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por Cláudio Bueno da Silva

Energia e ternura no discurso de Jesus


Os evangelhos são um convite de Jesus aos homens para que descubram os caminhos da transcendência. Bem provavelmente por isso seus ensinos estão centrados na vida futura, para onde todos seguem depois de terem vivido na Terra, e onde todos se defrontam com a própria consciência, colhendo o resultado de suas ações.

Os argumentos de Jesus eram os de um profundo conhecedor da natureza humana. Embora sua linguagem tenha em alguns momentos o tom imperativo como, por exemplo, em Mateus, V: 44-48: “Sede vós, logo perfeitos, como também vosso Pai celestial é perfeito”, Jesus sempre soube que só o tempo levaria os homens a se conhecerem e se verem como irmãos.

O fato de que ele falava a homens pouco adiantados e pouco afeitos às questões do Espírito justifica a energia ou a ternura que aplicava à voz, dependendo das circunstâncias. Longe de caracterizar intolerância ou condescendência injustificável, o discurso do Mestre era um estímulo para arrancar os homens da inércia e levá-los ao aperfeiçoamento moral.

Elucidando esta passagem de Mateus, Allan Kardec pergunta em O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XVII: — “Mas em que consiste essa perfeição?”. E o próprio Kardec responde: “Jesus mesmo o disse: ‘Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos têm ódio, e orai pelos que vos perseguem e caluniam’”.

São orientações que exigem esforço e determinação para serem cumpridas; requerem alto grau de humildade, renúncia e devotamento, o que significa dizer, alto grau de compreensão humana. Aquele que assim procede com um inimigo já terá aprendido a amar o semelhante, denotando, portanto, superioridade moral. 

Por reconhecer a grande dificuldade que os homens tinham para compreender suas alegações foi que Jesus fez referências constantes ao futuro, onde seriam beneficiados pelo avanço geral das ideias e pelo desenvolvimento individual de cada um.

A expressão “Sede vós, logo perfeitos”, portanto, convida a não mais adiarmos o início do trabalho moral em nós, e que nos fará entrar no difícil, mas inevitável caminho do bem.

Para isso, a senha é a caridade no seu mais amplo significado, na sua mais extensa aplicação; da mais recôndita intenção ao mais abnegado ato de coragem.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita