Joias da poesia
contemporânea

Autoria: Valentim Magalhães

 

Retorno

 

— “Rua, filho infeliz!…” — grita brandindo a vara

O severo dom João, de gesto frio e rude…

— “Não me mates, meu pai!… Socorro!… Deus me ajude!…”

Clama o rapaz, fugindo à mão que o desampara.

 

Mas não existe dor que o tempo não transmude.

Envelhece dom João na casa nobre e rara,

Lembra com novo amor o filho que expulsara;

Quer reencontrá-lo agora e viaja amiúde…

 

Certa noite, ante um rio, ao vento rijo e forte,

O castelão viajor pede auxílio e transporte…

Mas surge por barqueiro estranho maltrapilho…

 

É um moço salteador que o saqueia e tortura…

Dom João fita o agressor… É o filho que procura…

E morre a suplicar: — “não me mates, meu filho!…”

 

Do livro Amanhece, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita