Acendamos a luz da vida
“Ressuscitai
os mortos” — disse-nos o Senhor — mas se é verdade que
não podemos ordenar a um cadáver se levante, é justo
tentemos o reavivamento daqueles que nos acompanham,
muitas vezes, mortificados pela dor ou necrosados pela
indiferença.
Não nos esqueçamos.
Os verdadeiros mortos estão sepultados na carne
terrestre.
Alguns permanecem no inferno do remorso ou do sofrimento
criados por eles mesmos, acreditando-se relegados a
supremo abandono; outros jazem no purgatório da aflição
a que se arrojaram, desprevenidos, em dolorosas súplicas
de auxílio; e ainda outros repousam, inadvertidamente,
em supostos céus de adoração religiosa, que, em muitos
casos, são simples faixas de ociosidade mental.
Aguçai a visão e observemos a infortunada caravana de
fantasmas que seguem, vacilantes e enganados, dentro da
vida.
Há quem morreu sufocado em orgulho vão, no mausoléu da
vaidade infeliz.
Há quem permaneça cadaverizado em sepulcro de ouro,
incapaz de um simples olhar à plena luz.
Há mortos que vos partilham o pão cotidiano, no túmulo
das terríveis ilusões que lhes anulam a existência e há
corações paralíticos no catre da crueldade e da
incompreensão que nos armam ciladas de angústia, a cada
passo, para os quais se faz imprescindível a assistência
de nossa devoção fraternal infatigável.
Se Cristo penetrou o templo de vossa alma, auxiliemo-los
na necessária ressurreição.
Acendamos a luz da vida.
Trabalhemos no bem, enriquecendo as horas da
peregrinação terrena com os melhores testemunhos de
nossa boa vontade para com os semelhantes em nome do
Mestre da Redenção, para quem o nosso espírito já se
inclina, à maneira da planta à procura do sol, de vez
que somente irradiando a luz do Amor Infinito
conseguiremos aniquilar e vencer, na Terra, as densas
trevas da morte.
Do livro Servidores no Além, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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