Argumento Ad espírito
Um amigo, há alguns anos, comentou comigo:
“Já há bastante tempo, quando comecei a publicar meus
textos na imprensa, um editor indagou a um amigo sobre
meu cargo no movimento espírita. Dirigente de onde,
presidente de qual casa, orador de qual instituição?
Ao saber que eu não era dirigente de nada, apenas um
pensador espírita, outsider, ou seja, não tinha vínculos
com qualquer instituição, informou que não poderia
publicar um de meus textos porque não sabia nem o que
colocar em minha apresentação, haja vista que,
descamisado institucional, eu, portanto, nada era.
A qualidade do texto não importava, mas, sim, a minha
figura.”
O relato do amigo leva-nos para algumas reflexões. O
argumento do editor que avaliou seu texto é o que hoje
está consagrado como Ad hominem. Ou seja, uma avaliação
da pessoa e não do que foi produzido por ela.
Nos dias atuais é muito comum esse tal de Ad hominem. Se
não gosto do sujeito, logo, o que ele escreve nem é
preciso ler, pois sei que boa coisa não é.
Com isso perde-se ótima oportunidade de aprender, pois,
se ainda não sabemos, é útil que saibamos: há boas
coisas sendo produzidas por pessoas que não apreciamos.
É, amigo... é a vida a insistir que não somos a única
fonte de sabedoria da Terra.
Se jogarmos esta questão para o seio espírita poderemos
lançar a expressão: Ad espírito.
Ou seja, uma avaliação levando em consideração quem é o
Espírito e não a sua produção ou aquele livro ou texto
específico.
E esse pêndulo vai para os dois lados: tem gente que não
lê nada de tal espírito e tem gente que lê tudo e
acredita em tudo, mas o conteúdo, que realmente importa,
ocupa papel secundário no processo.
É importante também na esfera espírita não se deixar
levar pelo argumento Ad espírito.
Melhor, antes de qualquer ideia prévia, ler o texto e
verificar sua qualidade, pois pode ser que nesta ideia
de Ad hominem ou Ad espírito estejamos deixando uma boa
leitura de lado.
E sabe o bom brasileiro que não se dispensa uma boa
leitura e uma xícara de café, “entonces”...