Jerônimo de Araújo Silveira e
o valor da oração
Um personagem marcante está em nossas próximas linhas
dissertativas, deste artigo. Ele faz parte do livro Memórias
de um suicida, em
dois capítulos – Primeira Parte – Os Réprobos – Jerônimo
de Araújo Silveira e família, e na Segunda Parte – Os
Departamentos – Outra vez Jerônimo e família. Um
ser intempestivo, rebelde, o qual se reformou depois das
necessárias correções. Ele cometeu suicídio com uma arma
de fogo (tiro no ouvido) em desespero pela falência, em
decorrência de um endividamento junto aos credores, em
Lisboa – Portugal, no século XIX.
No Hospital Maria de Nazaré o referido espírito
reclamava, em um dos dormitórios da enfermaria, pela
falta de consideração de seus familiares. Os internos
recebiam mensagens através do instrumento constituído
por ondas eletromagnéticas, e assistiam aos Espíritos
devotados ao bem a lhes enviarem conforto e afeto, por
meio de orações. Jerônimo passou a apresentar mau humor,
a ponto de recusar um convite levado até a eles, pelo
Dr. Roberto de Canallejas, para que participassem de uma
reunião esclarecedora, com o diretor do Departamento
onde estavam instalados.
Contudo, ele requereu ao educado médico que fizesse um
pedido ao diretor: uma reunião privativa e elucidativa a
respeito de suas indagações, uma vez necessitado de
orientações sobre os familiares deixados no mundo físico
- precisamente as lembranças de que possuía em relação à
vida na capital portuguesa, onde viveu com seus entes
queridos. No gabinete do diretor-geral, Irmão Teócrito,
Jerônimo é apresentado àquele espírito trajado com
vestes indianas, fato que lhe causou confusão mental,
pois julgava estar diante de um soberano ou príncipe.
Devido às saudades que o dominavam, Jerônimo relatou-lhe
seu anseio e fez petição para visitar a família, sentia
lembranças e recordava, angustiosamente, dos filhos:
Arinda, Marieta, a caçula Margaridinha, com sete anos,
Albino e a esposa Zulmira. Irmão Teócrito ouviu
fraternalmente o paciente, demonstrou compreensão,
todavia esclareceu-lhe que não seria o momento para
rever a prole. Jerônimo, radical em seu tentame, não
aquiesceu, diante da justificativa, da entidade superior
que o recebera, ele insistiu, suplicou, diante da
opinião negativa à sua rogativa e insistiu bastante.
Finalmente, Irmão Teócrito assinalou que concordaria com
a visita de Silveira ao antigo reduto familiar. Por
conseguinte, solicitou uma escolta para acompanhá-lo,
com a ressalva de que seriam de inteira responsabilidade
do interno, as possíveis consequências que poderiam
advir. As ordens foram repassadas ao Departamento de
Vigilância e ao responsável pela Seção de Relações
Exteriores – Ramiro de Guzman, chefe de expedição do
Vale Sinistro, este encarregou-se de guiar a comitiva
com a qual Jerônimo visitaria, por decisão própria, o
antigo lar. Chegaram a Portugal.
O antigo comerciante reviu as paisagens lusitanas,
abalou-se, não encontrou ninguém na sua antiga
residência, novos moradores tinham ocupado o imóvel,
espíritos desencarnados que povoam o Plano Invisível,
ainda presos às vibrações terrenas, revelaram-lhe o
drama de seus filhos, e os destinos de cada um, após a
saída trágica de Jerônimo do mundo corpóreo: os credores
apossaram dos bens dele, o filho Albino fora preso,
Margaridinha era explorada, pela mãe, no Cais, vendendo
peixes e envolveu-se com a prostituição, as outras duas
filhas – Marieta e Arinda também viviam alguns
percalços. A família do falido comerciante experimentava
sérios problemas morais e materiais.
O antigo negociante insistiu com a Comitiva, que o
transportava, para revisitar os filhos ao deparar-se com
Albino preso e Margaridinha, explorada no meretrício
pela mãe, transtornou-se. Foi socorrido imediatamente.
Ramiro de Guzman conseguiu contornar o problema da
filha, levando-a para o lar (inspirando-a). Jerônimo foi
reconduzido até o hospital, e ficou recluso para
tratamento. Sob as orientações de Irmão Miguel de
Santarém (um sacerdote católico, na vida anterior) para
reequilibrá-lo, devido ao ato rebelde e uma
desobediência, por meio de doutrinação voltada ao ensino
cristão.
Os amigos foram visitar o companheiro isolado, depois de
certo tempo, e ele se mostrou mais acessível e mais
terno na expressão, desenvolveu a estabilidade
emocional, agradecia a dedicação de Irmão Santarém e das
benesses alcançadas, em seu espírito, alcançou bom
entendimento de sua infração diante das Lei, além das
possíveis consequências que estariam no seu destino.
Relatou-lhes sobre os remorsos por negócios escusos, por
ele praticados nos compromissos comerciais, enquanto
esteve reencarnado, e o amargor decorrente do
descompromisso ético, desta vez, esclarecido e
encorajado, com entendimento suficiente para enfrentar
os testemunhos que aconteceriam, em face da reparação
necessária.
Jerônimo relatou-lhes os efeitos da prece e como
estreitou a fé, quando passou a orar ao Espírito Maria
de Nazaré, para encontrar na Compadecida Mãe da
Humanidade, o refrigério espiritual. Destacou a Hora do
Ângelus – respeitado pela Legião dos Servos de Maria,
quando todos veneravam no momento do som das seis
badaladas, que repercutia da Terra, no referido horário,
em respeito e consideração pelos tarefeiros, daquele
ambiente do mundo espiritual. A Guardiã Maior atendeu
aos pedidos do sofrido Silveira, e foi programado um
auxílio junto aos filhos Albino e Margarida.
Quando um ateu se rende à prece é mais uma “luz” que se
acende na psicosfera da Terra!
Segundo a informação do Irmão Santarém, Jerônimo de
Araújo Silveira preparava-se para a futura reencarnação,
com a possibilidade de portar a surdez e uma lesão
visual em função do trauma causado no perispírito; ao
suicidar-se demarcou a região auricular proveniente do
tiro. Notamos o apoio concedido a esse espírito, e a sua
transformação para melhor, depois do programa de
reajustamento. Assim, Jerônimo em restabelecimento
psíquico, poderia se preparar para o recomeço no corpo,
revigorado através da força interior – comum a todos os
seres inteligentes – praticou a autorreconciliação –
Silveira reaproximou-se
de Deus - um fator essencial para um futuro promissor.
Roni Ricardo Osorio Maia reside em Volta
Redonda (RJ)