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por João Márcio F. Cruz

 

Toda pessoa de bom coração já sofreu com a ingratidão


Quem já sofreu com a ingratidão?

Geralmente são as pessoas benevolentes. Aquelas que se dedicam e sacrificam-se pelo próximo. Elas têm um gesto de bondade e caridade e tempo depois são surpreendidas pelo “retorno” da indiferença e da falta de consideração.

Durante palestras quando eu peço à plateia: - quem já sofreu ingratidão levante a mão - quase todos erguem seu braço. Parece uma “pandemia” de ingratidão neste planeta.

A Terra é um orbe de provas e expiações e o egoísmo viceja em cada esquina, cada lar, cada instituição. A ingratidão, como filha legítima do egoísmo, também existe em cada recanto deste lindo planeta azul de tanto dissabor.

Em O Livro dos Espíritos é esclarecida, com muita sabedoria, essa questão:

937. Para o homem de coração, as decepções oriundas da ingratidão e da fragilidade dos laços da amizade não são também uma fonte de amarguras?

“São; porém, deveis lastimar os ingratos e os amigos infiéis: serão muito mais infelizes do que vós. A ingratidão é filha do egoísmo e o egoísta topará mais tarde com corações insensíveis, como o seu próprio o foi. Lembrai-vos de todos os que fizeram mais bem do que vós, que valeram muito mais do que vós e que tiveram por paga a ingratidão. Lembrai-vos de que o próprio Jesus foi, quando no mundo, injuriado e menosprezado, tratado de velhaco e impostor, e não vos admireis de que o mesmo vos suceda. Seja o bem que houverdes feito a vossa recompensa na Terra e não atenteis no que dizem os que receberam os vossos benefícios. A ingratidão é uma prova para a vossa perseverança na prática do bem; ser-vos-á levada em conta, e os que vos forem ingratos serão tanto mais punidos quanto maior lhes tenha sido a ingratidão.”

Se o planeta Terra estivesse na categoria de mundo “feliz ou celestial”, não existiria ingratidão. Depois que você tivesse um gesto de solidariedade e caridade para com o próximo, ele receberia seu ato como uma demonstração de carinho, amor e consideração e ficaria feliz.

Não é o que ocorre em mundos de provações e expiações!!!

Aqui, neste orbe, onde vivem almas neuróticas, prenhes de conflitos na personalidade, traços de sadomasoquismo, culpas inconfessas, comportamentos autodestrutivos, sentimento de vingança, o amor não é amado.

Quem ama é tratado como tolo, bobão e imaturo.

Almas inferiores não compreendem gestos nobres e edificantes de espíritos fraternos.

Imagine que você descobriu, na sua casa espírita, que existe um trabalhador passando fome. Embora voluntário no centro, ele passa por necessidades. Então, por pura e exclusiva generosidade você resolve presenteá-lo com um salário mínimo, durante seis meses, até ele conseguir emprego. Feito isso, ele encontra um emprego e o benefício cessa.

Se fosse uma alma saudável, ele ficaria muito agradecido pelo seu gesto:

- No momento que eu mais precisei, alguém se importou comigo. Solidarizou-se com minha situação e me estendeu a mão. A providência divina usou essa pessoa para me ajudar a carregar essa cruz

Porém, sendo ele um espírito ainda renitente no mal, refém de suas próprias imperfeições e transtornos, ele fará outra interpretação:

- Ele queria me humilhar. Usou da minha pobreza pra sentir-se especial, importante. Ele acredita que é superior só por ter mais dinheiro. A caridade dele é só fachada porque sua verdadeira intenção era mostrar-me como preciso dele e sou necessitado. Um dia, quando melhorar de vida, ele vai ver....

Isso mesmo que você leu.

TODOS QUE VOCÊ AJUDOU NA VIDA, UM DIA IRÃO SE VINGAR.

Um ditado oriental diz assim: - por que desejas me fazer o mal se eu nunca te ajudei em nada?

Em vez de sentir-se amado pelo gesto de solidariedade, a pessoa sente-se magoada, humilhada, inferiorizada...

Mesmo que seu gesto tenha sido por pura compaixão, as crenças e sentimentos conflituosas da necessidade interpretam “negativamente” seu ato bondoso.

Porém, os espíritos superiores alertam. Isso não é motivo para endurecer seu coração, ficar frio e deixar de ajudar. Apenas não seja ingênuo e saiba que num planeta como a Terra o bem sempre é pago com o mal e qualquer recompensa virá do Alto porque cá embaixo, dada a nossa inferioridade, reinam a inveja, egoísmo e a ingratidão.

Faça o bem e afaste-se.

Para não dar tempo de o ajudado se vingar.

Caso o ajudado seja um parente, alguém de sua intimidade de que seja impossível manter distância, então não crie expectativas em relação a essa pessoa. Prepare-se. As mais duras ingratidões ocorrem dentro da “sagrada” família e quase sempre os que tentam te destruir, te prejudicar, são justamente aqueles que você tanto ajudou no passado.

Um dia, a ingratidão só estará presente nos livros de história, mas por enquanto ela ronda nossos relacionamentos e não podemos ser ingênuos.

Faça o bem e nada espere de ninguém!

 

João Márcio F. Cruz, psicanalista e palestrante espírita, reside em Canindé-CE.


 
 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita