Tentação e remédio
Qual acontece com a árvore, a equilibrar-se sobre as
próprias raízes, guardamos o coração na tela do
presente, respirando o influxo do passado.
É assim que o problema da tentação, antes que nascido de
objetos ou paisagens exteriores, surge fundamentalmente
de nós — na trama de sombra em que se nos enovelam os
pensamentos…
Acresce, ainda, que essas mesmas ondas de força
experimentam a atuação dos amigos desenfaixados da carne
que deixamos a distância da Esfera física, motivo por
que, muitas vezes, os debuxos mentais que nos incomodam
levemente, de início, no campo dessa ou daquela ideia
infeliz, gradualmente se fazem quadros enormes e
inquietantes em que se nos aprisionam os sentimentos,
que passam, muita vez, ao domínio da obsessão manifesta.
Todavia, é preciso lembrar que a vida é permanente
renovação propelindo-nos a entender que o cultivo da
bondade incessante é o recurso eficaz contra o assédio
de toda influência perniciosa.
É o trabalho, por essa forma, o antídoto adequado, capaz
de anular toda enquistação tóxica do mundo íntimo,
impulsionando-nos o Espírito a novos tipos de sugestão,
nos quais venhamos a assimilar o socorro dos Emissários
da Luz, cujos braços de amor nos arrebatam ao nevoeiro
dos próprios enganos.
Assim, pois, se aspiras à vitória sobre o visco da treva
que nos arrasta para os despenhadeiros da loucura ou do
crime, ergue no serviço à felicidade dos semelhantes o
altar dos teus interesses de cada dia, porquanto ainda
mesmo o delinquente confesso, em se decidindo a ser o
apoio do bem na Terra, transforma-se, pouco a pouco, em
mensageiro do Céu.
Do livro Religião dos Espíritos,
obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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