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por Paulo Hayashi Jr.

 

Chico Xavier e o preparo para os novos tempos


Não é novidade para ninguém que os irmãos das sombras são bem informados e oportunistas. Desde tempos imemoriais, mesmo no paraíso do Éden, a luz precisou aprender a lidar com as sombras e servir-se de suas artimanhas para apurar ainda mais a inteligência, o conhecimento e a vontade como formas de alavancar a experiência. Jesus Cristo nos deixou imortalizada a lição em diferentes momentos, com destaque para a seguinte passagem: “Eu os estou enviando como ovelhas no meio de lobos. Portanto, sejam astutos como as serpentes e sem malícia como as pombas” (Mateus 10:16).

Até mesmo Cristo foi tentado no deserto e também próximo do seu período final com a crucificação no Gólgota (Lucas 23:26-43). Nos dias atuais, também não poderia ser diferente em relação aos trabalhadores que buscam divulgar e viver os ensinos do mestre Nazareno. Grandes seareiros e obreiros também contam com adversidade as alturas. Não é de se estranhar então que, para tais trabalhadores, certamente há muito preparo e zelo antes mesmo da própria encarnação. Não apenas envolvendo a questão da família, do local, mas de sua missão e como isso pode ajudar melhor a humanidade. No caso específico de Francisco Cândido Xavier, o preparo deve ter sido gigantesco, seja do lado de lá, seja do nosso.

Neste pequeno artigo, explora-se uma faceta pouco vista dentro do movimento espírita sobre o conteúdo da obra e do comportamento do nobre missionário. Por exemplo, há discussões e até mesmo certas críticas da mudança do estilo e da natureza de Chico Xavier em relação as obras do codificador do Espiritismo, Allan Kardec. Todavia, e se a reencarnação de Chico Xavier viesse a ser feita para o enfrentamento dos “finais dos tempos”, tais como descrito no capítulo 24 do Evangelista Mateus, em especial, o versículo 12: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará” (Mateus 24:12)? Ou ainda, para responder ao livro do Apocalipse de João Evangelista?!

Neste caso, as obras de Chico Xavier seriam feitas então para manter ainda acesa e cálida a luz do amor entre os homens, bem como até mesmo a sobrevivência em um mundo “pós-apocalíptico”. Comportamento e obras de Chico podem ser melhor pensados nestes contextos como uma forma de preparação para o enfrentamento da transição e tribulações de um mundo de provas e expiações para o de redenção. É o aumento da vibração e da luz pessoal, sem acreditar nos falsos profetas, tampouco sem medo dos tempos atuais e vindouros.

Dentro da humanidade, a história da escatologia é longa, curiosa e, ao mesmo tempo, repleta de linguagens simbólicas e codificadas, as quais podem ser vistas através de jogadas racionais com pretensas chaves para ler os códigos. Entretanto, o lado racional pode trazer armadilhas, como legítimo labirinto mental, e com possibilidade de criação de figuras monstruosas, tal como o Minotauro e a Medusa. O primeiro representa alguém apenas forte fisicamente, mas sem as capacidades de desenvolver habilidades superiores com o coração e a mente. Já a Medusa costuma ser um símbolo bem característico daquelas pessoas que são dotadas de forte raciocínio e conhecimento, mas pobre de coração. Os pensamentos se tornariam como serpentes, as quais podem picar e machucar as vítimas.  Alinhar e equilibrar mãos, coração e mente para que o indivíduo se torne integral e produtivo da forma correta representa autêntico desafio para toda e qualquer religião. 

Com isso, a escolha do amor, do lado emocional como uma forma de auxiliar no controle das sensações e o aumento da consciência, da conscientização, é a alternativa proposta pelo missionário mineiro. A linguagem de Chico é o seu exemplo de amor a Deus, amor aos homens, luz que verte de seu coração, consola e inspira. Não é preciso ser nenhum diplomado para entender e o conhecimento estaria disponível tanto aos simples e puro de coração, como também, as criancinhas. É a encarnação de alguém que viveu as bem-aventuranças do monte entre nós. O exemplo como lição. A inspiração como liderança. A humildade como a carta viva de Cristo, para mostrar aos quatro ventos a vivência dos sagrados mandamentos: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo” (Lucas 10:27).

Portanto, nestas horas de possíveis guerras, pandemias e dores no mundo, não esqueçamos da simplicidade de nossos mestres e de suas lições preciosas.

Não deixemos o amor esfriar, tampouco desaparecer entre nós. É o amor, a vibração elevada, que nos tornará aptos aos novos tempos. Larguemos então de lado as raivas de qualquer monta, as inimizades, os medos e receios enquanto ainda há tempo. Não deixemos questões mundanas separar o movimento espírita ou a própria família, em especial com os truques dos irmãos ainda em ignorância. Não caíamos em suas lábias ou armadilhas. Foquemos no Cristo e na família e, para o nosso privilégio, temos os diversos exemplos, vídeos, literatura, áudio, testemunhos de nosso apóstolo do amor. Sigamos o nosso querido Chico, empunhando a espada do amor, o escudo do perdão, o capacete de Deus sem medo das batalhas e de suas consequências.[1]

 

[1] Escrito em homenagem aos meus pais, Paulo Hayashi e Ioko Ikefuti Hayashi, que já se encontram na Pátria Espiritual.


    

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita