Amélia Rodrigues, a
escritora que enalteceu fatos vividos por Jesus
Quem já viu palestras do orador Divaldo Franco
certamente já o ouviu recitar versos do “Poema da
gratidão”, de Amélia Rodrigues. Um dos trechos desse
poema diz:
“Muito
obrigado, Senhor!
Porque eu posso ver meu amor.
Mas diante da minha visão
Detecto cegos que tropeçam na escuridão
que tropeçam na multidão
E que choram na solidão.”
Esses versos são um exemplo da sensibilidade da obra de
Amélia Rodrigues, poetisa baiana, escritora, teatróloga,
professora e tradutora, uma mulher que esteve à frente
do seu tempo e foi ligada ao movimento católico, já que
na época em que viveu o movimento espírita ainda estava
chegando ao Brasil. Assim, sua maior contribuição à
doutrina espírita se deu no plano espiritual. Através da
psicografia de Divaldo Franco, Amélia produziu uma obra
literária vasta e esclarecedora, baseada no Evangelho.
Quem foi Amélia Rodrigues
Amélia
Augusta do Sacramento Rodrigues nasceu em 26 de maio de
1861 na Fazenda Campos, situada em Freguesia de Oliveira
dos Campinhos, município de Santo Amaro da Purificação,
na Bahia. Hoje essa cidade se chama Amélia Rodrigues,
num reconhecimento à sua dedicação à literatura, ao
jornalismo e à assistência social. Foi também
empreendedora: fundou uma escola em Salvador, o
Instituto Maternal Maria Auxiliadora, com o objetivo de
dar não só formação educacional, mas que também
contribuísse para que os alunos compreendessem a
mensagem de Jesus. Em 1905, quando um dos seus alunos
foi selecionado para lecionar inglês pelo sistema do
filósofo Spencer, Amélia o ajudou a compreender o
pensamento daquele filósofo. Disse a ele: "O jovem
precisa de educação moral, que é o princípio fundamental
da disciplina social; sem apelar para o coração, educar
é formar no homem as mais duradouras forças da ordem
social".
Defensora das artes e da educação
De acordo
com a escritora espírita Denise Luna, a existência de
Amélia foi de engajamento a várias causas, defendendo
direitos a todos, trabalhando pelas artes e pela
educação. Até hoje é uma autora estudada na academia por
sua atuação nessas áreas. Também se dedicou ao
jornalismo, colaborando em publicações religiosas, como
em O Mensageiro da Fé. Depois, na revista A
Paladina e A Voz. Escreveu algumas peças teatrais,
como Fausta e A Natividade. Colaborou
ainda com poesias: "Religiosa Clarisse" e "Bem me
queres" e escreveu obras para literatura infantil,
didáticas e romances.
Ela
desencarnou em Salvador, com 65 anos de idade, em 22 de
agosto de 1926. Trinta anos depois, na década de 1950,
já estava dando continuidade ao seu trabalho
esclarecedor e educativo, inspirando palestras de
Divaldo Franco, baseando-se principalmente no Evangelho.
Muitas das suas narrativas que apareciam nas
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palestras
do orador baiano foram transformadas em contos, como o
caso do livro Primícias do reino, de 1977,
com histórias que trazem acontecimentos
vivenciados por |
Jesus, desconhecidos até então. |
Amélia faz isso com
riqueza de detalhes, como se estivéssemos, de fato,
convivendo com o mestre. No prefácio de seu livro Luz
do mundo, de 1971, a escritora diz que no mundo
espiritual é comum os espíritos se reunirem para
recontar os ditos e feitos de Jesus e partilhar suas
vivências.
Vivências que passaram de geração a geração
Dessa
parceria de Amélia Rodrigues com o médium Divaldo Franco
vieram inúmeras obras, como Quando voltar a primavera, Pelos
caminhos de Jesus, Trigo de Deus e há também
participações da escritora em coletâneas de mensagens de
espíritos diversos, como no livro Sol de esperança,
em que está o “Poema da gratidão”, que o orador baiano
psicografou em Buenos Aires, na Argentina, em 1962, e
que passou a apresentá-lo para encerrar as suas
palestras.
Segundo
Amélia Rodrigues explica, suas narrativas são
interpretações de algumas das ocorrências que
assinalaram o apostolado de Jesus, que passaram de
geração a geração, tornando-se motivo de comentários
felizes que se repetem entre os desencarnados. “Nunca se
ouviram palavras iguais às que ele pronunciou, nem
música semelhante à que saiu dos seus lábios” – reflete
a escritora.
Bibliografia:
¹ Federação Espírita
Brasileira - LINK-1
² Palestra da escritora
espírita Denise Luna de 22.10.2022 - LINK-2
Rita Cirne é
jornalista e colaboradora do Grupo Espírita Batuíra, em
São Paulo, e do jornal Valor Econômico.
Este texto
foi publicado originalmente no Correio Fraterno, de
São Bernardo do Campo (SP), em 4
de dezembro de 2023.