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por Ricardo Baesso de Oliveira

 

Pode não ser má sorte?


Tratava-se de um restaurante novo, estabelecido no centro comercial da cidade, que tinha como especialidade Galeto com catupiry. Alguns amigos indicaram, e fomos, minha esposa e eu.

Atendidos, gentilmente, fizemos o pedido, aguardando a iguaria solicitada. Quando chegou o galetinho, e partimos o primeiro pedaço, não vimos o menor sinal de queijo. O prato era frango com catupiry, portanto o queijo, obrigatoriamente, deveria ser localizado. Chamei o garçom. Ele olhou, de forma suspeitosa, para o prato e, na dúvida, levou de volta à cozinha. Retornou, em menos de um minuto, dizendo.

- O cozinheiro disse que o queijo está aí.

Voltei a olhar. Tinha bons olhos à época; sequer usava óculos. E minha esposa estava comigo. Ela também não viu o queijo.

Como não fica bem para um casal espírita arrumar confusão por um pedaço de queijo, decidimos comê-lo assim mesmo. Pagamos a conta, mas nunca mais voltamos.

Em menos de seis meses o restaurante estava fechado.

Muitos se queixam de má sorte na vida, quando deveriam queixar-se de sua própria inabilidade. Despreparo, descuido, irresponsabilidade, falta de empenho ou de seriedade são causas de muitos insucessos na vida profissional.

Allan Kardec tratou desse assunto com muita propriedade no livro O Evangelho segundo o Espiritismo. Segundo ele, a maior parte dos desgostos da vida têm sua causa na vida presente, nas atitudes, escolhas e no comportamento dos envolvidos. Lembra Kardec que, se remontarmos à fonte dos males terrenos, vamos reconhecer que muitos são a consequência natural do caráter e da conduta daqueles que os sofrem.

Escreveu:

Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição! Quantas pessoas arruinadas por falta de ordem, de perseverança, por mau comportamento ou por não terem limitado os seus desejos!

E propõe que, diante das aflições da vida, façamos uma reflexão sincera:

Que todos os que têm o coração ferido pelos desgostos e pelas decepções da vida, interroguem friamente a própria consciência. Que remontem passo a passo à fonte dos males que os afligem, e verão se, na maioria das vezes, não podem dizer: "Se eu tivesse ou não tivesse feito tal coisa não estaria nesta situação".

E conclui:

O homem evitará esses males quando trabalhar para o seu adiantamento moral e intelectual.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita