O espírita entra em polêmica?
Nestes tempos de redes sociais a polêmica ganhou um
forte espaço, o que é natural, pois opiniões divergentes
quando se encontram pegam, de fato, o rumo da polêmica.
Mas nem toda polêmica é ruim. Há boas polêmicas e que
trazem ao debate mais elementos e enriquecem a
discussão.
O grande ponto, penso, das polêmicas atuais é a busca
incessante por "like" e holofote, que desemboca numa
lacração interminável. Lacração, quase sempre, tem a ver
com orgulho.
Como um admirador de Kardec, chamado codificador da
Doutrina Espírita, fico, naturalmente, a observar em
seus textos a forma com que agia quando o assunto era
polêmico, por exemplo.
E Kardec deixa várias dicas para as gerações atuais. Foi
num artigo da Revista Espírita, ano de 1858, com
o título de "Polêmica espírita" que ele esclareceu o
tipo de polêmica em que vale a pena entrar.
A polêmica útil, segundo Kardec, é a estabelecida de
forma séria com o objetivo real de instrução.
Se quero aprender, não há razão por que não abandonar
uma ideia que é mostrada, por argumentos, ser
equivocada.
Quem quer instruir-se e avançar abandona de uma forma
muito serena a ideia antiga para abraçar outra mais
próxima à verdade.
Um outro aspecto que transforma a polêmica em algo
aparentemente ruim é o conceito superficial da palavra
caridade. Muita gente não entra em polêmica,
principalmente no meio espírita, porque acha que é
faltar com a caridade.
Pensam que espíritas não debatem ou discordam, mais:
imaginam ser "pecado" entrar em polêmica e rotulam como
encrenqueiro aquele que se atreve a questionar.
Poucos dizem e um número maior pensa: "Este vai para o
umbral!".
Aliás, este pensamento de não entrar em polêmica é tão
nocivo quanto o das polêmicas lacradoras.
Em suma, creio, o desafio está posto para todos:
desenvolver o discernimento para fazer boas resoluções,
poupando tempo e energia ao aprender em qual polêmica se
deve entrar a fim de instruir-se melhor.