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por Jane Martins Vilela

Jesus e o Natal


Mais um dezembro que chega. Como pensar em dezembro, se não pensar em Jesus, o mestre da esperança na Terra?

Reverenciamos o Senhor, que, descendo das alturas celestiais por amor aos homens, envergou a roupagem grosseira que é o corpo humano, perfeito, na criação divina, mas humílimo na grandeza da perfeição!

Curvemo-nos no amor ao Mestre, como ele se curva para nos olhar com seus olhos de luz e nos envolver com sua misericórdia!

O Natal, lembrança doce e feliz dos homens ao nosso Mestre, chega.

Reverenciando o Senhor, aqui transcrevemos, do livro À Luz da Oração, psicografado por Chico Xavier, um poema de Carmem Cinira, intitulado Súplica de Natal:


Senhor, tu que deixaste a rutilante esfera

Em que reina a beleza e em que fulgura a glória,

Acolhendo-te humilde à palavra merencória

Do mundo estranho e hostil, em que a sombra ainda impera;


Tu que por santo amor deixaste a primavera

Da luz que te consagra o poder e a vitória,

Enlaçando na Terra o inverno, a lama e a escória

Dos que gemem na dor implacável e austera...


Sustenta-me na volta à escura estrebaria

Da carne que me espera em noite rude e fria,

Para ensinar-me agora a senda do amor puro! ...

 

E que eu possa em teu nome, abraçar renovada,

A redentora cruz de minha nova estrada.

Alcançando contigo a ascensão do futuro.


Nesta hora em que tantos sofrem na Terra, em que os canhões que pareciam silenciosos voltaram a rugir e a brutalidade e a violência novamente despertaram entre os homens, lembremos Jesus, o Mestre que nos pediu para sermos pacificadores.

Que sejamos mansos. Que exercitemos a mais pura caridade em nossas vidas, dentro do possível e de nossas limitações

Que o amor seja a nossa atitude, pois assim nos pediu Jesus: que nos amássemos uns aos outros...

E lembrando, do Parnaso de Além-Túmulo, por Chico Xavier, do espírito de Rodrigues de Abreu, a poesia Vi-te Senhor!


Eu não pude ver-te meu Senhor,

Nos bem-aventurados do mundo

Como aquele homem humilde e crente do conto de Tolstói.

Nunca pude enxergar

As tuas mãos suaves e misericordiosas

Onde gemiam as dores e misérias da Terra;

E a verdade, Senhor,

É que te achavas, como ainda te encontras,

Nos caminhos mais rudes e espinhosos,

Consolando os aflitos e os desesperados...

Estás no templo de todas as religiões,

Onde busquem teus carinhos

As almas sofredoras,

Confundindo os que lançam o veneno do ódio em teu nome,

Trazendo a visão doce do céu

Para o olhar angustioso de todas as esperanças...

Estás na direção dos homens,

Em todos os caminhos de suas atividades terrestres,

Sem que eles se apercebam

De tua palavra silenciosa e renovadora,

De tua assistência invisível e poderosa,

Cheia de piedade para com as suas fraquezas.

Entretanto,

Eu era também cego no meio dos vermes vibráteis que são os homens,

E não te encontrava pelos caminhos ásperos...

 

Mocidade, alegria, sonho e amor,

Inquietação ambiciosa de vencer,

E minha vida rolava no declive de todas as ânsias...

Chamaste-me, porém,

Com a mansidão de tua misericórdia infinita.

Não disseste o meu nome para não me ofender;

Chamaste-me sem exclamações lamentosas,

Com o verbo silencioso do teu amor,

E antes que a morte coroasse a tua magnanimidade para comigo,

Vi que chegavas devagarinho,

Iluminando o santuário de meu pensamento

Com a tua luz de todos os séculos!

Falaste-me com a tua linguagem do Sermão da Montanha,

Multiplicaste o pão das minhas alegrias

E abriste-me o céu, que a terra fechara dentro de minh’alma...

E entendi-te Senhor,

Nas tuas maravilhas de beleza,

Quando te vi na paz da natureza,

Curando-me com a dor.


Que continuemos nossa trajetória de autodescobrimento e de amor e que tenhamos um Natal de muita paz.

Feliz Natal a todos!

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita