Chico Xavier e o preparo para os novos
tempos
Não é novidade para ninguém que os irmãos das sombras
são bem informados e oportunistas. Desde tempos
imemoriais, mesmo no paraíso do Éden, a luz precisou
aprender a lidar com as sombras e servir-se de suas
artimanhas para apurar ainda mais a inteligência, o
conhecimento e a vontade como formas de alavancar a
experiência. Jesus Cristo nos deixou imortalizada a
lição em diferentes momentos, com destaque para a
seguinte passagem: “Eu os estou enviando como ovelhas no
meio de lobos. Portanto, sejam astutos como as serpentes
e sem malícia como as pombas” (Mateus 10:16).
Até mesmo Cristo foi tentado no deserto e também próximo
do seu período final com a crucificação no Gólgota
(Lucas 23:26-43). Nos dias atuais, também não poderia
ser diferente em relação aos trabalhadores que buscam
divulgar e viver os ensinos do mestre Nazareno. Grandes
seareiros e obreiros também contam com adversidade as
alturas. Não é de se estranhar então que, para tais
trabalhadores, certamente há muito preparo e zelo antes
mesmo da própria encarnação. Não apenas envolvendo a
questão da família, do local, mas de sua missão e como
isso pode ajudar melhor a humanidade. No caso específico
de Francisco Cândido Xavier, o preparo deve ter sido
gigantesco, seja do lado de lá, seja do nosso.
Neste pequeno artigo, explora-se uma faceta pouco vista
dentro do movimento espírita sobre o conteúdo da obra e
do comportamento do nobre missionário. Por exemplo, há
discussões e até mesmo certas críticas da mudança do
estilo e da natureza de Chico Xavier em relação as obras
do codificador do Espiritismo, Allan Kardec. Todavia, e
se a reencarnação de Chico Xavier viesse a ser feita
para o enfrentamento dos “finais dos tempos”, tais como
descrito no capítulo 24 do Evangelista Mateus, em
especial, o versículo 12: “E, por se multiplicar a
iniquidade, o amor de muitos esfriará” (Mateus 24:12)?
Ou ainda, para responder ao livro do Apocalipse de João
Evangelista?!
Neste caso, as obras de Chico Xavier seriam feitas então
para manter ainda acesa e cálida a luz do amor entre os
homens, bem como até mesmo a sobrevivência em um mundo
“pós-apocalíptico”. Comportamento e obras de Chico podem
ser melhor pensados nestes contextos como uma forma de
preparação para o enfrentamento da transição e
tribulações de um mundo de provas e expiações para o de
redenção. É o aumento da vibração e da luz pessoal, sem
acreditar nos falsos profetas, tampouco sem medo dos
tempos atuais e vindouros.
Dentro da humanidade, a história da escatologia é longa,
curiosa e, ao mesmo tempo, repleta de linguagens
simbólicas e codificadas, as quais podem ser vistas
através de jogadas racionais com pretensas chaves para
ler os códigos. Entretanto, o lado racional pode trazer
armadilhas, como legítimo labirinto mental, e com
possibilidade de criação de figuras monstruosas, tal
como o Minotauro e a Medusa. O primeiro representa
alguém apenas forte fisicamente, mas sem as capacidades
de desenvolver habilidades superiores com o coração e a
mente. Já a Medusa costuma ser um símbolo bem
característico daquelas pessoas que são dotadas de forte
raciocínio e conhecimento, mas pobre de coração. Os
pensamentos se tornariam como serpentes, as quais podem
picar e machucar as vítimas. Alinhar e equilibrar mãos,
coração e mente para que o indivíduo se torne integral e
produtivo da forma correta representa autêntico desafio
para toda e qualquer religião.
Com isso, a escolha do amor, do lado emocional como uma
forma de auxiliar no controle das sensações e o aumento
da consciência, da conscientização, é a alternativa
proposta pelo missionário mineiro. A linguagem de Chico
é o seu exemplo de amor a Deus, amor aos homens, luz que
verte de seu coração, consola e inspira. Não é preciso
ser nenhum diplomado para entender e o conhecimento
estaria disponível tanto aos simples e puro de coração,
como também, as criancinhas. É a encarnação de alguém
que viveu as bem-aventuranças do monte entre nós. O
exemplo como lição. A inspiração como liderança. A
humildade como a carta viva de Cristo, para mostrar aos
quatro ventos a vivência dos sagrados mandamentos:
“Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de
toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o
teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo”
(Lucas 10:27).
Portanto, nestas horas de possíveis guerras, pandemias e
dores no mundo, não esqueçamos da simplicidade de nossos
mestres e de suas lições preciosas.
Não deixemos o amor esfriar, tampouco desaparecer entre
nós. É o amor, a vibração elevada, que nos tornará aptos
aos novos tempos. Larguemos então de lado as raivas de
qualquer monta, as inimizades, os medos e receios
enquanto ainda há tempo. Não deixemos questões mundanas
separar o movimento espírita ou a própria família, em
especial com os truques dos irmãos ainda em ignorância.
Não caíamos em suas lábias ou armadilhas. Foquemos no
Cristo e na família e, para o nosso privilégio, temos os
diversos exemplos, vídeos, literatura, áudio,
testemunhos de nosso apóstolo do amor. Sigamos o nosso
querido Chico, empunhando a espada do amor, o escudo do
perdão, o capacete de Deus sem medo das batalhas e de
suas consequências.