Retorno
— “Rua, filho infeliz!…” — grita brandindo a vara
O severo dom João, de gesto frio e rude…
— “Não me mates, meu pai!… Socorro!… Deus me ajude!…”
Clama o rapaz, fugindo à mão que o desampara.
Mas não existe dor que o tempo não transmude.
Envelhece dom João na casa nobre e rara,
Lembra com novo amor o filho que expulsara;
Quer reencontrá-lo agora e viaja amiúde…
Certa noite, ante um rio, ao vento rijo e forte,
O castelão viajor pede auxílio e transporte…
Mas surge por barqueiro estranho maltrapilho…
É um moço salteador que o saqueia e tortura…
Dom João fita o agressor… É o filho que procura…
E morre a suplicar: — “não me mates, meu filho!…”
Do livro Amanhece, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.