Esclarecer e consolar
Esta reflexão trata das ações de esclarecer e consolar a
quem procura a casa espírita para atendimento fraterno.
Nesse atendimento, poderemos observar atividades para
assistir as necessidades básicas e imediatas de quem
procura ajuda, mas também serviço de esclarecimento e
consolo para amparar com fé, esperança e coragem o
acolhido, auxiliando-o a enfrentar, em melhores
condições, as provas e expiações da vida no seu processo
de evolução moral e espiritual.
As necessidades imediatas e transitórias sempre
incidirão no cotidiano das pessoas, porquanto elas são
reais e devem ser percebidas e assistidas,
principalmente no que toca a sobrevivência,
enfermidades, dores, aflições e sofrimentos.
Contudo, além da caridade material, o ser humano precisa
também da caridade moral e espiritual para suprir suas
carências e libertar a alma. Nesse
contexto, importante desenvolver ações para
transformação do Espírito imortal pela compreensão do
Evangelho, fazendo o assistido visualizar, pelo
esclarecimento e consolo, recompensas futuras pela
justiça divina, nessa vida ou na futura, como
oportunidade de recomeço e regeneração.
Esclarecer
A palavra esclarecer pode ser entendida como tornar
claro ou compreensível, iluminar, elucidar, desvendar ou
explicar.
Para nossas reflexões, focaremos o esclarecer como
iluminar a alma pela verdade divina ensinada e
exemplificada pelo Mestre Jesus, que serve como roteiro
de vida para o progresso moral e espiritual de cada ser
humano na busca da perfeição.
O Espírito Emmanuel, em “A candeia viva”, no livro Fonte
viva, Capítulo 81, na psicografia de Francisco
Cândido Xavier”, ensina:
“Em verdade o sermão edificante e o auxílio fraterno são
indispensáveis na extensão dos benefícios divinos da fé.
Sem a palavra, é quase impossível a distribuição do
conhecimento. Sem o amparo irmão, a fraternidade não se
concretizará no mundo. (...)
É um erro lamentável despender nossas forças, sem
proveito para ninguém, sob a medida de nosso egoísmo, de
nossa vaidade ou de nossa limitação pessoal.
Coloquemos nossas possibilidades ao dispor dos
semelhantes.
Ninguém deve amealhar as vantagens da experiência
terrestre somente para si. Cada espírito provisoriamente
encarnado, no círculo humano, goza de imensas
prerrogativas, quanto à difusão do bem, se persevera na
observância do Amor universal.
Prega, pois, as revelações do Alto, fazendo-as mais
formosas e brilhantes em teus lábios; insta com parentes
e amigos para que aceitem as verdades imperecíveis; mas,
não olvides que a candeia viva da iluminação espiritual
é a perfeita imagem de ti mesmo.
Transforma as tuas energias em bondade e compreensão
redentoras para toda gente, gastando, para isso, o óleo
de tua boa-vontade, na renúncia e no sacrifício, e a tua
vida, em Cristo, passará realmente a brilhar.”
Emmanuel destaca que a difusão da Palavra e o auxílio
fraterno em proveito do próximo são indispensáveis para
levar os benefícios divinos da fé e o amparo para
construir um ambiente mais fraternal no mundo. Para
tanto, é preciso renunciar ao egoísmo, à vaidade e à
limitação pessoal em favor dos semelhantes.
O esclarecimento ilumina o caminho para o bem e faz
enxergar as fontes de vida eterna. Como consequência,
não se deve reter egoisticamente as experiências e os
conhecimentos adquiridos. É preciso contribuir para o
progresso geral da Humidade com a difusão da Palavra em
prol do divino amor e da fraternidade universal. É fazer
brilhar a própria luz em benefício de todos, convertendo
sua energia em benefícios redentores.
Vinícius, no livro Em torno do Mestre, em “A
palavra”, escreveu: “A palavra ilumina, convence,
edifica, converte. Ela penetra o recesso das
consciências, sonda o abismo dos corações. Não há poder
que a detenha, não há força que a neutralize: basta que
seja a expressão da verdade. (...) O pensamento é força,
é poder, é energia: palavra é o seu veículo. Nada se faz
no plano em que vivemos sem a sua valiosa e
indispensável atuação.” Em síntese: a compreensão da
Palavra é luz que afasta as trevas reinantes.
Consolar
Consolar pode ser entendido como confortar, amenizar,
animar, amparar, aliviar a dor, o sofrimento e a aflição
de outrem ou própria, com palavras, recompensas e
promessas.
Consolar alguém, que passa por momentos difíceis, requer
empatia, compaixão, compreensão, responsabilidade,
respeito, paciência, habilidade e atitude para ajudar
essa pessoa a superar o que está enfrentando.
Nessas situações, um simples gesto, proferir palavras de
conforto, fé e esperança, ouvir atentamente seus
problemas, enxugar as lágrimas, dizer uma mensagem
amorosa, estimular pensamentos positivos, proporcionar
um abraço ou um olhar sincero, visualizar possibilidades
de soluções, dentre outros, podem aliviar o coração de
quem está sofrendo, demonstrando seu interesse, carinho
e apoio.
A consolação representa também oportunidade para
realizar caridade em benefício dos que sofrem,
estimulando reflexões a respeito dos ensinos do Mestre
Jesus, com palavras de vida eterna carregadas de
vibrações positivas.
O Espírito Emmanuel,
no livro Vinha de luz, capítulo 11, em “Caridade
essencial”, na psicografia de Francisco Cândido Xavier,
ensina:
“Em todos os lugares e situações da vida, a caridade
será sempre a fonte divina das bênçãos do Senhor.
Quem dá o pão ao faminto e água ao sedento, remédio ao
enfermo e luz ao ignorante, está colaborando na
edificação do reino divino, em qualquer setor da
existência ou da fé religiosa a que foi chamado.
A voz compassiva e fraternal que ilumina o espírito é
irmã das mãos que alimentam o corpo.
Assistência, medicação e ensinamento constituem
modalidades santas da caridade generosa que executa os
programas do bem. São vestiduras diferentes de uma
virtude única. Conjugam-se e completam-se num todo nobre
e digno.
Ninguém pode assistir a outrem, com eficiência, se não
procurou a edificação de si mesmo; ninguém medicará, com
proveito, se não adquiriu o espírito de boa-vontade para
com os que necessitam, e ninguém ensinará, com
segurança, se não possui a seu favor os atos de amor ao
próximo, no que se refira à compreensão e ao auxílio
fraternais.
Em razão disso, as menores manifestações de caridade,
nascidas da sincera disposição de servir com Jesus, são
atividades sagradas e indiscutíveis. Em todos os
lugares, serão sempre sublimes luzes da fraternidade,
disseminando alegria, esperança, gratidão, conforto e
intercessões benditas.
Antes, porém, da caridade que se manifesta exteriormente
nos variados setores da vida, pratiquemos a caridade
essencial, sem o que não poderemos efetuar a edificação
e a redenção de nós mesmos. Trata-se da caridade de
pensarmos, falarmos e agirmos, segundo os ensinamentos
do Divino Mestre, no Evangelho. É a caridade de vivermos
verdadeiramente nele para que Ele viva em nós. Sem esta,
poderemos levar a efeito grandes serviços externos,
alcançar intercessões valiosas em nosso benefício,
espalhar notáveis obras de pedra, mas, dentro de nós
mesmos, nos instantes de supremo testemunho na fé,
estaremos vazios e desolados, na condição de mendigos de
luz”.
Emmanuel destaca que a caridade essencial, sagrada e
generosa no programa do bem, é constituída de diferentes
modalidades, com destaque para: assistência, medicação e
ensinamento, permeando lugares e situações da vida,
sendo uma fonte divina.
Para realizar a caridade essencial, precisamos edificar
em nós mesmos o espírito de boa-vontade e o amor ao
próximo para os que necessitam de assistência fraternal,
disseminando alegria, esperança, gratidão, conforto e
intercessões benditas.
A Federação Espírita Brasileira, em “Orientação ao
Centro Espírita”, aprovado pelo Conselho Federativo
Nacional da Federação em novembro de 2020, na
apresentação, expressa: “Compreendendo o Centro
Espírita como célula fundamental do Movimento Espírita e
polo de consolo e esclarecimento aos irmãos em
Humanidade, reconhece-se a sua relevância para a
edificação do mundo novo, para a construção da paz e
para a promoção do bem a partir da regeneração do ser e
da compreensão de sua imortalidade. (...) ... todos os
servidores da Seara Espírita empenhados em participar
deste esforço comum, orientado no sentido de colocar a
mensagem esclarecedora e consoladora da Doutrina
Espírita ao alcance e a serviço de todas as pessoas.”
Por esse texto, a Federação destaca a importância da
mensagem esclarecedora e consoladora da Doutrina
Espírita para todas as pessoas, como meio para a
edificação do mundo novo, construção da paz e promoção
do bem a partir da regeneração do ser e da compreensão
de sua imortalidade.
Mais adiante, identifica os Centros Espíritas como: “...
postos de atendimento fraternal para todos os que os
buscam com o propósito de obter orientação,
esclarecimento, ajuda ou consolação”.
A respeito de palestras públicas, a orientação
identifica-as como: “uma reunião pública, na qual são
realizadas palestras ou conferências sobre temas
relacionados com a Doutrina Espírita, voltadas a atender
aos interesses da população em suas necessidades de
esclarecimento e consolação.”
Assim, percebe-se a orientação da Federação Espírita
Brasileira para se preservar o caráter da Doutrina
Espírita de esclarecimento e consolo espiritual, em
quaisquer atividades do Centro Espírita.
Em O Livro dos Espíritos, na questão 921, Allan
Kardec comenta os efeitos do esclarecimento e consolo: “Aquele
que se acha bem compenetrado de seu destino futuro não
vê na vida corporal mais do que uma estação temporária,
uma como parada momentânea em péssima hospedaria.
Facilmente se consola de alguns aborrecimentos
passageiros de uma viagem que o levará a tanto melhor
posição, quanto melhor tenha cuidado dos preparativos
para empreendê-la.”
Por tudo isso, devemos esclarecer e consolar a nós
mesmos e ao nosso semelhante para evoluir moral e
espiritualmente e galgar patamares mais elevados de
evolução.
Pelo esclarecimento e consolo, tendo
a certeza de que a vida continuará após a morte do corpo
físico, o ânimo para viver será outro, porquanto a
crença na vida futura fará viver com fé, confiança,
esperança, resignação e alegria, mesmo diante das duras
provações e expiações que provocam sofrimentos e dores
nos seres humanos.
Por outro lado, a visão acerca da vida terminar no nada,
sem uma perspectiva futura, é desastrosa para a evolução
da Humanidade, posto que, dominada pelo egoísmo
materialista, afasta a necessidade da aquisição de
virtudes e atributos morais para o progresso dos seres
humanos, quer individualmente ou sob o aspecto coletivo
para o avanço da sociedade.
Por conseguinte, nada esperando depois da morte, o ser
humano fará de tudo para aumentar os gozos do presente.
Se sofre, só terá a perspectiva do desespero e o nada
como refúgio. A incredulidade, a simples dúvida sobre o
futuro, as ideias materialistas serão os maiores
incitantes às quedas do ser humano. Que compensação lhes
podem oferecer? Que esperança lhes podem dar? Nenhuma, a
não ser o nada.
A Doutrina Espírita traz luz a questões existenciais à
medida que esclarece sobre: Deus, sua Natureza, seus
atributos e sua ação providencial; a criação do
Universo, as leis e os princípios que o regem; o bem e o
mal; a criação, a imortalidade e a progressão dos
Espíritos; a crença na vida futura; a lei de causa e
efeito; a lei do progresso; a lei do amor; a lei do
trabalho; o objetivo da reencarnação; a pluralidade de
existências; a compreensão dos sofrimentos e das dores;
e a busca da perfeição relativa à Humanidade, tendo
Jesus como modelo e guia: o caminho, a verdade e a fonte
de vida eterna em direção ao Pai.
Assim sendo, a vida tem sentido. Diante das provas e
expiações, viva em função do amor maior, como Jesus
amou, na busca da felicidade duradora, que nem a traça e
a ferrugem corroem. Viva por você mesmo e pelo seu
próximo, fazendo a caridade que liberta a alma!
Bibliografia:
BÍBLIA SAGRADA.
EMMANUEL (Espírito); psicografado por
Francisco Cândido Xavier. Fonte viva. 1ª Edição.
Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2020.
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA. Conselho
Federativo Nacional. Orientação ao Centro Espírita.
1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira,
2021.
KARDEC, Allan; tradução de Guillon
Ribeiro. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 1ª
Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira,
2019.
KARDEC, Allan; tradução de Guillon
Ribeiro. O Livro dos Espíritos. 1ª Edição.
Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
VINÍCIUS. Em torno do Mestre. 1ª
Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira,
2016.
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