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por Marcus Vinicius de Azevedo Braga

 

Força, guerreiro!


É muito comum, inclusive nas relações no interior das atividades espíritas, a utilização de metáforas bélicas para se referir as atividades cotidianas. Trabalhos são vistos como lutas, obsessores como inimigos, e trabalhadores, como guerreiros. Uma forma de enxergar a realidade como uma grande batalha, com lados e vitórias.

Uma visão polarizada, superficial e maniqueísta da vida, na qual existe um lado certo, hegemônico, ungido, e que deve se sobrepor a um outro errado, que deve ser combatido, o que pouco dialoga com uma fé raciocinada, que discute e promove a construção do conhecimento, por meio do estudo constante e disciplinado, como propõe o espiritismo.

Palavras tem forças, atraem modelos mentais e ao nos referirmos as nossas atividades como se fossem batalhas, trazemos uma carga bem diferente da mansidão do nazareno, o cordeiro de Deus, e deixamos de lado um sentimento de construção da paz interior, para dar espaço a visões de que os problemas estão fora de nós, em inimigos a serem destruídos. Mais distante do ideal espírita, impossível.

O amor que une, concilia e perdoa, perde para um sentimento bélico de força, que dialoga com a raiva, o medo e o ódio. O espiritismo é algo que se faz na essência das relações, e não na etiqueta de denominações, e se agimos de forma diferente da mensagem do Cristo, que nos mandou amar nossos inimigos, os efeitos concretos serão de igual natureza.

O espiritismo não nos convida para uma batalha espiritual, e sim para a construção do homem de bem por meio do estudo e da prática do bem, em uma proposta de solidariedade e de busca do conhecimento como chaves do processo evolutivo. A superficial e tentadora ideia de lutar contra inimigos externos já se mostrou fadada ao insucesso na história do cristianismo, servindo aos interesses da manipulação e da hipocrisia.

Não somos guerreiros, e sim discípulos de um filho de carpinteiro, estudiosos da obra dos espíritos trazida por um professor francês, e vemos como a maior vitória a ser obtida aquela sobre as nossas imperfeições durante a encarnação. Não há inimigos, há irmãos. Não há batalhas, há trabalho. Não há vitória, apenas evolução.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita