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por Roni Ricardo Osorio Maia

 

Jerônimo de Araújo Silveira[1]  e o valor da oração


Um personagem marcante está em nossas próximas linhas dissertativas, deste artigo. Ele faz parte do livro Memórias de um suicida[2], em dois capítulos – Primeira Parte – Os Réprobos – Jerônimo de Araújo Silveira e família, e na Segunda Parte – Os Departamentos – Outra vez Jerônimo e família. Um ser intempestivo, rebelde, o qual se reformou depois das necessárias correções. Ele cometeu suicídio com uma arma de fogo (tiro no ouvido) em desespero pela falência, em decorrência de um endividamento junto aos credores, em Lisboa – Portugal, no século XIX.

No Hospital Maria de Nazaré o referido espírito reclamava, em um dos dormitórios da enfermaria, pela falta de consideração de seus familiares. Os internos recebiam mensagens através do instrumento constituído por ondas eletromagnéticas, e assistiam aos Espíritos devotados ao bem a lhes enviarem conforto e afeto, por meio de orações. Jerônimo passou a apresentar mau humor, a ponto de recusar um convite levado até a eles, pelo Dr. Roberto de Canallejas, para que participassem de uma reunião esclarecedora, com o diretor do Departamento onde estavam instalados.

Contudo, ele requereu ao educado médico que fizesse um pedido ao diretor: uma reunião privativa e elucidativa a respeito de suas indagações, uma vez necessitado de orientações sobre os familiares deixados no mundo físico - precisamente as lembranças de que possuía em relação à vida na capital portuguesa, onde viveu com seus entes queridos. No gabinete do diretor-geral, Irmão Teócrito, Jerônimo é apresentado àquele espírito trajado com vestes indianas, fato que lhe causou confusão mental, pois julgava estar diante de um soberano ou príncipe.

Devido às saudades que o dominavam, Jerônimo relatou-lhe seu anseio e fez petição para visitar a família, sentia lembranças e recordava, angustiosamente, dos filhos: Arinda, Marieta, a caçula Margaridinha, com sete anos, Albino e a esposa Zulmira. Irmão Teócrito ouviu fraternalmente o paciente, demonstrou compreensão, todavia esclareceu-lhe que não seria o momento para rever a prole. Jerônimo, radical em seu tentame, não aquiesceu, diante da justificativa, da entidade superior que o recebera, ele insistiu, suplicou, diante da opinião negativa à sua rogativa e insistiu bastante.

Finalmente, Irmão Teócrito assinalou que concordaria com a visita de Silveira ao antigo reduto familiar. Por conseguinte, solicitou uma escolta para acompanhá-lo, com a ressalva de que seriam de inteira responsabilidade do interno, as possíveis consequências que poderiam advir. As ordens foram repassadas ao Departamento de Vigilância e ao responsável pela Seção de Relações Exteriores – Ramiro de Guzman, chefe de expedição do Vale Sinistro, este encarregou-se de guiar a comitiva com a qual Jerônimo visitaria, por decisão própria, o antigo lar. Chegaram a Portugal.

O antigo comerciante reviu as paisagens lusitanas, abalou-se, não encontrou ninguém na sua antiga residência, novos moradores tinham ocupado o imóvel, espíritos desencarnados que povoam o Plano Invisível, ainda presos às vibrações terrenas, revelaram-lhe o drama de seus filhos, e os destinos de cada um, após a saída trágica de Jerônimo do mundo corpóreo: os credores apossaram dos bens dele, o filho Albino fora preso, Margaridinha era explorada, pela mãe, no Cais, vendendo peixes e envolveu-se com a prostituição, as outras duas filhas – Marieta e Arinda também viviam alguns percalços. A família do falido comerciante experimentava sérios problemas morais e materiais.

 O antigo negociante insistiu com a Comitiva, que o transportava, para revisitar os filhos ao deparar-se com Albino preso e Margaridinha, explorada no meretrício pela mãe, transtornou-se. Foi socorrido imediatamente. Ramiro de Guzman conseguiu contornar o problema da filha, levando-a para o lar (inspirando-a). Jerônimo foi reconduzido até o hospital, e ficou recluso para tratamento. Sob as orientações de Irmão Miguel de Santarém (um sacerdote católico, na vida anterior) para reequilibrá-lo, devido ao ato rebelde e uma desobediência, por meio de doutrinação voltada ao ensino cristão.

Os amigos foram visitar o companheiro isolado, depois de certo tempo, e ele se mostrou mais acessível e mais terno na expressão, desenvolveu a estabilidade emocional, agradecia a dedicação de Irmão Santarém e das benesses alcançadas, em seu espírito, alcançou bom entendimento de sua infração diante das Lei, além das possíveis consequências que estariam no seu destino. Relatou-lhes sobre os remorsos por negócios escusos, por ele praticados nos compromissos comerciais, enquanto esteve reencarnado, e o amargor decorrente do descompromisso ético, desta vez, esclarecido e encorajado, com entendimento suficiente para enfrentar os testemunhos que aconteceriam, em face da reparação necessária.

Jerônimo relatou-lhes os efeitos da prece e como estreitou a fé, quando passou a orar ao Espírito Maria de Nazaré, para encontrar na Compadecida Mãe da Humanidade, o refrigério espiritual. Destacou a Hora do Ângelus – respeitado pela Legião dos Servos de Maria, quando todos veneravam no momento do som das seis badaladas, que repercutia da Terra, no referido horário, em respeito e consideração pelos tarefeiros, daquele ambiente do mundo espiritual. A Guardiã Maior atendeu aos pedidos do sofrido Silveira, e foi programado um auxílio junto aos filhos Albino e Margarida.

Quando um ateu se rende à prece é mais uma “luz” que se acende na psicosfera da Terra!

Segundo a informação do Irmão Santarém, Jerônimo de Araújo Silveira preparava-se para a futura reencarnação, com a possibilidade de portar a surdez e uma lesão visual em função do trauma causado no perispírito; ao suicidar-se demarcou a região auricular proveniente do tiro. Notamos o apoio concedido a esse espírito, e a sua transformação para melhor, depois do programa de reajustamento. Assim, Jerônimo em restabelecimento psíquico, poderia se preparar para o recomeço no corpo, revigorado através da força interior – comum a todos os seres inteligentes – praticou a autorreconciliação – Silveira reaproximou-se de Deus - um fator essencial para um futuro promissor.

 


[1] Texto extraído de nossa obra Vida futura (atualmente versão ebook, distribuído pela Editora Lluminar) com renda para Lar Espírita Irmã Zilá, creche situada em Volta Redonda - RJ.

[2] Memórias um suicida - ditado pelo espírito Camilo Cândido Botelho (Camilo Castelo Branco) à  médium Yvonne do Amaral Pereira e revisado por Léon Denis (FEB).

 

Roni Ricardo Osorio Maia reside em Volta Redonda (RJ)


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita