado. Vincula-se à ACELG-
Associação Cultural Espírita Lajeado Grande,
situada em São Francisco de Paula, distante 50
km de Caxias do Sul, onde atua como colaborador.
Palestrante estudioso, ele nos fala nesta
entrevista sobre sua vivência espírita, em um
valioso e motivador depoimento:
Como conheceu o Espiritismo?
Conheci o Espiritismo através de uma atitude
caridosa de um amigo que trabalhava comigo na
mesma empresa. Ele era espírita e seu
comportamento me chamava muita atenção. Via sua
serenidade diante das adversidades, e seus bons
conselhos me chamavam atenção. Em um momento de
intervalo questionei-o sobre sua religião e ele
me falou que era espírita. Ele me falou sobre a
Doutrina e um dia me presenteou com um livro.
Era O Evangelho segundo o Espiritismo.
Comecei a ler e me encantei. Sempre que tinha
oportunidade estava lendo, buscando respostas,
pois isso me trazia um grande alívio para alma.
Descobri que a vida continuava, que somos
espíritos imortais. Por isso, acho muito
importante, sempre que pudermos, presentearmos
alguém com O Evangelho segundo o Espiritismo, O
Livro dos Espíritos ou um livro espírita que
nos traga esclarecimentos e consolo.
O que mais o comove no contexto espírita?
É o amor, é a compaixão que ele nos recomenda. É
a oportunidade que todos nós temos de
praticarmos a caridade. Quantos exemplos Chico
Xavier nos deixou. Vendo em Jerônimo Mendonça, o
chamado Gigante Deitado, com sua resignação e a
perseverança de trabalhar no bem. Deitado 30
anos em sua cama, totalmente paralisado e depois
ficando cego, não deixou de viajar, sendo
carregado por seus amigos e divulgando a
Doutrina Espírita no Brasil inteiro. Nunca
esmoreceu. É isso que me comove, a fé, a
persistência e a coragem desses trabalhadores
que não deixam de semear. Divaldo Pereira Franco
também, incansavelmente, não para de semear
estrelas.
E no conhecimento espírita, o que mais lhe chama
a atenção?
É a proposta da Doutrina, a transformação moral.
Quando passamos a estudar a Doutrina Espírita,
percebemos que precisamos avançar, crescer
moralmente, espiritualmente. Que em apenas uma
única existência não conseguiríamos desenvolver
todas as nossas virtudes. Allan Kardec abre as
portas do mundo espiritual trazendo-nos a
mensagem dos imortais, falando sobre suas
experiências e conhecimentos e nos impulsionando
para o caminho do bem e do amor. Lembrando então
as palavras de Jesus: Conhecereis a verdade e
ela vos libertará.
Da tradição histórica no movimento espírita
gaúcho, o que gostaria de destacar?
Gostaria de destacar que fomos muito agraciados
pela presença de alguns missionários que vieram
de outros países. Como o espanhol Angel Aguarod,
o português José Simões de Mattos, Francisco
Valdomiro Lorenz, da República Tcheca, e
Francisco Spinelli, que veio da Itália com 18
anos de idade. Angel Aguarod foi presidente da
FERGS no ano de 1926. José Simões de Mattos foi
vice-presidente. Francisco Spinelli, que foi
presidente em 1952, andava pelos campos de cima
da Serra no lombo de uma mula divulgando a
Doutrina Espírita. Muitas vezes deixava sua
amada esposa Adolcina Araújo e os filhos, para
sair por vários dias montado em uma mula, muitas
vezes febril, cansado, enfrentando o frio e o
mau tempo para fundar núcleos familiares. No
dizer do ex-presidente Michelina, Francisco
Spinelli foi o anjo que Deus enviou à Serra.
Francisco Valdomiro Lorenz pela manhã dava aula,
caminhando 12 km, ida e volta, para dar aula e à
tarde, para sustentar sua numerosa família,
trabalhava até o último raio de sol, indo depois
à noite, como médico homeopata, atender os
doentes, regressando de madrugada à sua casa,
onde aproveitava para escrever seus livros
(foram 73 obras publicadas). Francisco Spinelli
viajou o país com Leopoldo Machado e Arthur Lins
de Vasconcellos, entre outros, promovendo a
Unificação com o Pacto Áureo, em um dos mais
belíssimos momentos de Unificação do movimento
espírita no Brasil.
E quanto à expansão da divulgação pela internet,
como a enxerga?
É sem dúvida uma grande oportunidade de
divulgação e também de Unificação. Precisamos
aproveitar esta oportunidade de adentrarmos os
lares levando a mensagem espírita. Encontros,
seminários, congressos e lives são
realizados virtualmente, levando a Doutrina
também a outros países. Muitos amigos têm sido
verdadeiras referências para todos nós com estes
trabalhos virtuais, pois estão abrindo as portas
a muitos trabalhadores, de várias regiões,
levando assim conhecimento sobre o trabalho dos
Espíritos incansáveis que muito fizeram pela
Doutrina e não podem ficar no esquecimento. Mas
é muito importante lembrar que o virtual veio
para somar. Não devemos dispensar o trabalho
presencial, pois há uma necessidade muito grande
do contato, do abraço, do aperto de mão. Se
possível, o ideal é mantermos os dois, porque
aqueles que por questão de saúde não puderem ir
até a casa espírita, poderão assistir on-line
aos estudos e palestras.
De suas vivências o que mais lhe vem à mente?
Francisco Spinelli. Porque viajo muito por toda
a região visitando Casas Espíritas, e sempre que
estou na estrada lembro-me de Spinelli andando a
cavalo, visitando grupos e famílias, fundando o
Evangelho nos lares que visitava. Ele não
gostava de ficar em hotéis, mas sim em casa de
confrades para conversar e apertar os laços
relacionados à Doutrina Espírita. Portanto em
cada viagem, encontro ou trabalho de Unificação,
fica sempre em nossa mente esse lindo trabalho
de Spinelli, que nos motiva a não desistir, a
seguir sempre em frente. Hoje Divaldo Pereira
Franco é também para nós essa inspiração, como
foi também nosso querido Chico Xavier. Sempre
que tenho de tomar uma decisão, penso: Como
agiria Chico Xavier em meu lugar? Agindo
assim, com certeza, agiremos com amor.
Fale-nos da instituição a que se vincula.
Nossa casa, a ACELG- Associação Cultural
Espírita Lajeado Grande, localizada no município
de São Francisco de Paula, neste ano completou
17 anos de atividades, tendo como fundadora
Neiva Simone, uma dedicada trabalhadora. Em
nossa casa espírita promovemos Seminários,
Encontro de Casas Espíritas e palestras. Na
pandemia promovemos palestras on-line de segunda
a sábado, com o apoio do GEDELM RJ- Grupo
Divulgação Externa Leopoldo Machado, que
continuam nos auxiliando com seus oradores nas
quartas-feiras, falando em sequência sobre O
Evangelho segundo o Espiritismo. Desde o ano
de 2010 o GEDELM vem à nossa casa, com recursos
próprios, fazer seminários, palestras e
encontros. A instituição hoje possui sede
própria, que foi uma doação de uma família e de
um trabalhador da casa. O atendimento ao público
é realizado aos sábados à tarde, com palestra e
passes.
Como vê o momento atual do movimento espírita?
Em O Evangelho segundo o Espiritismo,
capítulo XX, item 4 - Missão dos Espíritas,
Erasto nos esclarece sobre o atual momento: É
chegada a hora em que deveis sacrificar vossos
hábitos, vossos trabalhos, e vossas ocupações
fúteis para a sua propagação. Ide e pregai. Portanto,
este é o momento de vivenciarmos os ensinamentos
de Jesus, através de nossa conduta. Então vejo
que o atual momento exige de cada trabalhador
amor, perseverança e dedicação. Precisamos ser
os braços e a voz de Jesus. Lembrando uma
mensagem de Francisco Spinelli na
espiritualidade: ¨Não aguardemos que os
instrutores desencarnados retornem ao corpo
físico para realizar a tarefa que compete aos
homens executar�.
Algo que gostaria de recomendar aos leitores?
Gostaria de recomentar que continuem estudando.
A casa espírita nos oferece oportunidade de
trabalho com Jesus. Leiam sempre o Evangelho,
esse livro luz que nos orienta e conforta.
Yvonne do Amaral Pereira nos dizia: O
Evangelho foi meu roteiro e a minha fortaleza
quando tive que enfrentar lutas e dissabores.
Nas horas em que buscava este livro Luz,
encontrava a calma e a resignação e as forças
para prosseguir. E, principalmente, reúnam a
família e façam o Evangelho no lar. O Evangelho
é luz que se acende em nosso ambiente familiar.
É Jesus conosco.
Suas palavras finais.
Agradeço ao querido amigo Orson a oportunidade
que sempre nos dá de falar sobre a Doutrina, bem
como à revista O Consolador. Pedimos a
Jesus e a Maria de Nazaré que abençoem e
protejam a todos. E que todos continuem firmes
neste ideal de divulgação e nos trabalhos que
executam. E aos leitores, que persistam, que
nunca esmoreçam. Jesus conta com cada um de nós.
Que onde estivermos possamos semear amor e levar
esperança. É o que pedimos na prece: Senhor,
fazei de mim um instrumento de vossa paz.
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