Artigos

por Wellington Balbo

 

Argumento Ad espírito


Um amigo, há alguns anos, comentou comigo:

“Já há bastante tempo, quando comecei a publicar meus textos na imprensa, um editor indagou a um amigo sobre meu cargo no movimento espírita. Dirigente de onde, presidente de qual casa, orador de qual instituição?

Ao saber que eu não era dirigente de nada, apenas um pensador espírita, outsider, ou seja, não tinha vínculos com qualquer instituição, informou que não poderia publicar um de meus textos porque não sabia nem o que colocar em minha apresentação, haja vista que, descamisado institucional, eu, portanto, nada era.

A qualidade do texto não importava, mas, sim, a minha figura.”

O relato do amigo leva-nos para algumas reflexões. O argumento do editor que avaliou seu texto é o que hoje está consagrado como Ad hominem. Ou seja, uma avaliação da pessoa e não do que foi produzido por ela.

Nos dias atuais é muito comum esse tal de Ad hominem. Se não gosto do sujeito, logo, o que ele escreve nem é preciso ler, pois sei que boa coisa não é.

Com isso perde-se ótima oportunidade de aprender, pois, se ainda não sabemos, é útil que saibamos: há boas coisas sendo produzidas por pessoas que não apreciamos.

É, amigo... é a vida a insistir que não somos a única fonte de sabedoria da Terra.

Se jogarmos esta questão para o seio espírita poderemos lançar a expressão: Ad espírito.

Ou seja, uma avaliação levando em consideração quem é o Espírito e não a sua produção ou aquele livro ou texto específico.

E esse pêndulo vai para os dois lados: tem gente que não lê nada de tal espírito e tem gente que lê tudo e acredita em tudo, mas o conteúdo, que realmente importa, ocupa papel secundário no processo.

É importante também na esfera espírita não se deixar levar pelo argumento Ad espírito.

Melhor, antes de qualquer ideia prévia, ler o texto e verificar sua qualidade, pois pode ser que nesta ideia de Ad hominem ou Ad espírito estejamos deixando uma boa leitura de lado.

E sabe o bom brasileiro que não se dispensa uma boa leitura e uma xícara de café, “entonces”...


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita