Morreu o dirigente espírita. E agora?
Um tema que não sai de meu radar, estou sempre
aventando-o, é o da sucessão das lideranças nos centros
espíritas.
Por que eu penso muito nisto?
Por várias razões. Pode-se destacar, por exemplo, sempre
as mesmas pessoas ocupando os cargos de diretoria, sem
trocas, apenas mudanças. O presidente vai para vice, o
vice à diretoria de patrimônio e este, por sua vez,
assume a presidência.
Qual a razão?
Cada centro espírita, como célula singular, trará o seu
motivo, contudo as instituições com que mantenho contato
e visito presencial ou virtualmente têm-me dado algumas
pistas a mostrar que há poucas pessoas disponíveis ou
com vontade de ocupar cargos de direção.
O mundo moderno, cheio de suas exigências, já tem sido
bem puxado para as pessoas, o que, de certo modo, as
afasta de buscar mais responsabilidade, como, por
exemplo, administrar um centro espírita.
E quais as consequências da não renovação das lideranças
espíritas?
Uma das consequências é o fechamento do centro espírita
no caso de morte das principais lideranças.
Vi muito isso acontecer.
Morre a principal liderança do centro espírita e a
instituição fecha as portas.
Tenho uma sugestão:
Espinhosa, é verdade, pois sei que o espírita não gosta
de falar em dinheiro, mas que pode, penso, ajudar as
casas espíritas. Eis a sugestão: profissionalização da
administração do centro espírita.
Profissionalização no sentido de profissional mesmo,
pagar uma ou mais pessoas para administrarem o centro
espírita e o deixarem em condições de prosseguir
funcionando com ou sem a morte das lideranças.
As lideranças espíritas, neste caso, ficariam com a
responsabilidade doutrinária, sendo a administração de
toda a parte material, inclusive captação de recursos
para a entidade, colocada nas mãos de profissionais que
entendem do ramo e que não necessitam ser espíritas para
realizar esse trabalho técnico, administrativo, jurídico
etc.
Alguns podem dizer que as casas espíritas, com recursos
minguados, não poderão arcar com salários de
administradores profissionais. Ora, mas é para isto
mesmo que esses profissionais estão sendo contratados,
ou seja, repito, fazer a coisa acontecer do ponto de
vista material, de modo que serão eles mesmos – os
administradores contratados – os próprios responsáveis
por gerar os recursos para seus pagamentos.
Entretanto, vale uma ressalva: os contratados devem ser
profissionais mesmo e não o sobrinho da filha da amiga
do presidente do centro que está desempregado e, por
“caridade”, arrumam uma “boquinha” pra ele como
administrador do centro.
Creio até que deixar a administração do centro espírita
para profissionais pagos e não voluntários descansaria
um pouco os já atarefados trabalhadores que, cansados,
não dão conta das atividades administrativas e
doutrinárias e, muitas vezes, por isso, deixam de lado o
trabalho no centro espírita.
Ademais, com essa ideia do administrador para a parte
burocrática da casa implantada, sobrará mais tempo para
os dirigentes espíritas cuidar com maior zelo da parte
doutrinária, esta, sim, a parte mais importante de todo
o processo.