Pode não ser má sorte?
Tratava-se de um restaurante novo, estabelecido
no centro comercial da cidade, que tinha como
especialidade Galeto com catupiry. Alguns
amigos indicaram, e fomos, minha esposa e eu.
Atendidos, gentilmente, fizemos o pedido,
aguardando a iguaria solicitada. Quando chegou o
galetinho, e partimos o primeiro pedaço, não
vimos o menor sinal de queijo. O prato era frango
com catupiry, portanto o queijo,
obrigatoriamente, deveria ser localizado. Chamei
o garçom. Ele olhou, de forma suspeitosa, para o
prato e, na dúvida, levou de volta à cozinha.
Retornou, em menos de um minuto, dizendo.
- O cozinheiro disse que o queijo está aí.
Voltei a olhar. Tinha bons olhos à época; sequer
usava óculos. E minha esposa estava comigo. Ela
também não viu o queijo.
Como não fica bem para um casal espírita arrumar
confusão por um pedaço de queijo, decidimos
comê-lo assim mesmo. Pagamos a conta, mas nunca
mais voltamos.
Em menos de seis meses o restaurante estava
fechado.
Muitos se queixam de má sorte na vida, quando
deveriam queixar-se de sua própria inabilidade.
Despreparo, descuido, irresponsabilidade, falta
de empenho ou de seriedade são causas de muitos
insucessos na vida profissional.
Allan Kardec tratou desse assunto com muita
propriedade no livro O Evangelho segundo o
Espiritismo. Segundo ele, a maior parte dos
desgostos da
vida têm sua causa na vida presente, nas
atitudes, escolhas e no comportamento dos
envolvidos. Lembra Kardec que, se remontarmos à
fonte dos males terrenos, vamos reconhecer que
muitos são a consequência natural do caráter e
da conduta daqueles que os sofrem.
Escreveu:
Quantos homens caem por sua própria culpa!
Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu
orgulho e de sua ambição! Quantas pessoas
arruinadas por falta de ordem, de perseverança,
por mau comportamento ou por não terem limitado
os seus desejos!
E propõe que, diante das aflições da vida,
façamos uma reflexão sincera:
Que todos os que têm o coração ferido pelos
desgostos e pelas decepções da vida, interroguem
friamente a própria consciência. Que remontem
passo a passo à fonte dos males que os afligem,
e verão se, na maioria das vezes, não podem
dizer: "Se
eu tivesse ou não tivesse feito tal coisa não
estaria nesta situação".
E conclui:
O homem evitará esses males quando trabalhar
para o seu adiantamento moral e intelectual.