Artigos

por Altamirando Carneiro

 

Nelson Mandela e a luta contra a discriminação


Nelson Mandela foi o responsável, na África do Sul, pela união de negros e brancos, quando, não faz muito tempo, uns entravam por uma porta e outros pela outra, simplesmente porque uns tinham a pele clara e outros a pele escura.

Nelson Rolihlahla Mandela (Mvezo, 18 de julho de 1918 – Joanesburgo, 5 de dezembro de 2013), Prêmio Nobel da Paz de 1993 (recebido em 2002), presidente da África do Sul de 27 de abril de 1994 a 16 de junho de 1999, preso em agosto de 1962 e libertado em 11 de fevereiro de 1990, principal líder do antiapartheid (apartheid, antigo regime de segregação racial da África do Sul), cumpriu bem sua missão.

Ele foi não somente o libertador no seu país de uma raça altiva, dominada pelo branco opressor, mas também um exemplo de governante e um homem de uma grande responsabilidade social como líder e como cidadão. Alguns episódios aconteceram na África do Sul para que finalmente houvesse, com Mandela no comando, uma reflexão maior sobre o respeito humano, como quando em Clive o coração de um homem negro foi transplantado num homem branco, o que motivou considerações como: "se o coração de um negro pode pulsar no peito de um branco, por que ambos não podem gozar dos mesmos direitos políticos e sociais?”.

O apartheid (separação) foi um regime de segregação racial adotado de 1948 a 1994 pelos sucessivos governos do Partido Nacional na África do Sul, onde os direitos da grande maioria dos habitantes foram cerceados pelo governo formado pela maioria branca.

A segregação racial na África do Sul teve início no período colonial e o apartheid foi introduzido como política oficial após as eleições gerais de 1948.

Reformas no regime durante a década de 1980 não conseguiram conter a crescente oposição. Em 1990, o presidente Frederik Willen de Klerk iniciou negociações para acabar com o apartheid, que culminou com a realização de eleições multirraciais e democráticas em 1994, que foram vencidas pelo Congresso Nacional Africano, sob a liderança de Nelson Mandela.

A África do Sul deu um exemplo para o mundo. E quando um negro, Barack Obama, assumiu a presidência dos Estados Unidos, um sinal foi dado: hora de mudar os conceitos, deixar de lado a altivez ilusória, o orgulho vil, o egoísmo destruidor, o preconceito que não leva a nada.

Na memória de todos, a lembrança das palavras de Martin Luther King: "Eu tive um sonho. Sonhei que um dia este país viverá seu ideal tal qual redigido em sua declaração de independência: temos esta verdade por evidente, que todos os homens são criados iguais”. Com apenas 25 anos, Luther King foi a pessoa mais jovem agraciada com o Prêmio Nobel da Paz.

Os idealistas são destemidos. Como a costureira Rosa Parks, que foi presa e multada por ter-se recusado a ceder o lugar, num ônibus, a um branco. Por tudo isso, essa frase constou das mensagens de celulares, nos Estados Unidos: "Rosa Parks sentou para Martin Luther King caminhar. King caminhou para Obama correr. E Obama correu para que as próximas gerações possam voar”.

A grande e poderosa nação não poderia suportar por muito tempo tanta demonstração de pobreza de espírito. E o movimento pela igualdade atinge o auge em 1964, com a Lei Federal dos Direitos Civis, que baniu a discriminação racial em todos os estabelecimentos públicos.

Dentro desse espírito, décadas antes a Assembleia Geral das Nações Unidas estabeleceu uma série de valores que devem ser respeitados: a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 10 de dezembro de 1948, que estabelece no seu Artigo I que todos os seres humanos nascem livres e iguais, em dignidade e direitos. São dotados de razão e de consciência e devem agir em suas relações com espírito de fraternidade.

Muito antes, em 26 de agosto de 1789, a Assembleia Nacional da França aprovou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. O Artigo 1º estabelece que os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundamentar-se na utilidade comum. O Artigo 4º diz que a liberdade consiste em fazer tudo que não prejudique o próximo: assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem limites senão aqueles que asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Esses limites apenas podem ser determinados pela lei.

Enfim, o mundo hoje compreende melhor que as diferenças entre as pessoas, muito menos a cor da pele, não pode ser empecilho para as ações do dia a dia, e muito menos podem impedir as demonstrações do sentimento.

O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, registra no capítulo X, item II – Escravidão -, que “a lei humana que estabelece a escravidão é uma lei contra a Natureza, pois assemelha o homem ao bruto e o degrada moral e fisicamente”. E mais: (...) “Os homens têm considerado, há muito, certas raças humanas como animais domesticáveis, munidos de braços e de mãos, e se julgam no direito de vender os seus membros como bestas de carga. Consideram-se de sangue mais puro. Insensatos, que não enxergam além da matéria! Não é o sangue que deve ser mais ou menos puro, mas o Espírito”.

Hoje é inadmissível que ainda se discrimine o semelhante pela cor da pele, ou por qualquer outro motivo. Isso ainda acontece, devido à inferioridade do homem. No mesmo capítulo, mesmo item, O Livro dos Espíritos diz: (...) “A escravidão é um abuso da força e desaparecerá com o progresso, como pouco a pouco desaparecerão todos os abusos”.
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita