Na higienização das zonas estercorárias
O alimento do Espírito são os pensamentos agradáveis que
estimulam a vivência do bem
“(...) Nem presta para a terra, nem para o monturo;
lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” - Jesus.
(Lc., 14:35.)
No decorrer dos milênios, através das inúmeras
encarnações em que penosamente vem acumulando um acervo
de abundantes equívocos e raros acertos, o homem ainda
não despertou para a necessidade de utilizar-se da
psiconáutica para a grande viagem ao interior de si
mesmo.
Sócrates, Santo Agostinho e outros, atinaram para tal
necessidade... Há que se conhecer a si mesmo para a
completa erradicação de todo vestígio de nossa passagem
pelos reinos inferiores, alijando os atavismos
animalizantes que são as sujidades da Alma imortal.
Com Emmanuel,
deduzimos do versículo de Lucas em epígrafe que Jesus “(...)
emprestou significação ao monturo. Terra e lixo nesta
passagem revestem-se de valor essencial. Com a primeira
realizaremos a semeadura, com a segunda é possível fazer
a adubação, onde se faça necessária. (...) O Evangelho
está repleto de lições no setor do conhecimento
iluminativo”.
É através das luminescentes páginas registradas pelos
Evangelistas, agora ampliadas pelas lentes da Doutrina
Espírita que conseguiremos equacionar o problema de
nossos grandes males.
Transformemos, pois, o monturo constituído pelos nossos
remorsos, fraquezas e ignorância em fertilizante para a
terra sáfara de nossos corações, convertendo essa “terra
íntima” em ubérrimo campo adequado a fartas
colheitas.
Pela mediunidade de Divaldo Franco, afirma Daniel Suárez
Artazú: “(...)
os valores externos enchem espaços, deixando vazio o
coração, não satisfazendo o ser íntimo; por isso, vê-se
indivíduos prósperos, economicamente, porém, irritáveis,
violentos, insatisfeitos, enquanto que outros, sem as
mesmas posses, apresentam-se tranquilos, bem dispostos,
confiantes...
Há uma necessidade urgente de que o ser reencontre sua
intimidade, descobrindo todo o potencial de forças
inesgotáveis que existem, aguardando-lhe, para alcançar
a finalidade que lhe destina a vida.
Este é um desafio que exige valor moral e aplicação de
recursos espirituais, para alcançar o êxito. Porém, com
isso, as consequências terão um rendimento insuperável e
permanente. Conhecendo suas forças, o ser sabe
conduzi-las, aplicá-las com sabedoria, canalizar suas
aspirações e conseguir o triunfo que lhe coroará de paz.
O Espiritismo é a doutrina especialmente dotada de meios
para tal conquista. Ciência do Espírito leva o
pensamento à investigação das causas, cujos efeitos se
apresentam no cotidiano, interpretando-os; converte-se
em seu condutor, trocando os resultados que, então,
serão positivos e construtivos. Remontando-se à origem
da vida em si mesma, compreende quão frágil é a
organização material e suscetível de transformação, para
deixar-se arrastar por seus enganos. Observar o
mecanismo da vida é defrontar com todo um complexo
sistema de realizações que deve merecer contínuo
trabalho a fim de penetrá-lo em sua intimidade mais
sutil.
Todo um conjunto de leis surge reclamando estudo e
compreensão, o que resulta em uma filosofia, por sua
vez, otimista, que aclara os aparentes enigmas
desafiantes para a inteligência e o sentimento.
Partindo da Causa
Primeira,
com o Espiritismo se chega a todos os efeitos, num
encadeamento lógico, simples e real, que propicia a
equação do que parece uma incógnita. Surge, disto, uma
ética baseada na sã moral, quer dizer, a moral do bem e
do amor que deve dirigir o destino de todos os seres
humanos. Isto exige introspecção e vida íntima!
Assim, como se necessita de tempo para a digestão e
assimilação dos alimentos, do mesmo modo, para a
manutenção da Alma, faz-se imprescindível a imersão
mental no oceano do mundo interior.
Quanto mais se acostuma na busca de respostas em sua
intimidade, à reflexão do conhecimento para penetrar-lhe
o sentido, mais robusto se faz quem aceitou o desafio da
conquista espiritual de si mesmo. A introspecção pessoal
oferece visão otimista da vida e seus problemas,
impedindo que os dissabores, as surpresas negativas,
produzam estados patológicos na personalidade ou na
organização somática.
O ser que possui vida interior consegue viver em um
clima psíquico saudável, no qual, o bem-estar constitui
uma constante em todas as situações a que se sinta
conduzido. Para ele não há mudanças bruscas, senão,
variações que não alteram, substancialmente, seu
comportamento.
Necessitamos alimentar o corpo e a Alma. O alimento do
Espírito são os pensamentos agradáveis que estimulam a
vivência do bem pela seleção natural de valores mentais.
Quem não se acostuma a pensar de forma edificante, cai
no marasmo mental e moral ou se aflige sob as ideias
negativas, vulgares, entorpecedoras, que lhe acometem,
enchendo seu campo psíquico”.
Que tipo de terreno estamos oferecendo, em nossa
intimidade, para que floresçam as sementes de luz
esparzidas há mais de dois milênios pelo Mestre Maior?
Será que de nós se poderá falar que nem
prestamos para a terra, nem para o monturo; e lançam-nos
fora?