Um minuto
com Chico Xavier

por Regina Stella Spagnuolo

   

Com paciência e um arsenal de "causos", apólogos e conselhos do Além, Chico se tornava a cada dia mais persuasivo. Aprendia com a sucessão de histórias trágicas e cômicas que desfilavam diante de seus olhos e passava as lições adiante. Era um bom aluno e, portanto, um bom professor.

O médico Elias Barbosa teve aulas de psicologia com o mestre Chico. Recém-formado em 1958, ele fundiu medicina, psicanálise e Espiritismo em seu consultório e em 24 anos de serviços gratuitos prestados no sanatório espírita aos "irmãos com sofrimento mental", segundo um dos eufemismos de Chico.

Freud, estetoscópio e soro fisiológico conviviam com passes, rezas e águas fluidificadas em terapias pouco ortodoxas. Pais desesperados com filhos à beira do suicídio entravam no consultório do médico dublê de psiquiatra e de lá saíam com muito mais do que teorias sobre o complexo de Édipo e Electra, elucubrações sobre a inveja do pênis ou receitas de antidepressivos.

Elias Barbosa ia além: Se você quer evitar o suicídio de seu filho, vá para a cadeia e ajude os presos. Escreva cartas para eles, dê cobertores aos detentos, vire pai e mãe deles.

Muitos não entendiam nada. De acordo com a lógica do guru Chico Xavier, os presos quase sempre eram acompanhados pelos espíritos das mães mortas. E elas retribuíam toda a ajuda dada a seus filhos pedindo aos benfeitores espirituais atenção a quem os auxiliasse.

No Dia das Mães, a cada ano, Chico reunia um grupo de amigos e visitava os presos. Distribuía sorrisos, cumprimentos, algum dinheiro e ia embora. Nunca lia o Evangelho, como fazia em peregrinações pelos bairros pobres antes de doar os alimentos. Dizia que não poderia aproveitar-se do fato de eles estarem atrás das grades para dar sermão.

Numa tarde, o Dr. Elias Barbosa conheceu um pouco da "terapia de casais" defendida por Chico Xavier. Ele almoçou com o médium e seu companheiro Waldo num restaurante em São Paulo e, ao pedir a conta, teve uma surpresa. Uma mulher, na mesa ao lado, já tinha pago a despesa. Ao lado do marido, ela se aproximou com um buquê e o entregou a Chico, comovida. Mais tarde, ele explicou. Aquela senhora tinha chegado atônita à Comunhão Espírita. Estava em crise com o marido, disposta a se separar. Chico se limitou a aconselhar: - Trate seu marido como um filho. Deu certo. Édipo venceu, o casamento também.

 

Do livro As vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior. 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita