Alfred Russel Wallace: investigador da
mediunidade
O ano de 2023 acolheu diversas atividades que
relembraram Alfred Russel Wallace um pouco por todo o
mundo. Estava em causa celebrar o 200.º aniversário do
seu nascimento, que teve lugar em Usk, no País de Gales,
a 8 de janeiro de 1823.
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Russel Walace foi um notável naturalista, antropólogo,
geógrafo e investigador dos fenómenos mediúnicos.
Numa breve síntese biográfica, deve ser
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dito que nasceu numa família numerosa e, como
não tinha património
material, vivia do seu trabalho. O pai desencarnou e,
ainda jovem, vai auxiliar o irmão mais velho num
importante contrato de cartografia dos terrenos rurais.
Mais tarde é professor na cidade de Leicester,
seguindo-se aos 25 anos de idade uma viagem à Amazónia
(1848-1852) já na condição de coletor de espécimes para
museus de história natural, universidades e
colecionadores privados. Este trabalho não resultou bem,
simplesmente porque o navio em que regressava sofreu um
incêndio e naufragou, perdendo-se praticamente todo o
material recolhido. Esteve à deriva uma dezena de dias,
mas acabou por ser salvo. Anos mais tarde escreve um
livro muito interessante sobre esta viagem à Amazónia. |
Entre 1854 e 1862 Russel Wallace desenvolve a mesma
atividade no chamado arquipélago malaio, hoje a região
tropical da Indonésia, onde permanece 8 anos. É nesta
fase da vida que involuntariamente se torna co-autor,
com Charles Darwin, da corajosa Teoria da Origem das
Espécies.
De regresso à Grã-Bretanha, aos 42 anos de idade
descobre a veracidade dos fenómenos mediúnicos,
tornando-se um importante investigador e autor de vários
livros, até que desencarna a 7 de novembro de 1913, em
Broadstone, igualmente no Reino Unido.
Oito anos na Ásia tropical e o ensaio enviado a Darwin
A viagem de trabalho ao “Arquipélago Malaio”, palavras
constantes do título do livro que escreveu a esse
respeito, teve também em vista recolher espécimes de
seres vivos exóticos para um intermediário vender
coleções na Europa a universidades, museus e outros
interessados.
Nesse período, coletou mais de 125660 espécimes –
insetos, répteis, anfíbios, aves, mamíferos – e visitou
cerca de 25 mil ilhas. Revelou à ciência oficial 5 mil
novas espécies de seres vivos e deu nome a 295 espécies
de escaravelhos (70), borboletas (120) e aves (105).
Precursor das Regiões Biogeográficas articuladas com a
evolução das espécies, deu a conhecer a chamada “linha
de Wallace” no arquipélago malaio. Wallace estranhava
isto: em ilhas não muito distantes entre si, de um lado
via macacos, do outro observava apenas cangurus
arborícolas, antecipando uma correlação da evolução
biológica com a geologia no capítulo da deriva de
placas.
É nessa fase que quase morre de malária, altura em que,
num estado alterado de consciência, intui a teoria da
origem das espécies. Em fevereiro de 1858, passada a
crise, escreve em Ternate (atuais Molucas) uma carta a
Charles Darwin (Grã-Bretanha, 1809/1882) com um ensaio.
Expunha as suas ideias, longe de saber que Darwin já
trabalhava nessa teoria há mais de uma dúzia de anos.
Não havia nem avião nem internet, é óbvio, por isso a
carta vai de navio, até que chega às ilhas britânicas. O
carteiro terá entregado a missiva de Russel Wallace a
Darwin em 18 de junho de 1858.
Darwin ter-se-á sentido chocado ao lê-la. Abalado, não
quer vir a ser acusado de plágio, por apresentar em
breve a sua teoria. É um homem honrado – trabalhava
estas mesmas ideias há 18 anos. Darwin recorda a carta
que enviou alguns anos antes ao professor Asa Gray dos
EUA (Boston), em que referia parte desta teoria, e que
demonstrava o trabalho entretanto já realizado.
Ainda assim, não era suficiente. Nada melhor do que
aconselhar-se com amigos próximos. Um deles seria um
conhecido geólogo, Charles Lyell, e um botânico, Joseph
Hooker, que foi diretor dos Reais Jardins Botânicos de
Kew, em Londres, património da humanidade, classificado
mais tarde pela UNESCO. A conclusão resultante terá sido
esta: Darwin redigiria nos dias imediatos um ensaio
sobre a sua teoria para ombrear com a de Russel Wallace,
devendo ambos os textos ser lidos na Sociedade Lineana.
Isso aconteceu com brevidade, em 1 de julho, com os
seguintes títulos: R. Wallace: “On the Tendency of
Varieties to depart indefinitely from the Original Type,
Ternate”, fevereiro de 1858; C. Darwin: “The Variation
of Organic Beings under Domestication and in their
Natural State”, junho de 1858.
Darwin, uma vez que Wallace estava na Ásia, preferiu não
estar igualmente presente durante a leitura dos ensaios,
que ficaram em acta. Depois destes factos sai a público
a 1.ª edição do mais famoso livro de Darwin, “A origem
das espécies”, em 24 de novembro de 1859.
Sem amuos nem questiúnculas
Como se relacionariam Wallace e Darwin?
Já vi quem defendesse que Darwin teria pisado Wallace ao
ganhar protagonismo na história como autor da teoria da
origem das espécies, mas os factos apontam noutro
sentido. Publicado o livro “On the Origin of Species by
Means of Natural Selection”, Darwin viria a dizer: “Russel
Wallace não podia ter feito um resumo mais exato. Há
palavras ali escritas que agora estão presentes no
cabeçalho de capítulos do meu livro”. Por sua vez,
Russel Wallace escreve uma dedicatória expressiva na sua
crónica de viagem ao arquipélago malaio que se lê ainda
hoje: “Dedico este livro a C. Darwin, autor de "A
origem das espécies”, não só pela estima e amizade que
lhe tenho mas também para exprimir a minha profunda
admiração pela sua genialidade e os seus trabalhos”.
Repetidas vezes, Russel Wallace saía em defesa, pela
palavra e pela escrita, em defesa de Darwin quando as
ideias que ambos partilhavam eram contestadas.
A verdade é que Wallace preferia que a publicação de tão
polémico livro fosse assinada por Darwin, por várias
razões: Darwin tinha um estatuto mais amplo no campo
científico que poderia proteger melhor as novas ideias;
também ninguém conseguiria desempregar Darwin face ao
património que possuía, ao contrário de Russel Wallace,
que vivia do seu trabalho.
A questão de na história Wallace ter passado para
segundo plano tem mais a ver com a sua coragem e
frontalidade quando, uma vez descoberta a autenticidade
dos fenómenos mediúnicos, estando presente em diversas
sociedades científicas, não hesitar em dizer aos
cientistas instalados que a ciência não pode virar a
cara a essa realidade e tem de a investigar, nunca
ignorá-la. A campanha começou aí e, curiosamente, quem o
defende hoje em dia, possuído pelo preconceito
materialista, continua a esconder do público essa
vertente indissociável que acompanhou Russel Wallace,
libertadora, até ao final da sua passagem terrena.
A empatia de Russel Wallace
Ao lermos a crónica de viagem ao arquipélago malaio
conseguimos perceber que Russel Wallace teria de ser uma
pessoa muito empática. Um dos factos mais significativos
prende-se com a capacidade que teve de conseguir, junto
de uma tribo que se engalanava nas festas com lindas
penas de aves-do-paraíso, que lhe explicassem como
conseguia obtê-las. Não é de estranhar. Na floresta
tropical, a vida passa-se sobretudo na copa de árvores
altíssimas, onde o Sol e a água espalham mais
biodiversidade do que no solo sombrio. Como conseguiriam
os nativos caçar essas aves? Wallace explica no livro
como lhe revelaram esse peculiar segredo tribal.
Também em Inglaterra, anos depois das viagens e já
espiritualista, Russel Wallace passava uma fase em que
não conseguia arranjar trabalho. Darwin, sabendo disso,
preocupava-se. Pediu à rainha Vitória uma bolsa de
sobrevivência para Russel Wallace face aos relevantes
serviços prestados à ciência, em várias áreas, desde a
história natural à antropologia. O pedido foi negado.
Tentou juntar mais personalidades que apoiassem a
pretensão, mas não conseguia. Por sua vez, a dada altura
Russel Wallace tinha ainda umas amostras de plantas da
Ásia tropical que lhe levantavam dúvidas. Pensou então
visitar o diretor de Kew Gardens, Joseph Hooker. Hooker
era filho de botânicos que estudaram plantas da Índia e
da cordilheira do Himalaia. O talentoso botânico inglês
não conhecia pessoalmente Russel Wallace, mas ficou a
conhecê-lo nessa oportunidade. A conversa entre ambos
terá sido inteligente e empática, a ponto de desfazer
preconceitos. Entre Hooker e Darwin surgiu uma nova
petição entregue à rainha para que fosse atribuída uma
bolsa de sobrevivência a Russel Wallace. Por fim, isso
foi conseguido.
As traduções e um médico espírita português
Assim que foi publicada a 1.ª edição de “A origem das
espécies”, de Darwin, na Inglaterra, em 24 de novembro
de 1859, os jornais terão começado a comentá-la, em
vários países. As ideias eram revolucionárias na área do
que hoje se conhece por biologia, mas impactavam nos
preconceitos de profissionais da religião e até de
alguns cientistas estagnados. Mas as editoras começaram
a publicar a obra, vendo aí uma oportunidade comercial.
A França não demorou: 1862. É de supor que Kardec terá
entendido a teoria e isso levantou uma boa parte das
questões nesta matéria que não estiveram presentes na
1.ª edição de “O Livro dos Espíritos”, mas sim nas
posteriores (2.ª edição, 1860).* Espanha também já teria
publicado uma tradução por volta de 1877 ou 1880.
E Portugal? Só no século seguinte, depois da revolução
da republicana, que depõe a monarquia (1910). Nessa
altura foi necessária a tradução da obra. A tarefa
acabou por ser atribuída a um médico portuense, que era
espírita, Joaquim Dá Mesquita Paul (Guimarães,
16-3-1875/V. N. Gaia, 12-5-1946), para que a 1.ª edição
portuguesa fosse publicada, por fim, em 1913, pela
Livraria Lello e Irmão, da cidade do Porto.
Dá Mesquita Paul foi o associado n.º 1 da Sociedade
Portuense de Investigações Psíquicas (VASCONCELOS,
Manuela. Grandes Vultos do Movimento Espírita
Português. Ed. FEP.), um centro espírita de dimensão
considerável, que funcionou na Rua Álvares Cabral,
proprietário da revista “Além”, na cidade do Porto, até
que a ditadura fascista na década de 1950 encerrou tudo
e se apropriou do edifício, entregando o património a
instituições da religião oficial salazarista, prédio que
hoje ainda mantém a mesma fachada e onde funciona uma
oficina de impressão gráfica. Durante anos sucessivos,
Dá Mesquita Paul foi presidente de Direção e da
Assembleia Geral, com uma participação ativa.
Russel Wallace e a mediunidade
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E pesquisas sobre mediunidade, quando aparece essa fase?
Russel Wallace inicia o estudo de fenómenos mediúnicos
em 1865. Diz no livro “On Miracles and Modern
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Spiritualism” que aos 14 anos foi viver com um
irmão. Interessava-lhe encarar com seriedade os
conhecimentos que adquiria. Optou por um
raciocínio não clerical, materialista. Estava
longe de se interessar por uma visão
espiritualista da vida. A curiosidade despertou
ao deparar com fenómenos difíceis de explicar
que ocorriam numa família sua conhecida. A
vontade de perceber o que se passava levou-o a
abordar factos que não podia continuar a
ignorar. |
Na obra referida, "Miracles and Modern Spiritualism",
Alfred Russel Wallace escreve: "Eu era um
materialista tão convencido que não admitia
absolutamente a existência espiritual, nem qualquer
outro agente do Universo além da força e da matéria. Os
fatos, entretanto, são pertinazes. A minha curiosidade
foi inicialmente despertada por alguns fenómenos
ligeiros, mas inexplicáveis, que se produziam em torno
de uma família amiga; o desejo de saber, e o amor à
verdade, forçaram-me a prosseguir as pesquisas. Os fatos
tornaram-se cada vez mais certos, cada vez mais
variados, cada vez mais afastados de tudo quanto a
ciência moderna ensina, de todas as especulações da
filosofia dos nossos dias, e, afinal, venceram-me.
Forçaram-me a aceitá-los como factos, muito antes de
admitir a sua explicação espiritual – não havia nesse
tempo, no meu cérebro, lugar para esta concepção. Pouco
a pouco, ela apareceu, não por opiniões preconcebidas ou
teóricas, mas pela ação contínua de fatos sobre fatos,
dos quais ninguém se podia desembaraçar de outra maneira."
Russel Wallace publica vários livros. Eis
alguns – em 1866, “The Scientific Aspect of
Supernatural”; em 1874, “A Defense of Modern
Spiritualism”; em 1875, “On Miracles and Modern
Spiritualism”; em 1904, “Man's Place in the Universe”. Também
escreveu numerosos artigos, deu inúmeras conferências,
tinha um diploma de membro honorário da Associação
Central de Espiritualistas filiada na Associação
Nacional Britânica dos Espiritualistas, criada em 1873,
e chegou a fazer um périplo de conferências
espiritualistas em defesa da autenticidade dos fenómenos
mediúnicos além-mar, na região de Boston, EUA, uma vez
recebido o convite.
Wallace e Darwin divergem
Apesar de Russel Wallace conviver amistosamente e
admirar Charles Darwin, a dada altura ambos discordam.
Como terá ocorrido isso?
Tudo começa com um livro de Darwin, publicado em 1871,
com que por fim Russel Wallace não concorda: “The
Descent of Man”.
Na posse de informações seguras sobre a vida espiritual,
mediante as conclusões oriundas de diversas experiências
com a mediunidade de vários médiuns, e a sua própria
capacidade de pensar a partir dos factos, Wallace
escreve um livro em 1889 (“Darwinism Applied to Man”),
com a estrutura de uma tese, no qual explica a sua
divergência diante do ponto de vista de Darwin. Nesta
obra, Russel Wallace afirma que, mediante os factos que
descreve, faz todo o sentido supor a intervenção de
causas não identificadas na evolução das espécies, ou
seja, de agentes extrafísicos, na nossa linguagem
habitual, Espíritos desencarnados superiores em
inteligência e bondade.
Quem o ler vai encontrar a referência a afinidades
anatómicas e filogenéticas dos mamíferos e do homem,
assim como a dados antropológicos e, passando por vasta
fundamentação, acompanhará a conclusão de Wallace neste
sentido: as capacidades humanas na matemática, nas artes
e espirituais não são explicáveis por mera seleção
natural como Darwin fez supor. Por fim apresenta a
hipótese explicativa de uma intervenção do Plano
Espiritual na evolução humana, que me recordou em boa
parte o livro “Evolução em dois mundos”, de André Luiz
(Espírito), psicografado em meados do século XX pelos
médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.
No livro antes referido Russel Wallace escreve: “Há
três patamares evolutivos [inorgânico-orgânico;
sensação-consciência; faculdades humanas] que vão desde
o mundo não orgânico ao ser humano, e que apontam para
um universo invisível ao qual a matéria se subordina.”
Mais à frente: “no decurso da minha interpretação dos
factos (…) é de supor que a natureza espiritual do ser
humano não só de modo algum é inconsistente com a teoria
evolutiva das espécies, mas pelo contrário, será através
das leis naturais que lhe estão associadas que a
evolução ocorre”. E ainda, “Portanto, conclui-se
que a teoria darwiniana, mesmo que levada ao extremo das
suas conclusões lógicas, não só não se opõe mas até
atribui e suporta algum tipo de crença na natureza
espiritual do ser humano”.
Russel Wallace era espírita?
Não. Era espiritualista. Não aceitava a reencarnação. No
seu ponto de vista não entrevia suporte que justificasse
a teoria das vidas sucessivas. Não resisto: é estranho
naquela altura ainda pensar assim, não é?
Contudo, com excepção desse detalhe, ao lermos as obras
espiritualistas de Russel Wallace encontramos muita
identidade com abordagens que Allan Kardec faz nas suas
próprias obras. Os fenómenos existem, sabemos que o
sobrenatural não existe, logo temos de descobrir as leis
que estão por detrás do seu funcionamento. Depois disso,
não há como deixar de tirar ilações de índole filosófica
e ética.
Russel Wallace foi brilhante, apesar da cortina que os
materialistas tentam colocar ainda hoje sobre o seu
valoroso trabalho em vários patamares. Apesar disso, por
distinção da sua importante contribuição para a ciência,
foram-lhe atribuídos prémios como a Medalha Real (1868),
a Medalha de Darwin (1890) ou a Medalha Copley (1908).
Russel Wallace desencarnou a 7 de novembro de 1913, com
90 anos, em Broadstone, Inglaterra. Até desencarnar foi
um grande divulgador da autenticidade dos fenómenos
mediúnicos e participante em congressos dessa temática.
Em 2011, numa conferência comemorativa ("Alfred Russel
Wallace and the Birds of Paradise"), um conhecido
divulgador de ciência britânico, David Attenborough,
afirmou que "... não existe pessoa mais admirável na
história da ciência ("... there is no more admirable
character in the history of science").
Para nós, apesar desse elogio especial, não é difícil
encontrar em Alfred Russel Wallace uma dimensão ainda
maior.
Ref.:
* “Questão 607.
Dissestes que o estado da alma do homem, na sua origem,
corresponde ao estado da infância na vida corporal, que
a sua inteligência apenas desabrocha e se ensaia para a
vida. Onde passa o Espírito essa primeira fase do seu
desenvolvimento?
- Numa série de existências que precedem
o período a que chamais Humanidade.
Questão 607. a) - Parece que assim se
pode considerar a alma como tendo sido o princípio
inteligente dos seres inferiores da criação?
- Já não dissemos que tudo na Natureza se
encadeia e tende para a unidade? Nesses seres, cuja
totalidade estais longe de conhecer, é que o princípio
inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e
se ensaia para a vida (…). É, de certo modo, um trabalho
preparatório, como o da germinação, por efeito do qual o
princípio inteligente sofre uma transformação e se torna
Espírito. Entra então no período da humanização,
começando a ter consciência do seu futuro, capacidade de
distinguir o bem do mal e a responsabilidade dos seus
atos. (…)”.
Jorge Gomes, escritor,
ex-vice-presidente da Federação Espírita Portuguesa e
ex-editor do Jornal de Espiritismo publicado pela ADEP -
Associação de Divulgadores de Espiritismo de Portugal,
da qual é membro, reside na cidade do Porto, Portugal.