Chico Xavier costumava chegar ao centro espírita meia
hora antes da abertura dos portões, marcada para as 20h.
Quando a fila começava a andar, ele já estava sentado à
cabeceira da mesa folheando o Evangelho segundo o
Espiritismo ou o Livro dos Espíritos à procura de um bom
trecho para ser lido e comentado naquela noite. Depois
de escolher os oradores entre os companheiros espíritas,
ele se refugiava num pequeno quarto destinado ao
receituário. Os comentaristas se dedicavam a discursos
quase intermináveis sobre a importância da paciência, do
perdão e da caridade, e Chico passava para o papel as
dicas do Dr. Bezerra. Muitas vezes, atendia 300 pessoas
por noite. Por volta das 21h as receitas começavam a
sair por uma abertura na porta do cômodo onde ele
trabalhava. Em noites de casa cheia, Chico ficava até
meia-noite confinado. Quando voltava para a mesa, os
espectadores só faltavam aplaudir, não só por sua
presença, mas pelo fim dos comentários evangélicos. A
presidente do centro pedia silêncio, meditação, prece.
Chico fechava os olhos, segurava o lápis e as frases se
espalhavam pelo papel [...].
Do livro As vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior.
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